Uma História sem fim parte 3

Foi muito difícil voltar a escrever essa história, me faltava inspiração e eu não conseguia recordar de algumas coisas, mesmo com ajuda do meu diário.

Ela foi viajar final de janeiro, íamos ficar um mês sem se ver e depois viajaria novamente. Eu pensei: " 30 dias sem conversar pessoalmente, sem ver seu sorriso ao vivo. Ao mesmo tempo estava feliz por ela está viajando e conhecendo novo lugares. " Quando postava fotos dos lugares, que maravilha de fotos. Várias paisagens naturais, lugares bonitos, eu comentava, mas tinha que ser comentários diferenciados. A cada foto, de minha cabeça surgia várias idéias.

Estava muito tranquilo, tinha muitas opções de livros pra ler, muitos filmes pra ver e tinha meu xadrez pra jogar, minhas corridas ao ar livre. Havia muitas coisas pra fazer, eu tava muito sereno. Lhe disse se poderíamos sair novamente se quisesse quando voltasse de viagem. A resposta foi positiva e fiquei no aguardo. No mais, conversamos pouco por mensagens e foi assim até o final de sua viagem.

Indo mais pra frente da história, final de fevereiro chegou e eu estava animado, já que os 30 dias sem vê-la, iriam chegar ao fim. Eu já estava ciente que ela iria viajar para um Congresso em São Paulo num período curto e as notícias sobre o coronavírus já estavam em alta. Nesse período de 3 dias entre uma viagem e outra, nos encontramos 2 vezes brevemente. Uma foi ponto de ônibus no qual ela estava preocupada resolvendo um problema ao telefone, então não puxei assunto. Pensei em ficar com ela lá no ponto de ônibus lhe fazendo companhia até seu ônibus chegar, porém assim que chegou o meu coletivo, me despedir e seguir meu caminho para casa. Mandei uma mensagem lhe desejando sorte na resolução do seu problema. Fui respondido no dia seguinte pela manhã, com a informação que estava no centro imprimindo banner para apresentar no Congresso. O local é perto de onde eu moro, então perguntei se poderia vê-la, recebi um sim, então fui ao seu encontro. Quando cheguei, recebi a notícia que iria viajar naquele mesmo dia no fim da tarde, um dia antes do previsto. Fiquei meio surpreso. Alguns minutos depois seu banner estava pronto e antes de ir embora, me perguntou o que eu iria fazer pela tarde. Eu disse que ia correr ao ar livre. Eu podia ter dito: - Quer ajuda pra arrumar sua mala? Não pensei nessa possibilidade. Me despedi e desejei-lhe uma boa viagem.

Era o último final de semana antes do retorno das aulas no começo de março. Tava animado, porém depois de 3 meses de férias, dezembro, janeiro e fevereiro. Eu tava meio indisposto. Eu decidir que já que ela estava num Congresso, não ficaria lhe mandando mensagem, já que estaria ocupada. E eu fiz isso, fiquei vários dias sem mandar mensagem. Não sei se deveria ter feito isso, mas tava feito. Depois de alguns dias, recebi mensagem dela perguntando porque eu não estava falando com ela, eu disse o que eu estava pensando: não queria incomodá-la, porque ela tava ocupada. Alguns instantes depois: me peguei pensando, “ custava eu ter mandado mensagem perguntando como ela tava, como estava indo seu congresso, coisas do tipo”. Mas não, eu simplesmente não mandei nada.

Um dia depois seu congresso acabou e ela já estava de volta eu lhe mandei mensagem, comentei em sua nova foto no instagram. Pouco tempo depois, eu apaguei a mensagem, o comentário na foto. Recebi mensagem dela relatando esses fatos, aí eu falei: “ insegurança: não sei de onde surgiu essa paranóia, pensei está exagerando na quantidade de mensagens enviadas ” , escrevi que tinha receio de demonstrar demais e me tornar repetitivo e que cansasse de mim.

- Eu não me canso foi o que recebi. Situação resolvida né? Naquele momento pra mim não estava. Mandei um áudio desnecessário, como se eu tivesse cobrando atenção. Porque eu fiz isso? Não sei explicar. No dia seguinte, era uma segunda-feira e a segunda semana de março estava começando, lhe mandei uma mensagem lhe fazendo uma proposta pra ver o jogo do Flamengo. Ela disse que estava de quarentena que não poderia ver o jogo comigo por está tossindo. Perguntei o que tinha: me disse que era devido ao Coronavírus, que tinha que evitar contato. Perguntei se poderia ligar e acabei lhe mandando um áudio pedindo desculpas pelas minhas ações ultimamente e que estava com saudades, recebi belas palavras por parte dela:

- também sinto sua falta, sou um pouco ocupada e espero que entenda isso. Fiquei muito feliz com essa mensagem e tudo ficou muito bem.

Na terça-feira mandei mensagem pela tarde perguntando se estava em aula, ela disse que sim, eu também tava aula e acabei saindo mais cedo, quando cheguei em casa, vi que ela havia me mandando mensagem no final do horário perguntando se tava em aula ainda. Pelo horário vi que eu tava no ônibus no momento. “ Eu podia ter esperado, era uma oportunidade para conversarmos. Mas não tinha como eu prever isso, porém não impediu que eu ficasse meio chateado comigo mesmo”.

Na quarta-feira pela manhã recebi a mensagem de um grupo, tomei um susto. Era o grupo do torneio de xadrez blitz que seria na sexta no clube de xadrez da cidade e outro no domingo no shopping, me dei conta que eu não tinha treinado o suficiente, eu tive tempo pra praticar, mas eu não dei a importância devida. Fiquei com isso na cabeça o dia todo, eu fiquei jogando durante as aulas, marquei com um amigo para jogar xadrez no dia seguinte na faculdade, só tive tempo de mandar mensagem perguntando como ela estava. Me respondeu dizendo que tava um pouco mal e estava tomando remédios. Fui ver o jogo do Flamengo e logo em seguida fui dormir.

Acordei no susto na quinta-feira, estava atrasado, tinha marcado com meu parceiro para treinar xadrez, cheguei com um certo atraso, mas nada que prejudicasse tanto assim, treinamos até a hora do almoço, e saímos pra almoçar no refeitório. Depois do almoço, fui conversar com uns amigos, e a vi de longe sentado com alguns colegas, assim que percebi, fui até ela, conversamos, tinha algumas pessoas em volta, eu queria conversar só eu e ela, parecia preocupada, disse que tava cansada. Minha aula já estava preste a começar. Falei que eu sentia saudade das nossas conversas de antigamente. Falei que ia disputar torneio de xadrez na sexta e depois no domingo, convidei ela pra sair depois do torneio no domingo. Não respondeu se aceitava o convite ou não. Pensei em não ir pra aula e ficar ali conversando. Mas devido a sua condição física e ela ter falado que estava indo para o laboratório, me despedi logo que vi o professor e fui pra aula no qual não entendi nenhuma palavra sequer.

Na sexta-feira, acordei motivado, treinei tática, movimentos diferente das peças, cheguei no torneio que foi a noite, resultado? Bom, porém meio decepcionante. Fiquei meio triste, mas vai servir como experiência para futuro torneios. Conversamos por mensagem de texto, perguntei novamente se queria sair depois do torneio no domingo, me respondeu que não poderia ir por causa da aglomeração de pessoas. Logo em seguida não tive dificuldades para dormir devido ao cansaço.

No sábado, acordei tarde, no meio das tarefas cotidianas, meu amigo que mora comigo disse que ia reunir um grupos de amigos pra conversar, distrair e beber no apartamento. Eu disse que por mim tudo bem, mesmo eu tendo o outro torneio de xadrez no dia seguinte. Então tive a ideia de chamá-la mesmo sabendo que ela estava de quarentena. Meu convite foi recusado. E no decorrer da noite chegaram as poucas pessoas e começaram a conversar se divertir e beber. Não tenho costume de beber, até hoje acho o gosto da cerveja amargo então fui experimentar corote com uma cor azul, minha consciência dizendo: você tem torneio amanhã, vai descansar. Não dei ouvidos, achei o gosto bom, quando vi já estava meio tonto, nem bebi tanto assim, tomei um ENGOV e tomei bastante água, entrei para o meu quarto e com o celular na mão mandei áudios pra ela. Alguns ela respondeu com kkkk e outro ela não entendeu o que eu falei, mas desconfio que tenha entendido. Só sei que adormeci acho que era umas 2:00 quando já e acordei quase 12:00 no domingo, o torneio era 14:00, quando vi o horário me arrumei nas pressas, comi alguma coisa, peguei um Uber e fui para o torneio. Eu estava bem, o ENGOV fez efeito aliado a bastante água que eu tinha tomado e as horas de sono. Joguei relativamente bem a fase de grupos, mas não foi o suficiente para passar da fase de grupos. Quase chorei lá na frente de várias pessoas. 2 torneios num período de 3 dias, 2 resultados abaixo do que eu esperava fui logo embora, não tive vontade de acompanhar o restante do torneio, os poucos que me perguntaram do torneio, apenas disse que foi uma boa experiência. Já prestes a dormir, em frente ao espelho do banheiro comecei a chorar. Prometi que não colocaria mais tantas expectativas nas coisas que eu faria a partir dali.

Segunda-feira acordei disposto, uma nova semana começava e as notícias do Coronavírus aumentavam cada vez mais e o número de casos subia. Depois de almoçar no refeitório, teria aula vaga, então fiquei na Biblioteca no aguardo da aula começar. Dando o horário, fui pra aula, subir as escadas e no corredor de acesso pra minha sala, vi ela. Estava radiante com um belo sorriso no rosto, parecia uma obra de arte que eu não me importaria de ficar olhando durante horas. Imediatamente fui ao seu encontro. E novamente perguntei, podemos conversar? Não foi possível já que ela estava indo pra sala. Nos despedimos e fui pra minha aula também. Na aula, não prestei muita atenção, falavam sobre estrutura do vírus e as perguntas sobre o coronavírus foram inevitáveis, assim como questionamentos sobre o porquê da universidade não ter suspensos as aulas ainda. No fim da tarde, fui incomodá-la de novo perguntando novamente se podíamos conversar, dessa vez esperei um pouco. Me respondeu dizendo que tinha saído mais cedo e que já estava em casa. Fui pra casa, e quando cheguei recebi a notícia que as aulas tinham sido suspensas por tempo indeterminado devido ao coronavírus. Insistir dizendo que queria muito conversar com ela pessoalmente.

- Pode falar disse ela.

- Melhor que seja pessoalmente, prefiro te olhar nos olhos e falar o que estou sentindo.

Um tempo depois..

- Conversamos depois

- Então vamos marcar algo. Ignorando totalmente a quarentena, não fiz por mal, não estava sendo racional no momento.

- Como está sua quarentena? Mudando de assunto

- Indo bem e a sua?

- Precisei sair porque foi necessário.

- È que realmente preciso te dizer algo. Tentando retornar ao assunto

- O q?

- Sobre a gente. Eu podia ter esperado pra falar pessoalmente, mas não sabia quando o isolamento social ia acabar.

- Tá tudo bem, somos amigos

Essa frase me pegou desprevenido, fiquei abalado, uma tristeza tomou conta de mim. Mas continuei a digitar. Conversamos mais um pouco e a conversa terminou quando falei algo parecido com isso:

- Pensei que estávamos construindo algo maior do que uma amizade.

Silêncio.

Depois de alguns dias de silêncio, decidir usar o twitter e escrever pensamentos que estavam em minha cabeça. Entrei nesse site e decidir começar a escrever sobre isso.

Me sentir melhor depois que escrevi esses fatos.

No meio disso tudo, estava eu indo para minha casa, um imprevisto me impediu de ir para casa antes. Foi quando o decreto municipal me impediu de ir para minha cidade natal, nenhum ônibus intermunicipal ou interestadual saía ou entrava na rodoviária da cidade. Me restou ir para casa de um amigo na zona rural da cidade. Sem previsão de poder ir para minha cidade novamente ficar com minha família.

Depois de mais alguns dias, já não esperava nenhuma resposta, porque o silêncio já respondia muito bem o que eu que queria saber. Foi quando recebi uma mensagem dela, uma imagem me desejando algo bom. Fiquei muito feliz aí decidir puxar assunto, só que eu não tinha assunto então falei a primeira coisa que veio em minha cabeça:

- O que tem feito na quarentena?

- Escrevendo meu tcc, assistindo coisas e vc?

- Escrevendo coisas no twitter, você conhece o site Recanto das Letras? Foi a primeira coisa que me veio na cabeça.

Ela viu o twitter, gostou das coisas que estavam escritas, aí ela viu o site de alguma forma. Mas também não seria difícil , botei todas as minhas informações pessoais no perfil, então não seria muito difícil achar. De qualquer forma, ela sentiu curiosidade de ler algo que eu tinha escrevido, procurando por conta própria. E lendo a primeira versão da parte 1, não curtiu muito. Me questionou o porquê daquele parte no texto, lhe disse a verdade. Foi um parte que inventei pra dá mais emoção na história, no lugar dela eu também não ia curtir muito. Era muito destoante essa pequena parte, entretanto parecia muito verdadeiro da forma que me expressei. Insistir que isso só acontecia na história, me pareceu que relutava a acreditar, até hoje não deve acreditar. Apaguei o texto no site por consideração, achei que vacilei mesmo.

Depois falei:

Tenho muitas coisas a dizer prometo que não a pertubo mais depois disso.

Você não perturba.

Então mandei um texto grande, falando muitas coisas e fiquei esperando alguma resposta, vácuo novamente. Nesse meio tempo acabei percebendo que passei uma idéia errada. Era como se eu tivesse colocando um ponto final. Não era isso que eu queria dizer. Mas talvez não, sou responsável pelo que digo, não pelo que os outros vão entender e vice-versa. Não valia a pena ficar pensando nas coisas que deixei de dizer ou que não eram pra ser ditas. Não fazia a menor idéia do que ela tinha entendido ou que achou e tentei não pensar nisso e fui resolver minhas outras pendências.

Passou-se alguns dias e fui pego pensando, porque eu apaguei a história toda no site por causa de uma pequena parte? Decidir republicar só que com fatos verídicos. Mas você leitor, pode achar que essa história é tudo uma invenção minha. Mas o que isso importa agora?

Depois de um silêncio de vários dias e novamente não esperar mais nenhuma resposta recebi um olá e uma mensagem apagada. Fiquei sem saber o que tinha na mensagem apagada. Eu senti uma curiosidade imensa. Mas apenas respondi com um olá e insistir em puxar assunto. Mas não gerou uma conversa. Nos dias seguintes, as tentativas de gerar assunto de minha parte continuaram. De repente vi uma foto que tinha acabado de postar no Instagram. O que eu fiz? Curti e comentei. E lá estava eu novamente tentando puxar assunto de novo. Não fluiu de novo. É difícil explicar, ela não parece me odiar, mas quer se afastar, ou simplesmente responder por consideração.

- Talvez eu seja assim mesmo.

Foi o que ela disse uma vez, assim como?

Não sei, o problema é esse. Eu deveria saber, eu deveria escutar mais meu lado racional, ao invés de ficar me precipitando com meu emocional fraco.

Eu deveria parar de ficar relendo nossas mensagens antigas, eu nunca estive tão ocupado mesmo em uma quarentena. Mas quando estou ocioso, penso nela. Já li vários tutoriais na internet de como esquecer alguém. Mas o que fazer quando você não consegue?

E agora estamos quase na metade de abril, quase um mês de isolamento. Sem previsão pra acabar, estou aqui na casa de um amigo. Ele me disse hoje que eu parecia revoltado com o mundo. E que agora pareço mais feliz. Fico satisfeito em ouvir que estou melhor. O mundo sorri com a gente se sorrimos com ele.

Lembro desses acontecimentos e fico envergonhado com algumas coisas que eu fiz ou deixei de fazer ou expectativas que eu criei. Penso que foi tudo uma idealização da minha cabeça e me sinto péssimo por isso. Uma reflexão que eu tiro disso tudo é: você pode sim, criar expectativas, porém veja o outro lado também, a outra pessoa também tinhas as mesmas expectativas? No meu caso, não tenho essa resposta. Mas tá tudo bem, tenho que lidar com isso. Não sei se ela vai está lendo esse texto, não sei o que vai pensar sobre. Mas tento não pensar nisso, já que não posso controlar o pensamentos e sentimentos de ninguém, mas posso controlar os meus. É aquele ditado que eu li em algum lugar: Comigo não rolar de acontecer naturalmente porque sou muito afobado. Sou calmo por fora, por dentro eu não o que se passa.

Tudo isso aconteceu por algum motivo, e agora que estou de quarentena, tive tempo para pensar sobre isso. Não sei se esse relato terminou. Será que acabou por aqui? O que será que vai acontecer depois da Quarentena? Como as pessoas estarão? Como eu estarei? Por isso o título da história.

Continua....

Um indivíduo comum querendo desabafar
Enviado por Um indivíduo comum querendo desabafar em 10/04/2020
Código do texto: T6912388
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