A Chama

Alguém disse a sua amada que seu amor era imenso e eterno. Insegura e desconfiada, ela quis saber se aquele amor era, também, puro e verdadeiro e, para ter certeza, exigiu dele uma prova.

Seguro de seus sentimentos, ele acendeu uma vela e, apontando para a chama, asseverou:

– Meu amor é tão puro e verdadeiro quanto esta chama.

Ainda insegura, ela disse:

– Só acredito que você esteja dizendo a verdade se esta chama se mantiver acesa por toda a eternidade.

Aceitando aquele desafio, ele deixou a vela acesa.

Seguindo seu processo natural, lentamente, a vela foi se queimando e queimando... E, a partir daquele momento, ela passou a preocupar-se só com o desgaste da vela e em manter acesa a vida da chama.

O tempo foi passando, passando... Até que a vela queimou até o fim e a chama se apagou. Triste e decepcionada, ela exigiu dele uma explicação.

Muito tranquilo, sem nenhum remorso, ele assegurou:

– O meu amor foi imenso, eterno, puro e verdadeiro; você é que, na sua desconfiança e insegurança, preocupou-se demais com o desgaste natural da vela e manter acesa a vida da chama e, com isso, não deu a devida importância aos meus sentimentos e nem viu uma eternidade inteira passar.