Lucy in the Sky,

Lucy in the Sky, como sua a mãe a chamava por sua paixão pelo Beatles, dava gargalhadas sonoras que se espalhava pelas pessoas ao redor dela, mas era inconsequente com a sua vida.Dizia aos berros que lhe era característico, falava alto pelos anos de sala de aula com crianças, “ eu penso, logo não existo, compro logo não tenho dinheiro, enrolo a vida logo amo alguém pela metade.Saía cedo do seu barraco, lá no meio da favela,o único lugar que o seu miserável salário de professora podia pagar, pegava dois ônibus e ainda caminhava duas quadras para chegar à escola. A mãe vivia dizendo para ela mudar de colégio, ir para um lugar mais perto, porém era impossível, havia uns olhos verdes e um corpo que a aliciava naquele lugar. Sim, Lucy não conseguia imaginar a vida sem ele, se mudasse de escola nunca mais o veria. As suas únicas alegrias eram os seus alunos que a divertiam, recebiam-na com balas gastas, flores retiradas das encostas dos seus morros e beijos melados. Léo possuía a vaguidão e ambiguidade do mar, dele ela só recebia sexo e indecisão, não existia mais nada da parte dele. Lucy pegava os estragos que ele lhe dava, tentava e tentava não pedir mais nada. Só queria Léo no seu barraco para dividir umas cevas todas as noites, ele, por outro lado somente dizia: “ Morena, sou deteriorado pela vida, não moro mais com ninguém, não quero mais filhos, nada tenho para te dar.” Ela aceitava calada à espera de uma mudança que nunca acontecia, esperava e enrolava os restos de juventude naquela vida pela metade.

04/03/2-020

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 04/03/2020
Reeditado em 10/06/2020
Código do texto: T6880139
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