Rosas Também Morrem

Baseado em fatos. Sério.

O pequeno, mal sabia falar, pediu para fazer um corte de cabelo parecido com o de um jogador de futebol. Quando o visual foi mudado, seus pais acharam dois caroços na parte de trás da cabeça. Após exames de sangue, foi descoberta "A Doença". Ela vai matá-lo no fim desse conto.

Anos se passaram, o menino e seus pais tentaram aproveitar a vida ao máximo. Até a Doença se agravar. Queixou-se de uma dor de cabeça, foram feitos exames e os médicos lhe deram poucas semanas de vida. Seus pais se esforçaram ainda mais para torná-las felizes. E quando o garoto falou sobre sua primeira paixão, uma menina da escola, tiveram uma ideia.

Organizaram uma festa, a pequena Rose apareceu. Com menos de dez anos, o garoto tomou coragem e decidiu pedi-la em casamento. Aceitou. Os pais de ambos abençoaram, sem saber dos motivos secretos deles. O casamento teve direito a troca de alianças, bolo, jantar e "certimento de casidão". E o pequeno casal era só sorrisos.

Rose morreu no dia seguinte. Leucemia. O viúvo não chorou. A morte era presente demais em sua vida para fazê-lo chorar. Os dois sabiam da doença um do outro, isso não os impedia de viver. Ao contrário, era difícil ver crianças tão felizes.

Todos os dias ele levava uma rosa branca ao túmulo dela. E, por um milagre, as semanas se passaram e sua saúde parecia ótima. Nada de luto, raiva, negação, culpa, depressão, dor, tristeza; parecia ter aceitado a morte de Rose tão bem quanto aceitou a própria. Ninguém o viu triste, nenhuma vez, durante noventa e nove rosas brancas.