Quando o amor acaba </3 - PerfeBleu

O peregrino das quatro estações - Inferno das rosas **

Triângulo Amoroso Bizarro

William não era do tipo de garoto que lidava bem com paixões, e por esse motivo, evitava ao máximo ter vínculos fortes com garotas de sua idade, por mero medo de se apaixonar e se frustrar.

Ele não tinha tido a melhor das experiências com o sexo oposto. Gostou de uma garota por longos 10 anos, e passou os últimos 5 sem nem ter notícias dela.

Na verdade, ele idealizava uma ilusão de amor perfeito em sua mente, e isso o fazia pensar que o amor deveria permanecer, por ser sincero e sem segundos interesses, perpétuo e constante...

Isso até o dia que ele viu Carolina rebolando com sua minissaia ao som de um baile funk, lotado de caras que William sempre julgou serem "Nóias".

Talvez a desconstrução da imagem de mulher perfeita, que ele tinha de sua amada, tenha lhe causado um choque absurdo que duraria a sua vida toda, e isso praticamente lhe custou sua adolescência. Ele passou muito tempo refletindo sobre a natureza do amor e da paixão. Ele chegou a conclusão de que todo seu "amor" era nada mais que impulso da carne, e que a maioria dos relacionamentos estão fadados ao fracasso. E somente se salvam, os relacionamentos em que os companheiros aprenderam a se tolerar, mas no geral, o ser humano parecia não ter nascido para se relacionar uns com os outros.

Isso, pois tudo que tangia relacionamentos terminava em dor e tristeza para os envolvidos de corpo e alma, era basicamente o crime sem culpados.

William se vestia mal e não tinha vaidades, como por exemplo, se barbear ou pentear o cabelo antes de sair de casa. As vezes ele nem sequer molhava o rosto, apenas ia para escola do jeito que acordava.

Ele evitava ao máximo chamar a atenção. Procurava sempre ficar em lugares repetidos com pessoas repetidas, tirava notas medianas como os outros alunos medianos, saia da escola com a mesma pressa dos outros alunos com pressa. É como se fosse apenas outro figurante no meio de tanta gente, e ele se sentia bem sendo assim e estando assim.

Tudo começou a mudar com a chegada de uma nova aluna na sala.

Seu nome era Alessandra, e enquanto ela procurava um novo assento, William não conseguia deixar de reparar cada detalhe de sua aparência e movimentos tímidos. A menina se sentou na cadeira logo a frente dele.

Em um determinado momento, ela se virou para trás, e os seus olhares se chocaram no que parecia, um encontro de dois mundos diferentes.

A reação rápida dos olhos dele, já treinada inúmeras vezes com outros olhares alheios, o permitiu desviar sua visão para o outro lado como que instantaneamente, porém, foi tempo suficiente para que o rosto dela ficasse cravado em seu coração para sempre, sem que nem ele mesmo notasse tal evento.

Naquele dia em diante, um sentimento estranho crescia em relação a ela. Um magnetismo agonizante que o atraia para direção a Alessandra todas as vezes em que ele abaixava a guarda.

Não era só dele, Alessandra chamava a atenção da maioria dos alunos.

Mesmo com seu jeito tímido e talvez desajustado, ela cativava as pessoas ao seu redor com sua beleza hipnotizante, sua personalidade amorosa e gentil, seu jeito de se comunicar maduro, e além de provavelmente ser a aluna mais inteligente da escola.

A existência dela estava perturbando o equilíbrio emocional de William, e isso era algo que ele não conseguia aceitar. Como que uma menina simples poderia chamar tanta atenção. De repente, ele começou a competir nas coisas em que conseguia com ela. Mas ela sempre parecia o superar em tudo.

Seja no campeonato de Xadrez, nas provas de gramática ou matemática, nos conhecimentos gerais até na vida amorosa. Alessandra sempre o parecia superar de alguma forma.

Com o tempo os dois acabaram criando uma certa amizade.

William tinha ambíguas esperanças sobre essa relação, a primeira era de que a amizade acabaria como qualquer outra, e a segunda esperança, era de que a amizade seria diferente das outras, e se seguiria por muito mais tempo.

Ele gostava amorosamente dela, porém, se sentia feio e sem nenhum charme para se declarar a ela, ele tinha a certeza de que seria recusado, e realmente estava muito certo, seu pedido seria recusado.

Ele não acreditava em amor, e então tinha uma postura de rejeitar esse sentimento que tinha sobre ela. Um outro menino havia se declarado para a Sam, e ela tinha tido uma reação excepcionalmente alérgica a tal ato. William então ficou recluso de se declarar com medo de machuca-la ou assusta-la.

Mas os sentimentos ainda estavam lá, e só continuavam a crescer e a incomodar cada vez mais, até que se tornaram insustentáveis.

A única opção que ele conseguia enxergar, era se afastar para sempre dessa garota e tentar esquece-la. Como um sentimento que nunca deveria ter sequer nascido. Como se ela fosse uma pessoa, que ele preferia nunca nem ter conhecido.