Não importa o que eu faça

Era 5 horas da tarde, e ela mandou a seguinte mensagem:

"Você sente algo romântico por mim?"

Que tiro, entrou bem no coração dele e estraçalhou. Gus simplesmente não sabia o que responder, porque apenas duas respostas lhe viam a mente:

"Óbvio que sim!!!", e a outra era "Absolutamente que não"

É nessas horas de pressão que a mente dele mais trabalha. Ficou pensando o que aquela pergunta dela realmente significava, na verdade ele percebeu algo estranho.

"Por que diabos ela pergunta se eu sinto algo romântico por ela, se eu já me declarei 7 meses atrás? O certo não seria perguntar se eu ainda não sinto algo? Foi algo proposital ou ela simplesmente se expressou errado?

Ou será que eu deixei de demonstrar afeição à ela nesses tempos? "

Ele respondeu o seguinte:

"É complicado de te responder isso Nicole, pensa só, mesmo que eu gostasse, eu jamais te diria que sim, porque se eu dissesse eu te prenderia ainda mais a mim, correto?

Hmm... Quer saber? Acho que preciso ser realmente sincero com você.

Eu sou sim apaixonado, mas eu vejo esse sentimento como algo inoportuno entre nós dois. Não é algo puro e muito menos deve ser perpetuado... Penso que devemos dar um fim nisso agora. Nós nunca seremos amigos pois tudo não passa de segunda intenção, mesmo que eu minta dizendo que não...

Lembra da Giu? Ela era minha melhor amiga, enquanto estudávamos juntos. Mas mesmo assim nos afastamos. Todos vão embora um dia, e por que justamente eu e você continuaríamos amigos?

De qualquer forma ainda sou muito grato por tudo o que você me ensinou e a forma como me tratou, você tem uma alma de ouro e te acho incrível.

Infelizmente por minhas próprias forças não consigo ir embora dessa relação. Mas você pode... Me bloqueie e apague as mensagens comigo, e mesmo que eu volte a te procurar, não me responda nunca mais. Acho que você é a única de nós dois que consegue fazer isso. Deve ser um pacto entre nós, um pacto de não agressão..."

Gustavo era pessimista no amor, e novamente isso o levou a tentar a afastar a pessoa que ele mais amava. Ele não fez isso por si mesmo, ele fez por ela. Ele achava que ela era gentil demais para manda-lo embora, e que enquanto conversasse com ela seria só um estorvo... Bem, já se faziam dois anos que os dois não se viam pessoalmente, e ele achava bizarro o fato de ainda conversarem, isso por causa de experiências amorosas ruins, em que ele acabou sem ver a pessoa que gostava por tempo indeterminado. Então na mente dele, forçar essa separação, significaria um quebrar de corrente entre os dois, e ela poderia enfim estar livre dele.

Nicole demorou algum tempo para responder, mas ela estava digitando furiosamente um texto como resposta:

"Existe algo que tenho aprendido nas próprias relações que cultivo (e cultivei) é que você precisa ser realista o suficiente para entender quando você deve lutar por uma relação e quando você deve partir...

Na verdade, é muito mais difícil saber quando precisa sair do que quando precisa ficar. É uma decisão que não pode ter egoísmo envolvido, ou você pode acabar perdendo alguém que não precisava perder. Pessoas não são posses, por isso é até errado usar a palavra perder. Pessoas também fazem parte de você, e talvez elas devam ser encaradas como peças em um grande quebra cabeças interminável e sempre mutável.

De qualquer forma não é hora de discurso bonito. Se de alguma forma eu te faço mal, então eu entendo completamente sua decisão de partir... Mas é engraçado como a decisão de deixar ir acaba sempre sobrando para mim, as pessoas nunca parecem fortes o suficientes para agirem com as próprias forças. Você é uma delas.

Eu quero te dizer, que em todas as nossas conversas, você sempre me agregou alguma coisa, e não foram totalmente vazias de conteúdo, embora em momentos tenham perdido a naturalidade.

Você nunca me fez sentir mal, pelo contrário. Então devo dizer que não estou de acordo com a sua decisão mas vou acatar o que você decidir.

Concordo que a paixão é realmente um sentimento maligno, que te deixa sem controle e paralisado. Muitas vezes cria uma obsessão juntamente com uma forma específica de insegurança. A atitude de se livrar da pessoa pela qual te desperta isso pode ser tanto sábia quanto estúpida, tudo depende dos motivos que te levam. Se for por medo e insegurança, idiotice; Mas se for pra sair desse estado de demência, então coragem...

Se depois de tudo isso que te disse você ainda quiser sair dessa relação, eu faço tudo o que me pediu. Take your time Boy. "

Gustavo ficou uma semana sem saber o que dizer como resposta...