Apreço


Seduzir o momento mais uma vez.
Ver o sexo parar na hora.
Ouvir a inquietude trêmula,
brotando febrilmente da nudez
lânguida e extenuada,
solta, afoita ao pecado.
O momento não foi meu.
A hora tampouco parou no pensamento.
Tudo veio, aconteceu.
Participei como constituinte,
parte de um contexto,
efêmero segundo sublinhado
com o nome amigo,
aquele que segura a barra,
troca palavras, muda cores,
faz chover, busca o sol,
fita estrelas, te faz poemas,
enquanto participas das paradas,
vindas e idas pelas noites... Madrugadas.
Sou quem nunca te toca,
quem não viola teu recato.
Sou o pedaço de recado,
o mito do namorado
da corte que te corteja,
o semblante do palhaço.
Mas por trás da maquiagem
existe um homem quase humano,
que salpica tua vida com amor,
na imensa grandeza de ser amigo,
teu único e fiel amigo.