E a sombra do dia envolverá o mundo em cinza

O ano era 2011 e estava de noite; não consigo lembrar o mês, nem o dia, posso chutar que era junho ou maio, talvez abril. Eu estava numa "sweet sixteen" em Baltimore; a Kat tinha uma prima e esta disse que ela poderia chamar qualquer pessoa que quisesse e que eu não poderia faltar.

Eu vestia branco da cabeça aos pés e sempre com meus cabelos compridos; Kat estava com sua prima e as amigas, todas se arrumando para a festa. Eram 8 horas da noite e os convidados estavam chegando, eu sentei em meu lugar e vi o movimento se expandir aos poucos; confesso que não punha fé naquela noite, até que deu nove horas e a festa começou. Parou na minha frente uma mulher de 27 anos, 1,70m de altura, que tinha consigo um vestido branco até os joelhos, cabelos ruivos e encaracolados e uma maquiagem discreta (nem falei do brilho labial). Era a Kat. Tudo isso ao som de "Shadow of the Day", do Linkin Park. Kat fixou os olhos em mim e disse: "Eu passei o dia inteiro me preparando pra ficar bonita pra você". Eu respondi: "Você não está bonita. Você está linda". Ela sorriu e me beijou. Enquanto isso acontecia, a música tocava dessa maneira:

"I close both locks below the window;

I close both blinds and turn away;

Sometimes solutions aren't so simple;

Sometimes goodbye is the only way, oh, oh;

And the sun will set for you;

The sun will set for you;

And the shadow of the day will embrace the world in gray;

And the sun will set for you (...)"

Ela me olhava e eu a ela. Pude sentir com os ouvidos, o som, e com a boca os seus lábios. Eu a abraçava nas músicas leves e nas pesadas. Que beleza foi, quando ela desatou os cabelos e tirou os sapatos. Quando aquela mulher iria parar de me surpreender? Até hoje, eu não sei, mas eu só tinha uma certeza: braços iguais aos dela, só eu teria.

Yuri Borges
Enviado por Yuri Borges em 20/12/2019
Código do texto: T6822930
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