EIS QUE TUDO SE CUMPRIU

DEDICATÓRIA

Dedico esta obra a todos que estão engajados na árdua tarefa de livrar da prisão que é o vício das drogas, tanto os que estão na linha de frente da batalha, quanto aos estão na retaguarda, orando, cooperando, apoiando financeiramente.

Que Deus possa recompensá-los com toda a sorte de bênçãos e realizações; além da mais completa alegria que é ver as vidas restauradas, libertas e fazendo parte do Reino de Deus.

“Levanta-te, clama de noite no princípio das vigias; derrama o teu coração como águas na presença do Senhor; levanta a Ele as tuas mãos pela vida de teus filhinhos que desfalecem de fome à entrada de todas as ruas” (Lamentações 2:19)

INTRODUÇÃO

Neápolis, a cidade palco da nossa história é apenas mais uma das muitas novas cidades que florescem no Centro Oeste Brasileiro, formadas na sua maioria por pessoas vindas de outros estados em busca de oportunidades, fugindo da violência, do desemprego e da saturação das grandes cidades. Graças ao seu potencial turístico e industrial cresceu e se desenvolveu muito rápido, mas não perdeu o charme e a organização que aquele ar de cidade interiorana lhe conferia; Bairros bem planejados, ruas limpas e bem conservadas, tinha também um bom comércio, boas escolas e em torno da cidade um parque ecológico que atraia muitos turistas. Todavia como acontece em toda parte, juntamente com o progresso vem também os problemas típicos das grandes metrópoles, Neápolis tinha a maior parte da sua população formada por jovens e entre eles o problema maior era o da disseminação das drogas que aos poucos estava fazendo crescer na cidade o número de viciados. Embora houvesse ações da prefeitura, das escolas e de entidades religiosas para combater o problema, não havia um programa que fosse eficaz e completo, mas felizmente havia naquela cidade uma igreja que orava, e o que Deus fez para livrar das drogas os jovens daquela cidade faz parte da história do jovem casal que Deus uniu através de uma fatalidade, mas que culminou com uma grande vitória pois, “Todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus e que são chamados por seu decreto”.(Romanos 8;28)

CAPÍTULO 01

Numa ensolarada manhã de sábado, Gleice uma conceituada médica de 25 anos, que era plantonista do maior hospital daquela cidade, aproveitava o seu dia de folga passeando e fazendo compras no centro da cidade ao lado de sua irmã mais nova que tinha 18 anos e se chamava Adriene. Depois de passarem por várias lojas olhando as vitrines entraram numa lanchonete, e em meio aquele lanche rápido conversavam alegremente

:- Drica! (Assim chamava Gleice a sua irmã) tenho notado mudanças no seu comportamento, o que está havendo? Nunca mais você saiu para os bailes, afastou-se da turma, tem passado horas no seu quarto trancada, só não estou mais preocupada porque tenho te visto calma e sempre sorrindo.

- É verdade minha irmã, tenho uma grande novidade pra te contar, hoje a noite quando chegarmos em casa vou te mostrar uma coisa e então te contarei tudo. (respondeu Adriene)

Gleice ficou curiosa

.- Ah conta logo vai! Está gostando de alguém, Alguém está te paquerando?

- Tenha paciência, eu é que estou ansiosa pra te contar as “boas novas”, hoje te conto tudo sem falta.

- Ta bom vamos pra casa que já está ficando tarde, já nos distraímos demais por hoje. (disse Gleice) Então se levantaram e caminharam em direção a rua, após andarem alguns metros na movimentada avenida, ouviu-se gritos, tiros e uma grande correria e em meio a toda aquela confusão Gleice viu a sua irmã tombando ali na calçada; chegou-se a ela e viu ainda um último lampejo de vida, o último sorriso nos lábios, depois os olhos foram se fechando e a sua face ficou com uma expressão serena. Como médica Gleice percebeu que não havia mais nada que pudesse fazer, apenas puxou da bolsa um lenço e enxugou o sangue que escorria da boca da sua irmã que ali jazia morta vítima de uma bala perdida. Depois sentou-se junto ao corpo e chorou copiosamente.

CAPÍTULO 02

Os dias que se seguiram foram difíceis para a família, Adriene era filha caçula e o xodó de seus pais, uma menina meiga que nunca dera trabalho apesar de ter recebido uma educação um tanto liberal; seus pais choraram muitos dias, cabia a Gleice consolá-los, ela que era acostumada a lidar todos os dias com a dor e a perda devido a natureza do seu trabalho, embora no fundo estivesse bastante abalada pois tratava-se de um ente querido.

Uma semana depois toda a família estava reunida para a missa de sétimo dia na capela de São João, uma das mais tradicionais da cidade. O dia seguinte, uma segunda feira, amanheceu chuvoso, era dia de plantão para Gleice, como fazia sempre ela pegou o seu carro e saiu para o trabalho. Por causa da chuva havia muitos engarrafamentos na cidade, ao parar em destes as lembranças de tudo que acontecera nos últimos dias vieram a tona e ela entristeceu-se muito. Ali estava ela presa no congestionamento, as mãos fixas ao volante, um olhar triste perdido no horizonte; ao lado do carro de Gleice estava também presa naquele transito uma lotação na qual viajava um rapaz moreno, alto e muito bonito, Eric era o seu nome, este olhando pela janela percebendo a tristeza estampada na face de Gleice, baixou o vidro do carro para chamar a atenção dela. Quando ela olhou, ele sorriu e logo voltou a subir o vidro e aproveitando que este estava embaçado, escreveu para ela uma pequena mensagem que dizia: “Dá um tempo pra Jesus.” Após ler a mensagem ela mostrou-se indiferente e não olhou mais para os lados até que a fila em que estava andou e dobrando a esquina perdeu de vista a lotação.

Aquele foi um dia muito agitado para Gleice, o plantão da emergência foi muito movimentado e na volta para casa mais uma vez pegou um transito difícil, de modo que chegou em casa muito abatida e estressada, ao entrar em sua casa falou rapidamente com sua mãe e foi se preparar para o banho. Após o jantar recolheu-se ao seu quarto e se pos a escutar musicas para relaxar, mas inevitavelmente as lembranças de muitas coisas que acontecera naquele dia vieram a sua mente, e entre elas a mensagem escrita por aquele rapaz: “Dá um tempo pra Jesus!”

Ela começou a meditar naquilo e, trazendo a memória tudo o que fazia parte da sua rotina diária constatou que realmente nela não havia nenhum

tempo separado especificamente para Deus. Foi dormir pensando naquilo, e

no dia seguinte, no café da manhã estando a mesa com seus pais, perguntou a sua mãe:

- Mamãe, porque a senhora nunca nos ensinou a nos relacionarmos com Deus?

- Por que nós não sabemos, você sabe que não costumamos ir a igrejas a não ser quando somos convidados para batizados e casamentos, infelizmente reconheço minha filha, que este tem sido o nosso estilo de vida.

Na realidade aquela família viva muito em função das coisas materiais e nas suas relações quase não havia espaço para espiritualidade e afetuosidade, sendo a satisfação do ego e dos prazeres o que mais prezavam. O fato de disporem de uma boa situação financeira contribuía para levarem este tipo de vida, embora o fato de se ter muito dinheiro não justifica o viver alienado de Deus.

CAPÍTULO 03

Seis meses se passaram depois daquela triste perda, Gleice já estava conformada e as circunstâncias que envolveram aquele triste episódio se dissiparam da sua mente ficando só as recordações dos bons momentos que passaram juntas.

Num dia de sábado Gleice estava plantão na emergência do hospital e por volta das 11;00 hs. Uma ambulância do corpo de bombeiros chegou de sirene ligada trazendo uma pessoa vítima de acidente automobilístico. Gleice aproximou-se da ambulância, quando abriram a porta e puxaram a maca ela teve um choque maior do que costumava ter ao se deparar com quadros como este que estava a sua frente, ali estava um jovem cheio de fraturas por todo o corpo, o rosto desfigurado, mas mesmo em meio ao sangue e as sérias lesões que desfiguravam aquela face pôde reconhecer nela o rosto daquele rapaz que um dia naquele congestionamento lhe escreveu uma pequena mensagem.

Numa primeira análise os médicos concluíram que ele estava semimorto e que só um milagre poderia salvá-lo da morte iminente, além das fraturas espalhadas por todo o corpo, muitos órgãos internos haviam sido atingidos, as equipes se revezavam nos cuidados intensivos, todos quase sem esperança de que ele sobreviveria.

Meia hora depois Gleice estava sentada do lado de fora UTI enquanto seus colegas lutavam para salvar a vida do rapaz. De repente a porta da sala se abriu e por ela entrou a família do rapaz, todos em prantos.

- Como ele está doutora? (Perguntou aflita a mãe do rapaz.)

- Sinto muito, mas pouco há que possamos fazer, seu estado é gravíssimo! (Respondeu Gleice.)

- Empenhem-se doutora, meu filho não vai morrer, ele tem uma promessa de Deus a se cumprir na sua vida.

Ele está semimorto! Foi a expressão que veio a mente de Gleice, mas ela esforçou-se para não externá-la, antes procurou tranqüilizar a mãe do rapaz.

- Calma minha senhora, vamos conversar, meu nome é Gleice, fale-me sobre o que aconteceu e um pouco sobre vocês.

- Estávamos em casa quando recebemos a notícia de que o carro em que o nosso filho voltava de um passeio com um colega foi trancado por um

caminhão do lixo capotando muitas vezes, e que seu colega havia morrido, e que ele fora trazido para este hospital, assim que soubemos viemos correndo.

- Como é o seu nome?(perguntou Gleice)

- Ângela. (Respondeu ela já um pouco mais controlada, enquanto seu esposo e sua filha choravam baixinho abraçados um ao outro)

- Escute dona Ângela, vou entrar agora para a sala de cirurgia onde seu filho está sendo operado, fique pedindo a Deus por um milagre, só isto pode salvá-lo.

Tendo dito isto Gleice entrou para a sala de cirurgia. Ângela respirou fundo, encheu-se de coragem e chamando para si Mário, seu esposo e Cíntia sua filha, falou-lhes:

- Escutem, nós servimos a um Deus fiel, um Deus que nunca deixa de cumprir aquilo que promete, lembram-se de que eu disse que um dia no círculo de oração da mocidade nosso Eric recebeu uma profecia dizendo que Deus iria usá-lo para fazer uma grande obra que alcançaria muitos jovens nesta cidade, creio que Deus iniciou o cumprimento desta profecia capacitando-o para o seminário , por isto tenho certeza de que Deus não vai levá-lo agora pois a profecia ainda não se cumpriu totalmente na vida de meu filho.

Ao ouvir isto Mário e Cíntia cobraram ânimo, os três se abraçaram e começaram desde aquele momento a glorificar a Deus pela sua infinita misericórdia e a orar incessantemente.

Seis horas depois quando Gleice saiu da UTI para a sala de espera encontrou-os ali ajoelhados orando. Gleice puxando a cadeira sentou-se, percebendo a sua presença aos poucos a família foi pondo-se de pé.

- Quero falar-lhe. (disse Gleice) fizemos tudo o que o que podíamos, mas no momento não podemos dar nenhuma esperança, o que mantém o rapaz vivo são os aparelhos, se estes forem desligados ele não sobrevive.

- Nos cremos que Deus há de salvá-lo!(disse a mãe de Eric)

_ Eu admiro a fé de vocês, mas é bom serem realistas, vocês sabem a dimensão da gravidade deste quadro. (disse Gleice)

Angela respondeu:

- Tudo bem doutora, nós entendemos o seu ponto de vista.

- Bem agora tenho de ir, meu plantão está terminando, folgo amanhã, nos vemos depois de amanhã.

Gleice despediu-se deles um por um e dirigiu-se a porta de saída, antes

que ela chegasse a porta Cíntia a chamou:

- Doutora Gleice!

Aproximando-se Cíntia abriu a sua bíblia, retirou dela um folheto e ofereceu a Gleice, deu um beijinho e um abraço apertado e disse:

- Muito obrigada pelo seu empenho doutora, que Deus te retribua.

- Não precisa agradecer, só estou fazendo o melhor que posso, e é a minha obrigação.

Em seguida saiu pelo corredor e foi para casa. Minutos mais tarde o celular de Ângela tocou:

- Alô é Ângela pode falar!

- Ângela aqui é a irmã Edna da União Feminina, soube do acidente, como está o seu filho?

- Irmã Edna, a paz do Senhor! Olha, segundo os médicos não há muita esperança para o meu filho, ele está na UTI, mantido vivo por aparelhos, as lesões foram muito graves, mas nós sabemos que o nosso Deus é o Deus do impossível, lembra irmã Edna daquele culto em que Deus nos falou claramente sobre a vocação do Eric?

- Lembro sim Ângela, estaremos com você nesta luta, contem conosco, convocarei toda a igreja para ficar intercedendo por vocês, até logo, ligo amanhã para saber notícias.

Mais tarde Ângela, Mário e Cíntia conversaram para decidir quem passaria a noite ali, uma vez que só era permitido ficar um acompanhante; decidiu-se então que Ângela é quem ficaria, por volta das 22;00 hs. Mário e Cíntia se foram. Aquela noite foi uma das mais longas da vida de Ângela, por muitas horas ela conversou com Deus e chorava baixinho dizendo:

- Senhor, não entendo o teu trabalhar, mas sei que tudo é para a tua honra e a tua glória, alivia Senhor o nosso sofrimento.

Então num dado momento veio a sua mente um versículo da palavra de Deus que dizia: “O choro pode durar uma noite, mas alegria vem pela manhã.”(Prov. 30;5b). esta palavra calou fundo no seu coração e uma paz indescritível inundou o seu ser, depois disto sentiu-se melhor, mais confortada, e adormeceu por um tempo.

CAPÍTULO 04

Naquela mesma noite Gleice chegou a sua casa exausta, esgotada, contudo mesmo depois de um bom banho, na hora de dormir não conseguiu relaxar, as imagens fortes daquele dia não saiam do seu pensamento; sobretudo a situação daquele rapaz; Gleice passou muitas horas rolando na cama até que lá por volta das três horas da madrugada finalmente os seus sentidos se renderam a fadiga. Ao raiar do dia teve um sonho no qual via claramente a sala de cirurgia e nela, ela e seus colegas operavam Eric, neste sonho tudo parecia real, mas havia nele um detalhe, toda a cirurgia era comandada por um médico o qual ela nunca vira antes, este usava em vez do uniforme tradicionalmente usado no bloco cirúrgico, uma roupa branca e resplandecente; ele orientava cada passo da cirurgia e nada se fazia se não sob o seu comando, terminada aquela cirurgia Eric se levantava perfeito, e ai findou-se o sonho.

Pela manhã Gleice acordou mais tarde do que de costume, pensativa, estava intrigada com o sonho que tivera mas não sabia o que ele poderia vir significar, (ela ainda não conhecia o Deus do impossível). Ficou na sua casa cuidando dos afazeres que faziam parte da sua rotina diária até que no final da tarde, não conseguindo mais suportar a ansiedade correu para o hospital. No seu carro pelo caminho ia meditando, questionando a si mesma:

- Não sei o que está acontecendo comigo, nunca me envolvi com paciente algum, mas não consigo deixar de pensar neste rapaz, na sua família, não sei o que eles tem de diferente, mas é algo que mexe comigo.

Chegando ela ao hospital foi cumprimentada pelos colegas.

- Olá Gleice, não esta aproveitando a folga hoje?

- Vim dar uma olhada naquele paciente terminal que deixei na sala três da UTI. (Respondeu Gleice, dirigindo-se para lá).

Ao chegar a sala de espera mais uma vez encontrou aquela família em oração. Cíntia levantou-se e correu para abraçá-la, Gleice ficou embaraçada, não era acostumada a demonstrações de afeto assim, ainda mais de pessoas que ela mal conhecia. Contudo cada uma destas atitudes amorosas desta família era como laços que ia envolvendo cada vez mais aquele coração outrora insensível, fruto do convívio em um lar alienado de Deus. Aproximando-se Ângela, Gleice dirigiu-se a ela:

- Como está dona Ângela.

- Um pouco aflita, porém confiante doutora, que bom vê-la, a senhora não viria só amanhã?

- È verdade, mas não consegui me desligar desta situação, dormi muito mal esta noite, cheguei até a sonhar com isto.

- Você pode nos contar o sonho doutora?(pediu Ângela)

- Claro que sim, fiquei muito confusa e atordoada com este sonho.

Então Gleice narrou o sonho, o qual ouvindo eles, exultaram e glorificaram a Deus e abraçando-se choraram de alegria. Gleice ficou sem entender o que se passava.

- É a confirmação da promessa do Senhor!(exclamou Ângela eufórica).

- O que quer dizer? (replicou Gleice)

- Quero dizer que Deus está nos confirmando através deste sonho a promessa de que vai levantar nosso filho deste leito de morte.

- Ora é só um sonho, (disse Gleice) não posso crer que isto venha a acontecer, seria quase uma ressurreição.

- Espere e verá com os seus próprios olhos doutora (disse Ângela)

- Bem vamos deixar de lado esta questão, vou passar no quarto para vê-lo e vou embora, amanhã tenho que estar aqui de novo.

Despediu-se abraçando cada um deles e foi para sala da UTI, chegando a beira do leito onde estava Eric, ficou ali olhando pensativa para aquele corpo inerte, ligado a aparelhos, ficou desolada.

...Não tem jeito, é irreversível.(Era a única coisa que conseguia pensar diante daquele quadro). Chorou por um pouco, mas ficou ali por alguns instantes para que passasse aquela comoção, não queria que a vissem chorando pois não era comum a ela reagir assim.

Saiu dali mais confusa do que entrara, além do conflito que assolava a sua mente acerca de crer ou não no milagre que seria a recuperação daquele rapaz, estava intrigada pelo fato de como tão rapidamente se apegara aquela família.

A semana seguiu sem nenhuma alteração até que na noite do sétimo dia em que Eric estava ali, algo inusitado aconteceu; 22;58 hs. Marcava o relógio da sala de espera da UTI, Ângela e Mário haviam se reunido para orar agradecendo a Deus por mais um dia concedido, de repente, a auxiliar de enfermagem responsável pelo quarto onde estava Eric passou correndo apavorada, no corredor ela se deparou com a médica de plantão que tentou acalmá-la.

- Sente-se! Procure ficar calma e diga o que aconteceu (disse a plantonista).

Após tomar um pouco de água oferecida por uma colega a mulher começou a relatar o ocorrido:

- Ao chegar a sala para verificar os aparelhos, vi uma coluna de luz descer sobre a cabeça do paciente e depois se estender na horizontal até os pés, depois um enorme clarão tomou toda a sala, fiquei paralisada, sem conseguir falar até que cessou aquela luz, então corri apavorada, esta visão me deixou sem forças!

A família de Eric havia ouvido as vozes e chegaram a tempo de escutar o relato da mulher.

- Vamos ver o meu filho doutora! (disse Ângela ansiosa).

- Vamos ver o que aconteceu naquele quarto, mas creio que isto é coisa da imaginação da enfermeira, ela deve estar trabalhando demais.

Dirigiram se ao quarto e chegando junto ao leito viram uma lágrima escorrendo do rosto de Eric, em seguida seus olhos se abriram e ele olhou para os lados.

- Aleluia! Meu filho retornou.(gritou Ângela)

- Calma minha senhora, vamos avaliá-lo (disse a médica).

A médica não conseguia acreditar no que estava vendo, pegou o telefone da sala e chamou dois colegas para auxiliá-la na avaliação, vindo eles juntaram-se e o examinaram minuciosamente, estavam pasmos com o que viam os seus olhos.

- Ele parece perfeito, amanhã o submeteremos a uma bateria de exames para ver se pode deixar a UTI(disse um deles).

Sua família mal podia estar de pé, estavam esfuziantes. Estando ele já livre dos aparelhos chegaram perto dele e beijaram sua face, ele parecia ansioso para querer falar-lhes, mas a médica o proibiu ao ver o seu rosto corar de emoção e estando o choro já iminente.

- Vamos deixá-lo por hoje, é bom que descanse mais.

Dizendo isto, a médica pediu a todos que saíssem e recomendou as enfermeiras que se revezassem ininterruptamente em assisti-lo até o fim do plantão.

Pela manhã vindo eles o encontraram com um aspecto ainda melhor, dormia tranqüilamente, então passaram todas as informações para o prontuário recomendando que fossem feitos todos os exames a fim de tirá-lo daquela UTI.

CAPÍTULO 05

Ao chegar ao hospital naquela manhã Gleice foi informada do que havia acontecido, mal a colega terminara de relatar o fato ela saiu correndo em direção ao quarto onde Eric estava, e chegou lá com o coração disparado, vendo Ângela como ela entrou tão ansiosa na sala retrucou:

- Parece que a senhora esperava este dia tanto quanto nós, não é doutora?

Gleice ficou muito embaraçada, mas não conseguiu esconder a euforia, sorriu desconfiada e foi abraçar cada um deles, depois chegou junto a Eric, fitou nele os olhos e disse:

- Então Sr. Eric, agora vou poder lhe agradecer pela mensagem.

Ele sorriu e balbuciou:

- Não precisa agradecer.

Até aquele momento sua cabeça ainda estava enfaixada por causa dos ferimentos recebidos no acidente. Gleice chamou a enfermeira para auxiliá-la a retirar as ataduras que envolviam a sua cabeça, então a enfermeira foi tirando cuidadosamente as faixas, ao terminar, gleice ficou perplexa com o que viu, não havia em toda a sua cabeça nenhuma cicatriz.

- Não sei o que dizer. (disse Gleice atônita)

- Não precisa dizer nada, e só glorificar a Deus.

(Disse Ângela, que aproveitava cada oportunidade para falar do amor de Deus)

- Vamos aguardar o resultado dos exames para ver o que vai ser daqui pra frente, e quanto a você rapaz, trate de permanecer vivo, (brincou Gleice)

Depois disto saiu do quarto e foi para a sala onde daria o seu plantão, saindo ela, Ângela disse:

- quando tudo isto acabar vamos dar um culto em ação de graças, faço questão que a doutora Gleice esteja presente, tenho visto como desde o princípio ela tem se envolvido neste caso.

- É verdade mamãe, e por mais que ela tente disfarçar está sempre preocupada conosco, eu gostei muito dela (disse Cíntia).

- De que mensagem ela falava Eric? (perguntou Ângela).

- Foi há algum tempo atrás, eu estava indo para a cidade numa lotação, o

carro dela parou ao lado e notei como parecia triste, então escrevi no vidro

que estava embaçado uma pequena mensagem, depois não a vi mais até este dia. Mamãe, e o Charles o que aconteceu com ele?

- Infelizmente Eric, ele morreu no local do acidente.

Aquela notícia entristeceu Eric, pois Charles era um dos seus melhores amigos, eles costumavam andar sempre juntos e compartilhar todos os bons e maus momentos que tinham.

- Cheguem-se aqui, (chamou-os Eric) ouçam com atenção, quero contar as experiências que tive nestes dias em que estive em coma. Nestes dias tive três visões, na primeira caminhávamos o Charles e eu por um caminho ora acidentado e cheio de espinhos, ora plano e cheio de flores, ao longo do mesmo, em certa altura, o Charles sumia e eu me via prosseguindo sozinho, no entanto, logo depois pude avistar ao longe o fim do caminho e lá um anjo recebia Charles e o introduzia por uma porta resplandecente como o sol da manhã. Na segunda visão vi um grande coral de anjos que cantavam, era um canto tão belo que não dá para descrever, e os sons que acompanhavam aquelas vozes eram celestiais, não há na terra nada que se possa comparar a eles. Na terceira visão eu estava dormindo profundamente, então chegava um anjo e me despertava depois me conduzia por um corredor até uma grande janela da qual se via a nossa cidade e suas ruas, e nas ruas eu vi muitos jovens acorrentados, então o anjo me entregando um molho de chaves ordenava: Vá, não se demore, eles precisam de libertação! E ai findou-se a visão.

Ângela Mario e Cíntia ficaram maravilhados com o relato das visões e glorificaram a Deus com alegria.

No dia seguinte Gleice entrou radiante no quarto para o qual Eric havia sido transferido, trazia nas mãos os resultados dos exames e disse sorrindo:

- Está tudo bem com você rapaz!

- Ele já pode ter alta? (Perguntou Mário)

- Claro vou preparar os papéis e logo mais ele estará liberado.

- Doutora!(disse Ângela)vamos marcar um culto em gratidão a Deus por esta vitória, gostaríamos de contar com a sua presença. Você vai não é?

- Não sou muito de andar em igreja,mas no caso de vocês vou abrir uma exceção.

Todos ficaram muito alegres por Gleice ter concordado, ela saiu da sala e meia hora depois voltou com tudo pronto.

- Muito bem aqui estão os papéis da alta, já podemos ir, se vocês

quiserem posso levá-los para casa.

- Não precisa se incomodar doutora, pegamos um táxi. (disse Mário)

- Não é incomodo algum, eu faço questão.

- Bom se é assim nós aceitamos. (disse Ângela)

Enquanto eles deixavam o hospital por onde passavam chamavam a atenção dos funcionários tal foi a repercussão do grande milagre que ali ocorrera com Eric. Saíram dali alegres conversando pelo caminho, após vinte minutos chegaram a casa daquela família, uma casa humilde num bairro da periferia da cidade. Ângela convidou-a para entrar e sentar, Gleice consentiu e passou ali cerca de meia hora conversando com eles.

- Quero que deixe o número do seu telefone, queremos avisá-la da data do culto (pediu Ângela)

- Aqui está, (disse Gleice) também vou pegar o seu número, quero estar informada sobre o andamento da saúde de Eric.

- Não esqueça de mim doutora, gostei muito da senhora (disse Cíntia)

- Ora Cíntia, vamos deixar de formalidades, eu quero ser sua amiga também gostei muito de vocês, não precisa me chamar de doutora e muito menos de senhora, afinal eu ainda tenho vinte e cinco anos e sou solteira.

- Ok,assim está melhor;

Ao final de uma longa e boa conversa, Gleice levantou-se e despediu-se deles com o coração apertado, pela primeira vez sentia no coração o calor de uma amizade franca e desinteressada.

CAPÍTULO 06

No primeiro domingo após a saída do hospital Eric voltou a igreja com sua família, sua chegada ao templo foi algo fora do comum, todos que o viam ficavam maravilhados e alegravam-se sobremaneira, muitos o a abraçavam fortemente e estavam curiosos para saber como tudo aconteceu.

- Vou contar tudo detalhadamente no culto em ação de graças!

Eric não cansava de repetir isto a cada um que o indagava sobre o milagre. Durante o culto foi lhe dada a oportunidade e ele falou muito resumidamente acerca do acontecido prometendo para o domingo seguinte no culto em ação de graças contar todo o testemunho. Faltando três dias para a data marcada para o culto, Gleice ligou para Ângela.

- Bom dia Ângela, como vão as coisas?

- Bom dia Gleice, estamos bem, só a Cíntia e que está tendo febre desde ontem, me parece ser algum problema na garganta, insisti para que ela fosse ao médico mas ela não quis, está se tratando em casa.

- Como assim está se tratando em casa, ela está se automedicando?

- Não ela está fazendo apenas gargarejo com água sal e vinagre.

- Olha Ângela, estou saindo para a academia agora, na volta passo aí e dou uma olhada na Cíntia ok!

- Tá bom Gleice, agradeço desde já.

- Então até logo mais Ângela.

Por volta das 10;00 hs. Gleice chegou a casa de Ângela, que a recebeu com um largo sorriso e um caloroso abraço.

- Olá Ângela, onde está Cíntia?

- Está no quarto dela , venha comigo, vamos vê-la.

Ângela pegou-a pela mão e a conduziu ao quarto de Cíntia, ao entrarem no quarto ela dormia suavemente; Gleice passou as mãos nos seus cabelos e em seguida, segurando-lhe uma das mãos constatou que a temperatura do seu corpo estava um pouco alterada. Ao sentir o toque das mãos de Gleice, Cíntia despertou. Ao abrir os olhos e vê-la, um grande sorriso encheu os seus lábios

- Como vai caçula da família? (perguntou Gleice)

- Vou bem, e só uma dorzinha de garganta à toa, mas agora com a sua presença vou melhorar, que bom que veio.

- Vamos dar uma olhada nesta garganta, abra bem a boca.

Examinando-a Gleice constatou que sua garganta realmente estava um pouco irritada. Tirou então da bolsa uma amostra grátis de um medicamento indicado para estes casos e deu-o a Cíntia recomendando seu uso por três dias nos horários que ela estabeleceria. Depois disto começaram a conversar e ficaram ali por quase duas horas, em dado momento no meio da conversa, Cíntia pediu a sua mãe:

- Mamãe! Por favor, traga aqueles álbuns de fotografias da escola, quero mostrá-los a Gleice.

Trazendo Ângela os álbuns Gleice começou a folheá-los com atenção.

- Você estuda no colégio Tiradentes Cíntia?

(perguntou Gleice ao ver nas fotos o fardamento da escola que ficava bem próximo da sua casa).

- É eu tive a sorte de conseguir uma bolsa lá, aquele colégio é muito caro, felizmente eu tenho uma tia que ensina lá, por que pergunta?

- Por nada, é que fica bem perto da minha casa.

Gleice continuou olhando as fotos e em dado momento, de repente parou, ficou estática, de olhos grudados no álbum que estava ali sobre suas pernas, Percebendo Cíntia sua reação, perguntou:

- O que foi Gleice?

Ela continuou em silêncio até que começou a chorar intensamente. Cíntia tirou o álbum do seu colo enquanto Ângela a consolava:

- Calma Gleice, o que está acontecendo ,fale!

- Cíntia esta garota que está com você nesta foto, sabe quem é?

- Claro ela era minha melhor amiga na escola, você também soube da morte dela?

- Soube, ela morreu nos meus braços, ela era minha irmã!

Cíntia e Ângela se abraçaram a ela e choraram todas. Passado aquele momento de intensa emoção voltaram a conversar a respeito de Adriene.

- Ela tinha algo que iria me contar, mas não houve tempo, até hoje eu não sei o que ela queria me dizer, só sei que estava muito mudada antes de partir,(disse Gleice).

- Talvez eu tenha uma explicação(disse Cíntia).

- É mesmo, então fale!

- Quinze dias antes da sua partida eu havia convidado sua irmã para na volta da escola passarmos na praça central, onde vez por outra tem um culto evangelístico ao ar livre, e estando nós ali assistindo aquele trabalho, ao final da mensagem ela atendeu o apelo do pregador entregando sua vida a Jesus, a partir daí realmente começou uma verdadeira mudança no seu estilo de vida;

na semana seguinte conversamos sobre a vida cristã, a igreja, e a bíblia, depois não a vi mais até que soube da triste notícia.

- Quer dizer que ela passou a ser crente antes de morrer?

- Isto mesmo Gleice, ela estava feliz como eu nunca a tinha visto desde que a conheci naquele colégio.

Ângela disse a Gleice:

- Você também vai descobrir o que é ser feliz de verdade quando abrir o seu coração pra Jesus.

- Eu nunca pensei em ser crente, na verdade eu tinha aversão a crentes antes de conhecer vocês, mas quem sabe um dia.

- Vamos orar para que isto aconteça logo, nós amamos você! (declarou Cíntia)

- Eu também amo muito vocês! (respondeu Gleice emocionada).

Instantes depois soou a campainha, era Eric que estava chegando do seminário, recebendo-o a porta Ângela o avisou:

- Temos visita, Gleice veio ver a sua irmã.

Eric colocou os livros em cima da mesa e foi ao quarto de Cíntia, ao entrar saudou a todos:

- Bom dia, como estão vocês?

- Estamos todos bem respondeu Cíntia.

- Sua irmã está com uma pequena crise de garganta mas vai sarar logo, com certeza domingo ela estará em ordem para o culto em ação de graças.(disse Gleice)

Embora naquele momento todos estivessem descontraídos, Eric percebeu que Gleice havia chorado e perguntou:

- Estava chorando Gleice, o que aconteceu por aqui?

- Olha Eric, naquele dia em que você me escreveu aquela mensagem, certamente você notou como era triste o meu semblante, eu estava muito deprimida, havia poucos dias que eu havia perdido minha irmã caçula, vítima de uma bala perdida no centro da cidade, todos estes meses se passaram, eu já estou consolada a respeito dela, mas hoje eu estava aqui folheando os álbuns de fotografia da Cíntia e descobri que elas eram amigas, e, ao vê-la na foto abraçada com sua irmã, uma saudade enorme tomou conta de mim, então não consegui controlar a emoção e chorei.

- Onde está a foto, quero vê-la. (pediu Eric)

Cíntia pegou o pequeno álbum e abrindo na página que ele queria mostrou quem era Adriene.

- É esta aqui ao meu lado direito.

- Não me lembro dela, você já a havia trazido aqui em casa Cíntia?

- Não, depois que ela se converteu eu planejava trazê-la para que conhecesse minha casa e minha família, mas não foi possível, agora ela está no céu com Jesus!

- Com certeza um dia vamos reencontrá-la.(disse Eric)

- Sim, certamente, (completou Cíntia).

Gleice olhou para o relógio e viu que a hora já estava avançada, então levantando-se começou a se despedir deles.

- Porque vai embora tão cedo, fique para o almoço. (pediu Ângela)

- Não posso, (respondeu Gleice) minha mãe me espera, quem sabe outro dia.

Ângela acompanhou-a até o portão e ela entrando no carro seguiu para sua casa. A noite na hora do jantar estava a mesa com seus pais, coisa que raramente acontecia.

- Gleice, estamos pensando em viajar para conhecer as praias do litoral Nordestino, não pode antecipar as suas férias para vir conosco? (perguntou a sua mãe)

- Mas mamãe, vocês chegaram de viagem há uma semana e já estão pensando em viajar de novo!

- O que foi minha filha, está nos estranhando? Você sabe que sempre fomos assim, nossa casa é o mundo e passeamos em casa, agora você minha filha é que não dá pra entender, nestes dias todos que estamos em casa não te vi sair uma vez para curtir, o que está acontecendo com você?

- Realmente estou mais caseira ultimamente, não sei o que está acontecendo comigo, minha vida mudou muito depois que conheci aquela família, tudo que aconteceu me deixou impressionada, aquela família tem algo de diferente, o brilho nos olhos deles, a forma como se relacionam entre si e com os outros, também o milagre que presenciei, realmente não sei o que está acontecendo comigo, estou confusa.

- Vai ver você esta virando crente, você não falou que eles são crentes quando nos contou a história. (disse o pai de Gleice)

- Vira essa boca pra lá, tá maluco! (interrompeu a sua mãe com arrogância).

Então Gleice falou o que pensava de tudo aquilo:

- Se porventura eu quisesse ser crente não acho que isto seria loucura, depois que eu conheci estes irmãos o meu conceito a respeito dos crentes mudou totalmente, nem todos são como falam por ai, eles tem uma fé simples, mas eficiente, eles simplesmente crêem no que dizem as escrituras, e agora eu sei que Deus responde.

- Ih! Pelo que vejo só falta levantar a mão, como eles costumam dizer. (ironizou a sua mãe)

- Por favor mamãe, isto não é assunto para brincadeiras.

Tendo dito isto Gleice saiu da mesa e foi para o seu quarto um pouco chateada.

CAPÍTULO 07

Finalmente chegou o grande e esperado dia do culto em ação de graças, a igreja estava maravilhosamente ornamentada para aquele dia de festa; Ângela havia cuidado de cada detalhe para que aquele dia fosse um dia inesquecível para todos que ali estivessem, agora lá estava ela à porta recepcionando os convidados, estava radiante apesar de cansada, a igreja estava superlotada, além dos que foram especialmente convidados e dos membros da igreja, muitos que souberam do milagre vieram de longe para ouvir o testemunho.

Às 19:30 hs. O pastor subiu ao púlpito e, saudando a congregação convidou a todos a ficarem de pé e fez uma breve oração pedindo a direção do Espírito santo para aquele trabalho, em seguida fez a leitura de um texto bíblico, após o que dirigiu-se a congregação:

- A graça e a paz do Senhor Jesus para todos os que estão aqui nesta noite, desde já sejam bem-vindos! Esta noite é uma noite de festa, noite de expressarmos a Deus junto com o irmão Eric a nossa gratidão pelo que fez em sua vida. Como todos nós sabemos ele foi alvo de um grande milagre, o qual estará relatando em detalhes daqui há alguns instantes. Entre os muitos que nos visitam nesta noite, muitos pela primeira vez, temos aqui conosco alguns médicos e enfermeiros do hospital em que Eric esteve internado, muitos deles presenciaram os dias difíceis que ele passou lá, e são testemunhas oculares do grande milagre que Deus operou.

Após esta introdução teve início o período de louvor, aquele ambiente estava impregnado do poder de Deus, uma sensação indescritível permeava a atmosfera, e aqueles louvores entoados de maneira tão autentica elevaram ainda mais a temperatura deixando os corações aquecidos pelo poder do Espírito Santo. Os visitantes não crentes estavam inquietos, muitos deles nunca haviam entrado numa igreja evangélica antes, e muito menos assistido tão evidente operação do poder de Deus, pois em meio as palmas, muitos choravam, outros sorriam, outros falavam em línguas desconhecidas. Findo este período o pastor passou a palavra para Eric, que fazendo uso da palavra explanou detalhadamente tudo o que lhe acontecera e como Deus operou o milagre, falou também das visões que teve enquanto esteve em coma.

Gleice estava sentada no primeiro banco e não perdia uma palavra do que Eric dizia, além de impactada estava admirada com o modo de Eric falar, ele

era claro, seguro e preciso em tudo o que expressava prendendo a atenção de todos que o ouviam. Quando ele terminou de narrar o testemunho, uma grande emoção tomou conta de todos os que se encontravam ali e glorificavam a Deus cheios de alegria no coração. Tomando a palavra o pastor conclamou a todos que estavam ali e não eram crentes a entregarem suas vidas a Jesus recebendo-o como salvador. Dezenas de pessoas foram sensíveis e se renderam ao apelo, entre eles alguns médicos e enfermeiros do hospital inclusive a doutora Gleice.

Ao vê-la entre os que foram a frente para receber oração. Ângela e Cíntia foram até ela e a abraçaram chorando. Gleice nunca experimentara tanta felicidade antes, não conseguia parar de chorar tamanha era a alegria que brotava do seu coração, uma paz que nunca sentira antes inundou-a e ela estava ali quase como que flutuando. Ao fim do culto Ângela combinou com ela para se encontrarem todas as segundas feiras à noite a fim de instruí-la quanto aos seus primeiros passos na vida cristã.

No caminho para casa Gleice ia levitando, não via a hora de chegar em casa e contar logo para os seus pais a novidade, a grande mudança que acabara de acontecer na sua vida.

Ao chegar em casa Gleice foi logo para a sala de estar onde seus pais estavam assistindo televisão.

- Quero falar-lhes!(disse ela)

- Seus pais ficaram intrigados com o largo sorriso estampado no seu rosto e logo lhe deram atenção.

- Pode falar estamos ouvindo, pelo jeito deve ser uma notícia muito boa.(disse sua mãe)

- Realmente é uma boa notícia a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, aceitei Jesus como meu único Senhor e Salvador!

Ouvindo isso sua mãe deu uma gargalhada e disse:

- Você esta ficando doida menina, o que foi que deu em você, você é jovem ainda, agora vai virar fanática como este povo que anda por aí com a bíblia debaixo do braço!

Gleice ficou desapontada com a reação da sua mãe, seu pai porém, interferiu dizendo:

- Vamos respeitar a vontade da nossa filha, talvez isto seja coisa passageira, quem sabe depois ela não muda de ideia.

- Não, não! Papai, estou convicta do que quero, eu mudei, me sinto uma nova pessoa, meus valores agora são outros.

- Desculpe-nos minha filha, siga o seu caminho não vamos mais criticá-la, só não quero que venha fazer nossa cabeça para sermos crentes, você sabe o estilo de vida que levamos. (disse sua mãe)

- Tudo bem, prometo que jamais vou forçar a barra, mas vou ficar orando para que um dia vocês tenham a vida transformada assim como eu tive a minha.

Tendo dito isto beijou-os e se recolheu para o seu quarto. Os dias passaram e Gleice foi crescendo na fé, Ângela a ensinava sempre a dedicar-se a oração e a leitura da palavra, como também a priorizar os cuiltos de doutrina e a escola dominical, de modo que seu crescimento espiritual foi rápido e consistente, uma vez que Gleice era muito aplicada a tudo que fazia.

CAPÍTULO 08

Num certo dia de sábado a tardinha, Gleice foi visitar Ângela e família, lá chegando tocou a campainha, Ângela abriu a porta e a recebeu com um caloroso abraço. Olhando para o interior da sala Gleice viu no sofá maior Eric sentado, tendo ao lado direito sua irmã Cíntia e ao lado esquerdo uma jovem que ela nunca havia visto antes, ambas estavam com a cabeça encostada ao ombro de Eric enquanto folheavam uma revista. Gleice ficou visivelmente desconcertada mas procurou disfarçar, Ângela convidou-a para sentar mas ela recusou dizendo:

- Não Ângela, não vou demorar estou com pressa, só vim dar uma passadinha rápida para combinar com a Cíntia a hora da nossa visita a creche amanhã à tarde.

Cíntia levantou-se e foi até ela abraçando-a com alegria.

- Então vamos amanhã? (perguntou Gleice)

- Claro, diga a que hora nos encontramos. (respondeu Cíntia)

- Às 15;00 hs. Venho te buscar aqui está bem?

- Tá bom, estarei esperando.

A bela jovem que Gleice desconhecia demonstrando simpatia olhou para ela sorrindo, ela por sua vez respondeu com um sorriso meio sem graça, estava se sentindo desconfortável, pelo que apressou-se a sair dali, Ângela acompanhou-a até o portão e chegando lá fora perguntou:

- Porque tanta pressa Gleice? Nem deu para lhe apresentar minhas visitas!

- Fica para outro dia Ângela, agora realmente tenho que ir, disse Gleice despedindo-se rapidamente.

Saindo dali o seu pensamento dava voltas, não conseguia entender a razão daquela reação na casa de Ângela. No dia seguinte na saída da escola dominical Eric a abordou:

- Olá Gleice, posso acompanhar você e Cíntia na visita a creche hoje à tarde?

- Claro que sim, e pode levar sua namorada também.

- Ué, onde é que você já me viu com namorada?

- Ontem na sua casa, esqueceu!

- Você estava muito apressadinha ontem não é? Por isso não tivemos tempo de lhe apresentar meus tios e minha prima, por que não vem almoçar com a gente hoje? eu queria que você os conhecesse!

Neste exato momento Ângela e Cíntia Chegavam até eles.

- Estou convidando a Gleice para almoçar conosco, mas ela ainda está indecisa. (disse Eric)

Ângela e Cíntia reforçaram o convite e ela acabou cedendo. Chegando eles em casa foram recebidos por Mário que havia ficado com as visitas, Ângela cha mando Gleice apresentou-lhe os visitantes.

Gleice venha cá, quero apresentar-lhe minhas visitas, este é o meu irmão Otavio e esta é a sua esposa Maria, e aquela mocinha bonita ali e a minha sobrinha Vilma, eles vieram da capital Brasília, onde moram para passar uns dias conosco.

- Muito prazer!

Disse Gleice sorrindo para eles, e achando a mocinha já um pouco mais simpática.

- Esta é a médica que eu havia falado, ela esteve do nosso lado em todo o processo pelo qual Eric passou. Graças a Deus depois de tudo ficou entre nós uma grande amizade, e agora ela é também nossa irmã em Cristo, pois converteu-se há poucos dias.

A conversa prosseguiu animada, após o almoço Cíntia e Vilma foram para o quarto, enquanto os outros conversavam na sala Eric, e Gleice foram conversar na varanda.

- Gostei de saber que você tem ciúmes de mim! (disse Eric em tom de provocação)

- De onde você tirou esta idéia absurda seu convencido?

Pensa que conseguiu disfarçar a reação de ontem?

- Não sei do que está falando!

- Ah é! Repita esta frase olhando nos meus olhos!

Gleice estava visivelmente desconcertada, por isso evidentemente negou-se a fazê-lo, estava sentindo no peito pulsar por Eric um sentimento novo e diferente, mas que ela ainda não queria admitir. Depois daquele dia Eric também passou a pensar nela com mais freqüência, e não raro ficava a recordar cada momento vivido ao seu lado.

CAPÍTULO 09

Algumas semanas mais tarde, num dia de sexta feira, estando já próximo o fim do plantão Gleice foi convocada para se apresentar na sala do diretor do hospital, ela arrumando-se pegou sua bolsa e se dirigiu para lá, estava apreensiva, não imaginava qual seria a razão de ser chamada ali, pois isto nunca havia acontecido antes. Ao vê-la chegar ali a secretária cumprimentou-a e a introduziu na presença do diretor, este a saudou sorrindo e pedindo que ela se sentasse falou:

- Dra. Gleice, vejo que esta tensa, relaxe, eu imagino que não faça idéia da razão pela qual lhe mandei chamar, não é mesmo?

- Realmente eu não faço a mínima idéia.

- Pois bem, agora vai saber! Tenho acompanhado o seu desenvolvimento nestes três anos que está conosco, você tem se destacado, sua dedicação, pontualidade e assiduidade tem feito de você uma das melhores profissionais que integram o nosso quadro de funcionários. Como você sabe nós valorizamos o nosso pessoal e procuramos investir na capacitação deles, por isso este ano resolvemos enviar três médicos para participar de um curso de especialização de três meses nos Estados Unidos, e a sua performance neste hospital a credenciou a ser uma das pessoas escolhidas.

Gleice ficou surpresa e muito alegre com a noticia.

- Como vai ser isto?

- Temos um projeto de desenvolver ações avançadas nas comunidades, algo como médico da família, entende? Por isso estamos pagando para cursos de epidemiologia e toxicologia, você vai ter de escolher uma destas áreas e fazer sua inscrição, eu aguardo três dias a sua resposta, o curso está programado para o fim do mês que vem, mas a documentação tem que ser preparada com antecedência pois isto leva tempo, você sabe!

- Sei sim, agradeço a oportunidade e é claro que não vou desperdiçá-la, vou levar hoje mesmo o formulário de inscrição para preencher e escolher a área de minha preferência.

Que bom que aceitou, então esperarei a devolução da sua ficha de inscrição para cuidar da sua documentação, enquanto isso vá providenciando o seu passaporte! obrigado por ter vindo aqui Dra. Gleice.

- Obrigado ter me escolhido, até logo!

Gleice saiu dali eufórica, ao chegar em casa ligou logo para Ângela a fim de dar a notícia; Ângela ficou muito alegre e parabenizou-a pelo privilégio de ter sido escolhida. Gleice explicou a Ângela todos os detalhes do curso e da viagem e elas trataram do assunto numa longa e animada conversa, mas depois, passado aquele momento de euforia, começou a sentir o coração apertado e a pensar nas saudades que sentiria nestes três meses que iria ficar longe daqueles que ela tanto amava.

Tudo transcorreu normalmente até o dia da viagem, neste dia Gleice chegou ao aeroporto com seus pais muito cedo, enquanto conversavam eles notaram a ansiedade de Gleice, que não parava de olhar para a principal porta de acesso do aeroporto. Finalmente por ela entraram Ângela, Mario, Cíntia e Eric, os pais de Gleice ficaram admirados do quanto Gleice os amava, tantos eram os abraços, os risos e as brincadeiras que eles pareciam uma única família. Gleice apresentou seus pais a família de Eric e conversaram todos até o momento em que iniciou-se a chamada para o vôo em que Gleice iria embarcar. Ângela, Gleice e Cíntia não seguraram a emoção e choraram muito enquanto se despediam, Gleice beijou e abraçou seus pais que estavam muito emocionados, abraçou também e se despediu de Mário. Por fim abraçou-se a Eric e ficou chorando no seu ombro por alguns instantes, não houve entre eles palavras, mas o calor daquele abraço evidenciava que aquela amizade já havia se transformado num sentimento afetuoso e intenso que fazia sentir naquele momento que o amor estava nascendo no coração dos dois. Em seguida Gleice foi para o portão principal de embarque e de lá acenou mais uma vez para eles, enxugando as lágrimas e com o coração apertado. Já no avião, Gleice teve a sorte de sentar ao lado de outra médica que estava indo para o mesmo destino e com o mesmo objetivo que ela e logo começaram a conversar:

- Oi meu nome é Claudia, tudo bem?

- Tudo bem, meu nome é Gleice

- Está indo para Miami Gleice?

- Não vou para Michigan.

- Que coincidência, também estou indo para lá, vai a passeio?

- Não, estou indo fazer um curso de especialização.

- Mais uma coincidência, também sou médica e estou indo com o mesmo fim, eu escolhi epidemiologia e você que área escolheu?

- Eu escolhi toxicologia, quero me especializar no tratamento de pessoas dependentes de drogas, porque sempre me comovi com a situação dos

viciados, quero aprender a entender mais dos problemas que eles enfrentam para poder ajudá-los melhor, eu trabalho em uma emergência, mas futuramente pretendo trabalhar somente em ambulatório e voltada mais para este tipo de paciente, ou quem sabe abrir uma clínica especializada nesta área.

- Legal, que Deus te ajude neste nobre propósito.

Embora Gleice não soubesse, esta inclinação no seu coração para cuidar de dependentes de drogas vinha de Deus e fazia parte do plano que Ele estava executando em resposta ao clamor do seu povo naquela cidade. (Neápolis)

Notando Claudia que Gleice havia chorado antes de embarcar perguntou:

- Deixou esposo e filhos?

- Não ainda sou solteira, deixei só meus pais e uma família muito querida.

- Não tem namorado?

- Ainda não, mais acho que estou gostando de um rapaz.

- E ele também está interessado?

- Desconfio que sim, mas não tenho certeza!

- Ah é, me conta como tudo começou.

Então Gleice começou a contar a ela tudo desde que conheceu Eric até o momento da despedida no aeroporto e a conversa se estendeu por muitas horas durante aquele longo vôo. Ao chegarem a Michigan, Gleice e Claudia ficaram no mesmo hotel, chegando elas a recepção, na hora de fazer o registro de hóspedes, Claudia pediu a Gleice para ficar no mesmo quarto com ela, Gleice concordou de pronto, pois a achou muito simpática. Na verdade Claudia foi uma boa companhia para Gleice nos três meses que passaram ali pois cultivaram uma grande amizade e se conheceram profundamente.

Embora Gleice desfrutasse de bons momentos Com Claudia nos passeios animados e nas conversas descontraídas nas horas de folga, a saudade batia com ímpeto todos os dias no seu coração, de modo que os trinta minutos semanais gratuitos de ligação telefônica que ela tinha direito pagos pela organização do curso eram insuficientes, pelo menos três vezes na semana ela ligava para Ângela e falava também com Cíntia e Eric, já seus pais ligavam sempre aos domingos.

Um certo dia Gleice ligou propositadamente numa hora em que ela sabia que certamente Eric estaria sozinho em casa, pois estava desejosa de falar só com ele, Quando o telefone tocou Eric estava na cozinha

preparando um lanche, ouvindo ele o toque correu para atender.

- Alô Eric, sou eu Gleice, como vai?

- Vamos bem e você como esta Gleice?

- Estou bem apesar da enorme saudade que tenho de vocês.

- Nós Também estamos sentindo muitas saudades suas Gleice, eu tenho pensado muito em você!

- Então empatamos

- Gleice! Nós precisamos conversar a respeito disto quando você voltar pois não da para falar pelo telefone tem que ser cara a cara, olho no olho, mas diga aí como vai o curso?

- Vai indo muito bem, estou crescendo muito profissionalmente, creio que depois do curso minha carreira irá tomar novos rumos.

- Fico feliz por isso, espero que você realize os seus sonhos.

- E você, como está no seminário?

- Estou bem, tenho boas notas, me formo no fim do ano, sabe as vezes fico pensando, não sei o que Deus reservou para mim depois que eu terminar o seminário, mas seja o que for, estou pronto para servi-lo.

- Seja o que for, espero que não vá para longe de nós!

- Bom se for o caso não há nada que possamos fazer a respeito.

- Sim eu sei, devemos por a vontade de Deus em primeiro lugar! Ai Eric! Estou contando os dias para voltar, ainda bem que só faltam duas semanas!

- Logo, logo você estará aqui, estamos orando para que volte em paz.

- Obrigada Eric, vou desligar, já está tarde, tchau, dê lembranças e um abraço a seus pais e a Cíntia, beijos.

- Tchau Gleice, um beijão, te cuida.

CAPÍTULO 10

Faltavam cinco dias para a volta de Gleice, era uma noite calma e fria, Eric retornava para sua casa vindo do seminário, já se aproximava das dez horas da noite quando, ao dobrar a esquina de uma rua deserta próxima da sua casa, repentinamente como que surgido do nada, um jovem pulou na sua frente fechando-lhe o caminho, este estava muito agitado e exibia na sua mão direita um punhal com o qual ameaçava Eric.

- Parado aí, não quero machucá-lo, passe o dinheiro e o relógio!(disse o jovem tremulo e aparentemente drogado)

Pobre Eric, o sangue fugiu-lhe dos pés, sentiu um frio na espinha e o coração disparou. Fechando os olhos ante aquele perigo de vida iminente, respirou fundo e procurou se acalmar. Naquele momento não lhe ocorreu nada que pudesse fazer para escapar deste infortúnio, e inconscientemente ajoelhou e começou a clamar a Deus. O pretenso agressor ficou surpreso e atônito com aquela cena, de repente seu coração foi quebrantado e um forte sentimento de culpa o invadiu levando-o a chorar compulsivamente, depois se acalmando falou:

- Me perdoe eu não queria fazer isto, foi uma fraqueza da minha parte, ore por mim, estou muito angustiado.

- Calma eu vou te ajudar, como é o seu nome?

- Meu nome é Pablo, é que eu estava sem dinheiro para comprar droga, sou um viciado!

- Vamos sentar ali no banco da praça e conversar um pouco Pablo, mas jogue fora este punhal, a policia costuma fazer rondas por aqui à noite.

Chegando a pracinha sentaram e Eric levou-o a desabafar, a contar tudo, e Pablo começou a contar a Eric o seu drama:

- Até o fim do ano passado tudo ia bem na minha vida até que na festa de confraternização que a turma da minha escola fez no ginásio municipal, conheci uma garota com a qual me envolvi, até aí nada de mais, só que ela era viciada e eu acabei entrando também neste terrível labirinto que é o mundo das drogas, desde então a minha vida mudou pra pior. Abandonei a escola, estou brigado com meus pais pois tenho me metido em roubos e confusões, tudo para conseguir dinheiro para sustentar este vício maldito. Muitas vezes começo a me lembrar da vida sadia que eu tinha antes de jogar tudo para o alto e fico horrivelmente deprimido, as vezes sinto vontade de morrer.

- Não pense nisto jamais, existe um Deus no céu Ele te ama e vai te ajudar a sair dessa, mas creia Pablo, este não é o seu único problema, talvez você não saiba mas a raiz de todos os problemas que afligem o mundo é o pecado que os leva a cometer toda a sorte de males e ser prejudicado por eles. O pecado escraviza o homem, mas Deus o liberta através de Jesus cristo que é o salvador do mundo, você pode ser liberto Pablo, se quiser entregar a sua vida para Jesus tratar, Jesus disse: Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei. (Mateus 11;28) você não quer Pablo entregar sua vida a Jesus, deixar o seu fardo nas mãos do Senhor, passar a aprender a cada dia a sua palavra?

- Como posso fazer isto do jeito que estou vivendo? Eu não presto, eu não consigo mudar!

- Pablo, o que Deus quer de você é que se arrependa e o reconheça como único Senhor e Salvador da sua vida, o resto é parte Dele, e isto Ele fará com certeza.

- Eu quero! (interrompeu Pablo com lágrimas nos olhos)

Então Eric colocou a mão sobre o seu ombro e orou por ele. Veio então sobre ele o poder sobrenatural de Deus, e a paz e o perdão brotaram instantaneamente no seu coração e ele agora chorava mais intensamente, mas desta vez de alegria. Após este maravilhoso momento conversaram ainda por quase uma hora sobre a vida cristã, os olhos de Pablo brilhavam como nunca antes haviam brilhado e o seu coração pulava de alegria ante o descortinar da vida nova que acabara de receber através do perdão de Deus; ao final da conversa Eric perguntou:

- Posso ir na sua casa amanhã? Quero conhecer seus pais e explicar tudo para eles.

- Olha Eric, eu te disse que estava brigado com os meus pais, mas esqueci de mencionar que eu não estou morando com eles, desde que meu pai descobriu o que estava acontecendo comigo me expulsou de casa, desde então eu tenho dormido aqui e ali, na casa de parentes, não culpo meus pais, na verdade eu causei uma grande decepção e muitos problemas para eles, não sei como vou chegar diante deles agora, temo que não me aceitem.

- Não se preocupe Pablo, vamos orar por isto e Deus nos mostrará o que devemos fazer, mas você precisa de um lugar para ficar, não pode ficar assim vagando pelo mundo.

- Tenho uma tia que mora num bairro aqui perto, ela sempre me recebe

muito bem, de vez em quando costumo passar uns dias com ela, vou pra lá enquanto resolvo o que fazer, ok!

- Mas onde você mora?

- Na rua Manoel de Souza

- Tome o número do meu telefone Pablo, quero que me ligue sempre que precisar de ajuda, domingo de manhã quero que esteja aqui na praça às oito horas, vamos a igreja, lá você poderá confirmar publicamente sua conversão.

- Ok! Eric, eu virei.

Então se despediram e cada um tomou o seu destino. Naquela noite Eric chegou em casa perto da meia noite e a sua mãe já estava aflita com a demora incomum, quando ele abriu a porta e sorriu para ela seu coração serenou e ela levantando-se o abraçou e o beijou perguntando:

- O que foi que houve meu filho, por que chegou tão tarde?

Eric sentou-se com ela no sofá e contou com detalhes tudo o que tinha acontecido na sua volta para casa, ao final pediu que ela ficasse apresentando a vida daquele rapaz constantemente nas suas orações.

No dia seguinte ao dirigir-se ao seminário, Eric fez um itinerário diferente daquele que costumava fazer e passou pela rua em que Pablo havia dito que morava, caminhando ele por aquela rua, em certa altura viu na frente de uma casa pequena, porem bem cuidada, uma senhora muito simpática, de cabelos grisalhos aparentava ter cerca de cinqüenta anos, esta se achava debruçada sob o muro com um ar melancólico e um olhar distante. Ao passar e contemplá-la, Eric identificou nas linhas daquela face tão castigada pela ação do tempo e das dores que as circunstancias da vida havia lhe trazido, a semelhança à expressão do rosto do jovem que na noite anterior ele vira a chorar diante de si, tendo Eric passado dela já alguns metros, não resistiu à curiosidade e voltando cumprimentou-a:

- Boa tarde, senhora!

- Boa tarde! (respondeu a mulher desconfiada)

- Procuro a casa de um jovem chamado Pablo, por acaso a senhora sabe onde fica?

- O senhor é policial?

- Não sou só um amigo, só queria conversar com seus pais.

- Meu nome é Elza sou a mãe dele o que você quer?

- Dona Elza, meu nome é Eric, é um prazer conhecê-la, eu estive com o seu filho ontem, conversamos muito, eu falei do amor de Deus para ele e ele resolveu mudar de vida, por isso eu queria contar com vocês para que o

apoiassem nesta hora.

Enquanto Eric dizia estas palavras notava-se na mãe de Pablo, um misto de satisfação e apreensão que culminou com estas palavras:

- Ah meu jovem, graças a Deus que colocou você no caminho do meu filho, porém não sei se ele contou, seu pai o expulsou de casa por causa de tantos problemas que nos causou;eu tentei evitar que meu marido tomasse esta decisão drástica, mas ele é um homem obstinado e não me ouviu, só Deus sabe o que eu tenho sofrido em todo este tempo, as lágrimas que tenho derramado, as noites de sono que tenho passado, mas diga-me onde ele está?

- Bem, ele me disse que iria para casa de uma tia, mas não disse qual, ficou de ligar para dar noticias, certamente nos veremos no domingo de manhã pois combinamos de ir a igreja.

- Então façamos o seguinte: vou conversar com o meu marido, vou contar o que aconteceu e vou tentar convencê-lo perdoar o nosso filho e trazê-lo de volta para casa, vou lhe dar o meu telefone e você me liga amanhã para saber o resultado, ainda que meu marido relute em perdoá-lo quero que me ajude a rever o meu filho, vou dar a ele todo o apoio que ele precisar de mim.

- Ok dona Elza, ligo amanhã, até logo!

- Até logo meu rapaz, muito obrigado pelo que fez pelo meu filho.

- Agradeça a Deus dona Elza, só a Ele.

No dia seguinte Eric pegou o telefone e ligou para dona Elza logo cedo.

- Alô! Bom dia dona Elza, sou eu Eric, amigo do Pablo, e aí como foi a conversa com o seu marido?

- Olá Eric, bom dia, infelizmente a conversa não foi nada animadora, ele não acreditou na história, acha que é mais uma armação do nosso filho, mas eu não vou desistir, vou esperar meu marido esfriar a cabeça e vou continuar tentando; Eric por favor continue assistindo o meu filho, mantenha sempre contato comigo, se ele te ligar me dê notícias, vou ligar para todas as minhas irmãs para tentar localizá-lo, se eu conseguir ligo para você irmos juntos fazer uma visita.

- Esta bem dona Elza, que Deus a abençoe, até breve!

Naquela manhã de domingo Eric esperou Pablo ansiosamente mas ele não apareceu. Ao chegar em casa na volta da igreja, Eric tentou ligar para a mãe de Pablo mas não conseguiu, o telefone tocava muito mas ninguém atendia, após algumas tentativas Eric desistiu

Naquele domingo o assunto do dia naquela casa era a volta de Gleice,

que seria dali a dois dias, por isso a expectativa daquele reencontro enchia de alegria o coração de cada um dos membros daquela família.

Na manhã da terça feira, Gleice estava decolando de volta para o Brasil, a medida em que ela via pela janela do avião as últimas imagens perceptíveis do solo americano, crescia no seu íntimo a alegria, a emoção. O tão sonhado dia rever todos a quem amava, especialmente aquele por quem seu coração agora nutria um sentimento muito especial havia chegado. Eric e sua família chegaram ao aeroporto muito cedo e aproveitaram para passear ali, enquanto esperavam, Ângela, Cíntia, e Mário já desconfiavam que algum sentimento muito especial envolvendo Gleice e Eric estava acontecendo pois o brilho no olhar de Eric ao falar de Gleice assim o denunciava, bem como o fato de Gleice durante este período ligar muitas vezes para ele especificamente de vez em quando; contudo ninguém ousava fazer insinuações, mas no íntimo torciam por esta união.

CAPÍTULO 11

As salas de embarque e desembarque dos aeroportos são lugares onde quase sempre são vividas as mais fortes emoções, seja na chegada ou na partida há sempre ali um coração apertado, sorrisos e lágrimas, as vezes de alegria, as vezes de saudade, Além da expectativa e da impaciência pelos constantes atrasos nos vôos. Pois bem, estes são os ingredientes que compõem o cenário onde Gleice agora estava sendo ansiosamente aguardada. Ao ver pela janela do avião as primeiras imagens da capital federal o coração de Gleice disparou, e um largo sorriso estampou a sua face. Então Claudia, que fora sua companhia desde o inicio daquela viagem disse:

- Segura a emoção Gleice, mais um pouquinho e você estará abraçando seus amores.

Tomando a mão de Claudia, Gleice disse a ela:

- Muito obrigada amiga, foi muito bom ter te conhecido, foi muito bom termos ficado juntas estes três meses, você foi muito legal comigo.

- Gleice, você é um amor de pessoa, continue assim, prometo que vou pensar em tudo que você me falou sobre o evangelho, realmente reconheço que estou vivendo muito afasta de Deus.

- Faça isto o quanto antes, Claudia estarei orando por você.

Quando o avião aterrisou, soltos os cintos de segurança, um caloroso abraço marcou a despedida entre elas. Vinte minutos se passaram desde que Gleice desceu do avião até o momento em que ela saiu pelo portão de desembarque. Seus pais a abraçaram fortemente, em seguida Ângela, Cíntia e Mário, cada um que a abraçava quase não soltava mais tamanha era a saudade. Por fim Gleice e Eric ficaram frente a frente, parados, sem palavras, apenas o brilho no olhar dizia um ao outro o quanto se amavam, enquanto os demais surpresos vibravam com a cena, depois de alguns segundos interromperam ao mesmo tempo este momento de silêncio com a frase:

- Quero te falar uma coisa!

Os dois sorriram em face da feliz coincidência.

- Fale você primeiro Eric!

Novamente o silêncio, nenhum dos dois sabia por onde começar a declarar o amor que sentiam um pelo outro, estavam trêmulos e com o coração

palpitando de paixão, o que os impulsionou naturalmente a dispensarem as palavras quebrando este impasse com um com um caloroso abraço, seguido de um beijo profundamente apaixonado. Em seguida de mãos dadas pediram desculpas aos que os aguardavam, mas ninguém estava preocupado com isto, antes estavam todos tomados de muita alegria pelo início daquele romance que há muito já se presumia.

Antes de saírem dali, dona Aída, mãe de Gleice surpreendeu a todos marcando para o dia seguinte em sua casa um almoço em família para comemorar o êxito que Gleice obteve no curso e pela sua viagem ter transcorrido em paz, enquanto Eric e Gleice combinavam de se verem a noite para colocar os assuntos em dia.

Chegada a noite ambos estavam ansiosos, aquele seria o primeiro encontro deles como namorados. Quando Eric chegou ao portão, Gleice já o esperava na varanda, embora estivesse aparentando cansaço por causa da longa viagem, ela estava sorridente e cuidadosamente arrumada, Eric aproximando-se saudou-a com um beijo na testa.

- Como está querida?

- Cansada mas feliz por você estar aqui do meu lado, e você como está?

Muito feliz Gleice, como nunca me senti antes, graças a você!

- Eric, ainda não me dei conta de como tudo começou entre nós.

- Bem Gleice, na primeira vez que te vi naquele congestionamento foi muito breve e de longe, mas naquele dia em que abri os olhos no hospital e me deparei com estes belos olhos negros que você tem, senti por você um carinho especial, que só foi crescendo a medida em que fui te conhecendo e descobrindo o quanto você é maravilhosa. Contudo achei por bem não alimentar esperanças por causa da diferença de posição social que há entre nós, mas depois percebi que você também estava gostando de mim e voltei a sonhar com este amor, então passei a colocar diante de Deus esta possibilidade e creio que ele me ouviu, por isso estamos aqui juntos hoje.

- Ah! Meu amor, você não sabe o quanto fico feliz por ouvir isto, também quero que saiba como nasceu em mim o amor que sinto por você. Confesso que não prestei muita atenção em você na primeira vez que nos vimos, acho que foi porque eu estava muito angustiada naquele dia, porem o teu rosto ficou guardado na minha memória e no dia em que te vi chegar no hospital naquelas condições, senti algo diferente, não queria perdê-lo, era como se fosse uma parte de mim que estivesse para morrer, por isso lutei pela tua vida com todas as minhas forças, quando você abriu os olhos naquela UTI foi como se

tivesse vencido uma batalha importante da minha vida, depois fui, me apaixonando a cada dia pela tua simplicidade, tua meiguice, tentei resistir na verdade, pois eu era orgulhosa mas o convívio com a tua família foi me mudando e eu aos poucos fui cedendo aos apelos do coração, hoje eu sei que você é a pessoa que Deus escolheu para mim.

- Com efeito Gleice, a mão de Deus esteve presente em tudo isto, através de tudo o que aconteceu o nome de Jesus foi glorificado, sua irmã foi salva, você também, muitas almas foram salvas ouvindo o nosso testemunho e hoje nós estamos aqui juntos. Assim que puder quero casar com você, quero fazer de você a mulher mais feliz deste mundo, eu te amo Gleice!

- Também te amo Eric, que Deus abençoe a nossa união e nos faça muito felizes.

Depois de um caloroso beijo a conversa prosseguiu por horas até que se deram conta de que tinham passado das dez horas da noite. Então despediram-se rapidamente com um beijo e Eric se foi.

CAPÍTULO 12

No dia seguinte o ambiente na casa de Gleice estava movimentado e animado com o almoço de confraternização, em meio a muita comida, boas conversas, brincadeiras e muitas gargalhadas os convidados se divertiam muito. Em dado momento Gleice notou no semblante de Eric algo como que uma pontinha de preocupação, então na primeira oportunidade que teve levou-o ao interior da casa e o inquiriu:

- O que há querido está faltando alguma coisa?

- Não Gleice está tudo bem, é que estou um pouco preocupado com um rapaz que conheci dias antes de você chegar, ele era um viciado, tentou me assaltar numa noite em que eu voltava do seminário, mas na hora houve uma intervenção de Deus quebrantando o coração dele, ai eu o evangelizei e ele se converteu, conversamos muito, lhe dei muitos conselhos, depois combinamos de nos encontrarmos domingo pela manhã na igreja, mas ele não apareceu nem ligou. O que mais me preocupa é que ele está brigado com os pais e foi para casa de uma tia, estive com a mãe dele um dia após a sua conversão e ela me contou muitas coisas sobre a situação dele, ficou de tentar localizá-lo, mas não me deu retorno.

- Não fique assim querido, conte comigo, lembre-se que agora somos uma dupla, o que você sugere que façamos?

- Não sei Gleice, quando eu chegar em casa hoje a noite vou tentar entrar em contato com a mãe dele por telefone, caso consiga ligo para você, e se você puder amanhã iremos vê-lo.

- Ok Eric, Façamos assim!

Uma vez contornada a situação o casal retornou para a festa e tudo transcorreu normalmente até o final.

Ao chegar em casa, Eric estava se preparando para ligar para a mãe de Pablo quando o telefone tocou:

- Alô!

- Alô, Sr. Eric, sou Elza a mãe de Pablo, boa noite!

- Boa noite dona Elza como vai?

- Vou bem meu filho, quero lhe pedir desculpas por não ter ligado antes, é que meu marido inventou uma viagem repentina e eu tive que acompanhá-lo. Mas tenho novidades descobri que o Pablo foi para a casa de uma irmã minha que fica em um bairro a vinte quilômetros daqui, será que dá para irmos vê-lo amanhã?

- Claro dona Elza estou pronto a ajudá-la, pode ser às nove da manhã?

- Tudo bem Eric está combinado assim!

Logo em seguida Eric ligou para Gleice combinando para irem buscá-la no dia seguinte. Antes das nove horas Elza já estava no portão da sua casa esperando ansiosamente por Eric, precisamente as nove horas Eric e Gleice chegaram, descendo eles do carro Eric a apresentou a gleice:

- Bom dia dona Elza, esta e Gleice, minha namorada, ela vai nos ajudar a apoiar o seu filho ela é médica.

- Bom dia Eric, prazer em conhecê-la doutora Gleice, Vocês formam um lindo casal.

Gleice agradeceu sorrindo. Saindo dali em menos de vinte minutos chegaram a casa da irmã de Elza, onde ela esperava encontrar Pablo, desceram todos do carro, Elza foi ao portão da casa e acionou a Campainha, em poucos instantes sua irmã apareceu, abraçaram-se e Elza lhe perguntou:

- E o Pablo onde está?

- Ele esteve aqui até domingo de manhã, pensei que tivesse voltado pra casa, não voltou?

- Não, pensei que ele estivesse aqui!

- Ele chegou aqui na sexta-feira de noite, estava tão diferente, alegre, calmo, sorridente, dizendo que iria a igreja de crente no domingo pela manhã e de lá talvez fosse para sua casa.

- A que horas ele saiu daqui? (perguntou Eric)

- Eram quase nove horas, enquanto ele fechava o portão vi parar um carro branco do qual desceram dois jovens que o abordaram, os três conversaram um pouco, depois entraram no carro e saíram.

Ao ouvir este relato um pressentimento muito ruim invadiu a mente e o coração de Elza, a mãe de Pablo.

- Ai meu Deus meu filho!

- Calma dona Elza, vamos procurá-lo!(disse Eric)

Então se despediram da irmã de Elza a qual pediu encarecidamente que a mantivessem informada. Entraram no carro e por toda a manhã daquele dia seguiram todos os passos possíveis onde Pablo poderia ser encontrado, mas sem sucesso. Por fim no inicio da tarde tendo já se esgotado todas as possibilidades e desvanecido as esperanças, foram procurá-lo nas delegacias e nos hospitais, naquela altura dos acontecimentos dona Elza chorava muito, enquanto Eric e Gleice estavam abatidos pela expectativa do pior. Ao chegarem a principal delegacia da cidade encontraram Ferreira, um

policial muito simpático, que logo se dispôs a ajudá-los. Feita a ocorrência ele fez uma busca no computador checando um a um os crimes ocorridos do domingo passado até aquele dia, pouco depois chamou Eric e lhe disse:

- Sr. Eric, de domingo para cá temos só dois casos de vítimas com as características deste rapaz que não foram identificados, teremos de ir ao IML verificar, vamos torcer para que não seja nenhum deles.

Infelizmente, eles não sabiam o que os aguardava, pois na manhã do domingo em que Pablo desapareceu, os jovens que do carro branco que o abordaram eram na verdade traficantes aos quais Pablo já a algum tempo devia dinheiro, estes simulando uma conversa amistosa o ameaçaram com armas escondidas fazendo-o entrar naquele carro para uma viagem sem volta. Embora Pablo tenha implorado com veemência pela sua vida eles o assassinaram friamente. Chegando ao IML Eric, Gleice e Elza acompanhados do policial foram fazer o reconhecimento do corpo, e constatando ser um deles o de Pablo foram tomados de grande tristeza, a reação de Elza porém beirava o desespero, Gleice a tomou em seus braços e oferecendo-lhe um pouco de água, aos poucos foi conseguindo acalmá-la.

- Lamento muito! (disse o policial Ferreira)

Eric também consolou Elza enfatizando que Pablo havia se convertido antes da sua partida e que certamente estava agora com Deus. Daquele momento em diante Eric e Gleice assistiam Elza em tudo especialmente no funeral.

Aquele trágico acontecimento abalou Eric, aquilo foi como que uma batalha perdida, e o inquietava sobremaneira, um dia conversando com Gleice ele desabafou:

- Não suporto mais ver tantas vidas sendo destruídas pelas drogas, tantos jovens afundando no vicio, gostaria de fazer algo para ajudá-los!

- Isto também me inquieta Eric, vamos pensar em algo, não podemos ficar parados enquanto milhares de jovens sucumbem diariamente ao sinistro poder das drogas.

- Querida cheguei a conclusão de que não adianta apenas pregarmos, você viu o que aconteceu com o Pablo; precisamos de um lugar onde possamos acolher e tratar estes jovens física e espiritualmente.

- Vamos orar por isto Eric, vamos compartilhar nossa visão com igreja e pedir que orem e nos apóiem neste sentido.

E assim foram lançados os alicerces daquele que viria a ser mais tarde um

dos maiores centros de recuperação e tratamento de viciados do país.

A igreja verdadeiramente os apoiou, entraram em oração e do nada toda uma grande estrutura foi se formando, pois Deus foi abrindo as portas e movendo os corações, a princípio alugaram uma casa perto da igreja e Eric montou nela uma pequena serigrafia para manter ocupados os jovens que passavam por ali, a qual era também uma fonte de recursos para a manutenção dos mesmos, recrutaram na igreja alguns voluntários e deram início aos trabalhos.

Dois meses depois dezenas de jovens já haviam passado pela triagem daquele centro, dos quais cinco foram internados para um tratamento mais sério, pois apresentavam um grau muito alto de dependência. Deus havia dotado Eric de muita paciência e sabedoria, ele sabia como ninguém ouvir os problemas de cada um, era gentil mas enérgico quando preciso. Já Gleice ajudava nos dias de folga do seu trabalho, orientando o processo de desintoxicação dos dependentes e dando o tratamento necessário, alem de ser uma excelente conselheira. Sob a direção de Deus e a competente administração dos dois o trabalho crescia dia após dia. Embora Eric e Gleice dedicassem a maior parte do seu tempo nesta obra, aproveitavam cada momento que lhes sobrava para estar juntos, e unidos pelos mesmos ideais foram a cada dia descobrindo um no outro virtudes que a cada dia mais faziam crescer o amor que entre eles existia, o que os levou a depois de seis meses que estavam juntos a noivar e a marcar para o fim do ano a data do casamento.

CAPÍTULO 13

O Centro de Desintoxicação e Recuperação de Viciados, como foi batizado pelos seus fundadores, cresceu além das expectativas de todos os que os viram nascer, de modo que nos seus curtos meses de existência, a casa em que funcionava tornou-se pequena para comportar a crescente demanda de jovens que precisavam de atendimento, e os recursos para sua manutenção já não eram suficientes, mesmo com uma boa produção e comercialização dos produtos fabricados pelos internos na serigrafia que ali fora implantado, sem falar ainda nas ofertas que vinha da igreja e de alguns irmãos que voluntariamente contribuíam com a obra. Por esta razão eles se reuniram e clamaram a Deus para que os socorresse e lhes mostrasse o que haveriam de fazer. Assim era a prática naquele lugar, toda duvida, dificuldade ou decisão a ser tomada, eles se reuniam e apresentavam a Deus em oração, que nunca os deixou sem resposta, POIS DEUS É FIEL.

Um certo dia no final da manhã, um carro importado muito luxuoso parou na frente daquele centro e dele desceu um homem moreno, de cabelos pretos, um terno impecável e portando na mão uma elegante pasta preta, sem dizer uma palavra o homem abriu o portão e dirigiu-se ao escritório onde Cíntia, a irmã de Eric voluntariamente trabalhava como secretária o recepcionou:

- Bom dia senhor, em que posso ajudá-lo!

- Procuro o Sr. Eric

- Vou chamá-lo, a quem devo anunciar?

- Ele não me conhece é uma visita surpresa!

Então Cíntia foi e comunicou a Eric, que logo mandou-o entrar, Eric levantou-se apertaram as mãos e sentaram.

- Em que posso servi-lo? (disse Eric intrigado com a estranha e inesperada visita)

O homem colocou a pasta sobre a mesa, acomodou-se na cadeira tirou os óculos escuros e começou a falar:

- Bem Sr. Eric, pelo que vejo não se recorda de mim não é?

- Bem agora que o Senhor tirou os óculos estou lembrando vagamente do seu rosto, mas não me recordo exatamente onde o tenha avistado.

- Não se preocupe meu jovem, vou refrescar a sua memória!

Eric, e Gleice que estava sentada ao seu lado estavam curiosos e

surpresos com a presença intrigante daquele homem e imaginavam o que o teria trazido ali. Então o homem continuou o seu discurso:

- Estive aqui num dia de visitas há dois meses atrás, não estava vestido como estou hoje, estava com traje esportivo, de boné, óculos escuros, talvez por isso o Sr. Não me reconheceu, pois bem, naquele dia eu fiquei impressionado com o que vi, apesar da modesta estrutura de que vocês dispõem aqui, os resultados que obtêm são surpreendentes, a organização, a limpeza, os trabalhos profissionalizantes que vocês desenvolvem aqui , tudo é maravilhoso, mas o que mais me impressionou foi perceber como estes jovens são felizes aqui, eu os vi sorrindo, cantando tocando instrumentos. Vi entre eles um jovem que eu conhecia muito bem, ele era o terror do bairro onde morei na minha infância e agora eu vejo aqui transformado, com um brilho nos olhos, como vocês conseguem isto?

- Não temos nenhum segredo, nós apenas amamos cada um deles e usamos o amor de Deus para tratá-los e recuperá-los.(respondeu Eric)

- Eu já visitei muita clínica de recuperação pelo país afora, mas nunca vi nenhuma obter resultados como os que encontrei por aqui. Bem permita que me apresente, meu nome é Marcos Linhares, certamente eu não vim aqui nesta manhã só para elogiar o seu trabalho, eu represento aqui no Brasil uma ONG Internacional, cujo objetivo é incentivar em todo o mundo entidades cujo trabalho esteja voltado para a recuperação e tratamento de viciados e dependentes em drogas, perdoe-me, mas tomei a liberdade de enviar um relatório da minha visita para a nossa sede em Paris. E recebi autorização para lhes propor uma parceria para ampliar o seu trabalho.

- Parceria! Ora sr. Linhares não temos dinheiro para investir, mal conseguimos manter o centro como vamos fazer parceria?

- Não se preocupe Sr. Eric, nós temos dinheiro e boa vontade para investir nesta obra, mas não temos esta vocação que vocês tem para este ministério, e esta vai ser a parte de vocês nesta parceria, o que importa para nós é que cada vez mais jovens sejam tirados da escravidão do vicio e reintegrados a sociedade. Caso você concorde virá uma comissão da nossa organização e juntos com você discutiremos o que fazer para melhorar e ampliar esta entidade, então o que você me diz?

- Digo que esta é a oportunidade que estávamos pedindo a Deus e hoje Ele está nos concedendo, que mais posso dizer?

Dito isto ambos sorriram e levantando-se, apertaram as mãos selando a parceria. Quando aquele homem saiu dali deixou em todos uma expectativa

que foi crescendo com o passar dos dias e gerando entre eles muita especulação acerca de que tipo de ajuda eles poderiam trazer, seria ajuda em dinheiro? Perguntaram alguns, seria doação de roupas, alimentos ou equipamentos? Diziam outros, enfim muitas suposições deste tipo, contudo não imaginavam que Deus havia reservado para eles algo muito melhor.

Entre os primeiros viciados que foram internados naquele centro estava um jovem chamado Sérgio, ele era bem afeiçoado, pele clara, cabelos castanhos, tinha vinte e um anos e media cerca de um metro e oitenta de altura. Quando chegou ali era o mais rebelde e inconseqüente de todos, contudo foi quebrantado pelo poder de Deus e tornou-se um crente cheio do Espírito Santo, posteriormente veio a ser uma benção para aquela instituição. Pois findo o seu tratamento e já recuperado, abdicou de voltar ao convívio da família para, em gratidão ao que Deus fez na sua vida, dedicar-se de corpo e alma aquela causa, morando e trabalhando ali, era um jovem de personalidade forte e uma acentuada capacidade de liderança, estas qualidades aliadas ao conhecimento pregresso do mundo das drogas e suas conseqüências na vida do homem levaram Eric a constituí-lo monitor sobre todos os que ali se achavam internos. Sérgio era admirado por todos pela sua dedicação, mas para alguém que trabalhava ali ele era mais do que especial, alguém cujo coração batia mais forte cada vez que o via, sim, Cíntia suspirava de amor pelo rapaz, que, nem ao menos desconfiava do quanto ela o admirava. Cíntia guardou por muitos dias em segredo esta paixão, mas como era de costume não conseguiu esconder de Gleice que além de sua futura cunhada era a sua principal confidente, e procurando-a desabafou:

- Não sei o que faça Gleice, estou interessada em um rapaz mas creio que ele nem desconfia disto.

- Que legal, posso saber de quem se trata?

- É o Sérgio!

- O Sérgio, que bom!

- bom seria se ele me notasse.

- Tenha calma Cíntia, se for da vontade de Deus tenha de que Ele também vai despertar no Sérgio o mesmo sentimento.

- Tomara que sim!

CAPÍTULO 14

Vinte dias após a visita que fizera ao centro, o Sr. Linhares voltou trazendo consigo a comitiva conforme havia prometido, fizeram então uma longa e proveitosa reunião ao fim da qual, entre outras coisas propuseram-se a manter a casa em agora funcionavam para ficar sendo apenas a triagem e o escritório da entidade, e adquirir na região um sitio, granja ou mini fazenda para abrigar o restante do centro e implantar ali um projeto de piscicultura que além de uma boa terapia ocupacional para os internos, proporcionaria a médio prazo uma boa fonte de renda para a instituição tornando-a auto sustentável, determinou-se também que caberia a administração do centro executar todo o projeto, inclusive a compra do imóvel, e que se deveria enviar mensalmente um relatório a a organização, e ainda que o sr. Linhares estaria acompanhando todo o projeto até o final da sua implantação, após o que findar-se ia a participação da organização a nível de parceria.

Tendo Eric e Gleice, que eram diretores da instituição anuído aos termos que foram propostos, assinaram um acordo no qual constava a responsabilidade de cada um, e para a execução do projeto a organização disponibilizou $ 100.000,00 (cem mil dólares). Aquilo era muito mais do que poderiam imaginar, de modo que estavam como quem sonha, maravilhados com tudo o que estava acontecendo, com o modo maravilhoso como Deus estava agindo em favor deles. Após a conclusão deste negócio conversaram informalmente ainda por mais meia hora, depois despedindo-se, partiram.

Seriam necessários muitos dias de trabalho árduo para se montar a estrutura do no centro, por isso Eric convocou Sérgio para ajudá-lo neste sentido e reunindo-se com eles decidiu dividir os quatro em duas equipes de trabalho, ficando ele e Gleice responsáveis pela parte interna da implantação do centro, enquanto caberia a Sérgio juntamente com Cíntia a parte externa que consistia em sair a campo para achar o imóvel apropriado para receber as instalações do novo centro. Foram dias de trabalho intenso nos quais eles procuravam descontrair-se sempre que era possível. Cíntia aproveitou este período no qual passava a maior parte do dia com Sérgio para conquistar o seu amor, mostrava-se extremamente gentil e não descuidava da sua aparência, muitas vezes se desdobrava para arrancar dele algum detalhe

da sua vida, mas não era fácil, o rapaz outrora rebelde e expansivo havia se tornado um homem tímido e de poucas palavras, todavia pouco a pouco ele foi cedendo ao charme e a doçura com que Cíntia o tratava. Em um destes dias de trabalho pararam em um pequeno restaurante a beira da estrada, e enquanto almoçavam conversavam descontraidamente.

- Então Sérgio, você não pensa em encontrar alguém para namorar, casar e constituir uma família?

- As vezes penso Cíntia, mas é que eu vivo tão envolvido nos trabalhos do centro que pouco tempo me sobra para pensar em outras coisas, mas não sei se daqui por diante as coisas irão continuar sendo assim.

- Ah é! Por que?

- Por que dificilmente irei me esquecer destes dias que estou passando ao seu lado, ninguém nunca me tratou assim, você é maravilhosa Cíntia.

- Obrigada Sérgio, mas você esta exagerando, eu faço apenas o que meu coração manda.

- Se o seu coração manda você me tratar assim, me sinto um privilegiado.

- Bem Sérgio, não é esta exatamente a palavra que eu esperava ouvir, já que você diz que dificilmente iria esquecer estes dias que passou comigo, eu pensei que você estivesse começando a gostar de mim!

Ao ouvir Cíntia dizer estas palavras Sérgio ficou embaraçado e com o rosto corado pela timidez, entretanto no seu íntimo procurava palavras para dizer alguma coisa, levantou a cabeça por um instante, olhou ligeiramente nos olhos dela e falou:

- Não sei como te dizer, nem por onde começar Cíntia, só sei que depois destes dias estamos passando juntos a admiração que eu sentia por você está se transformando num sentimento maior, algo muito bonito, eu sempre a admirei desde a primeira vez que te vi, mas agora descobri que você é muito mais bonita por dentro, você é uma pessoa completa, uma mulher com a qual qualquer homem sonharia se casar.

- Talvez você no íntimo Sérgio, não tenha tido coragem de externar o que sente por medo de não ser correspondido, mas a timidez não lhe deixou perceber que há muito eu já venho gostando de você.

- Verdade?

- Claro! A muito tempo eu sonho com este dia.

Depois destas palavras pronunciadas por Cíntia, Sérgio relaxou, respirou aliviado, e enchendo-se de coragem perguntou a Cíntia:

- Então aceita namorar comigo?

- Ainda duvida?

Então Sérgio sorrindo aproximou-se dela e beijou-a timidamente. Assim começou o romance entre eles, naquele dia eles voltaram tão animados que saltava aos olhos tanta alegria que demonstravam, Gleice vendo-os entrar na sala sorridentes perguntou:

- Pelo que vejo vocês têm boas notícias, acharam algum imóvel?

- Não, não é isto! (respondeu Sérgio desconfiado).

- Então será que podemos saber o motivo de tanta felicidade? (perguntou Gleice).

- É que nos acertamos. (respondeu Cíntia sorrindo)

- Que bom, vocês formam um belo par! (disse Gleice).

- Vamos ver o que a mamãe e o papai vão dizer disto. (Disse Eric em tom de brincadeira), completando em seguida:

- Estou brincando Sérgio, estou certo de que meus pais ficarão felizes com o namoro de vocês, eles conhecem o seu caráter e admiram muito a sua conduta e a dedicação com que você trabalha aqui, contem com o meu apoio.

- Obrigado!(disse Sérgio meio constrangido)

- Bem agora vamos falar de trabalho, (disse Eric) já tem quase vinte dias que começamos a trabalhar e ainda não encontramos um local adequado para a instalação do novo centro, por aqui já está quase tudo encaminhado, só estamos dependendo deste imóvel, vamos orar mais por isto. A propósito Sérgio além disto vamos ter que interromper a procura por uma semana pois eu e você iremos participar de um curso intensivo de piscicultura e criação de camarões em cativeiro na universidade rural, conhecimentos imprescindíveis para os projetos que planejamos desenvolver no novo centro. Ouvindo isto Sérgio ficou entusiasmado com a noticia, pois ele adorava aprender coisas novas e gostava mais de desenvolver trabalhos no campo do que trabalhos internos.

CAPÍTULO 15

Num dos dias em que Eric estava fazendo o curso o seu telefone tocou e ele pedindo licença afastou-se um pouco do grupo para atendê-lo, ao olhar para o visor ele não reconheceu o número de quem estava ligando.

- Alô, bom dia!

- Bom dia Sr. Eric, meu nome é Tavares, sou corretor da Novo Campo negócios imobiliários, estive com seu funcionário o Sr. Sérgio a semana passada, estou ligando para informá-lo de que encontrei um sítio com as características que vocês estavam procurando.

- Fale-me sobre o sítio Sr. Tavares!

- Bem Sr. Eric, ele fica no km da rodovia Tamoios, tem dois hectares, um pequeno lago alimentado por um riacho perene, uma casa para o caseiro, uma casa sede com seis quartos grandes e muitas outras benfeitorias que não dá para descrever pelo telefone.

- E o preço Sr. Tavares, Deve custar uma nota!

- Até que não Sr. Eric, este sítio pertence a uma família rica de Brasília, o proprietário morreu e a família não tem interesse em mantê-lo, querem vender a propriedade a qualquer custo a fim de se mudarem para os Estados Unidos, por isso estão pedindo só R$ 100.000,00 (cem mil reais).

- Sr. Tavares, daqui até a sexta feira estarei ocupado o dia inteiro, pois estou fazendo um curso intensivo na universidade rural, podemos ir vê-lo no sábado?

- Claro que sim Sr. Eric.

- Obrigado, até lá Sr. Tavares!

Chegando o sábado à hora marcada, Gleice, Eric e a sua família estavam reunidos para olhar o referido sítio, lá chegando ficaram maravilhados com o que viram e custaram a acreditar que os proprietários do sítio estavam querendo se desfazer daquele lugar tão aprazível. Depois de darem uma rápida olhada no lugar Mário, Ângela e Cíntia sentaram em um banco de jardim a beira do lago e ficaram aguardando os demais que estavam com o corretor e um dos proprietários. Quando eles voltaram alegraram a todos com a notícia de que o negócio havia sido fechado.

A implantação do novo Centro de Desintoxicação e Recuperação de Viciados contou com a colaboração de voluntários de varias igrejas locais, e

inúmeros irmãos trabalharam com alegria para vê-lo funcionando. Ao cabo de dois meses tudo estava terminado e só então Eric e Gleice puderam parar um pouco e voltar as suas atenções para os preparativos do seu casamento, que já estava às portas.

Os preparativos para o casamento deixaram Eric e Gleice quase esgotados de cansaço, mas valeu a pena pois no dia do casamento tudo estava perfeito, Gleice era a mais linda das noivas que se casaram naquela igreja e Eric o mais feliz de todos os noivos. Lá estava ele no altar a espera da sua amada, nervoso como todo noivo neste grande dia, o coração batendo forte, na mente as boas lembranças dos doces momentos com a sua querida. A igreja estava lotada, entre as testemunhas destacava-se o novo e apaixonado casal Sérgio e Cíntia, que já estavam noivos e diante daquele cenário sonhavam com o seu dia, os pais da noiva estavam emocionados e felizes, mas os pais de Eric eram os mais radiantes, especialmente Ângela que naquela noite tão especial via se descortinar ante seus olhos mais uma parte da promessa que Deus havia feito a respeito do seu filho e que agora estava se cumprindo.

CAPÍTULO 16

Um ano mais tarde todos estavam de volta aquela igreja com Eric e Gleice, mas desta vez para agradecer a Deus por tudo quanto Ele havia feito nas suas vidas. Aquele culto em ações de graças foi tão concorrido quanto o dia do casamento, de modo que a igreja estava superlotada. Subindo Eric ao púlpito iniciou o seu discurso com estas palavras:

- Meus amados irmãos com efeito, hoje eu posso dizer como disse Josué: “Palavra alguma falhou de todas as boas palavras que o Senhor falou a respeito de Israel, TUDO SE CUMPRIU.” (Josué 21;45). Para que todos que estão aqui nesta noite possam ficar totalmente inteirados dos motivos pelos quais estamos oferecendo a Deus este culto em ações de graças, faz-se necessário que eu faça uma pequena recapitulação dos fatos que aconteceram reportando-me a dois anos atrás quando tudo começou. Pois bem naquela época eu estava para concluir o seminário e não havia ainda definido como seria o meu ministério, então num certo dia em um culto de oração na minha igreja Deus me deu uma promessa de me usaria numa grande obra a favor dos jovens desta cidade. Meus irmãos, ser alvo das promessas de Deus é um grande privilégio, entretanto todo crente que possui um pouco que seja de maturidade espiritual sabe que, nem sempre o cumprimento da promessa se dá do dia para a noite, e que muitas vezes na trajetória entre o recebimento da promessa e o cumprimento da mesma há obstáculos, desertos e vales onde aquele que está a caminho da benção prometida pode vislumbrar a mão de Deus, operando maravilhas, salvando, guiando e livrando. Assim aconteceu comigo.

Pouco tempo depois do recebimento daquela promessa, sofri um grave acidente de automóvel e fui parar na UTI, de onde Deus me tirou com mão forte e braço estendido quando eu já havia sido desenganado pelos médicos, esta é a primeira das bênçãos, a segunda grande benção foi lá mesmo no hospital ter conhecido esta pessoa maravilhosa que é a Doutora Gleice a qual Deus me deu também o privilégio de me conceder como esposa. A terceira benção foi o livramento que Deus me deu quando estava sendo assaltado por um jovem viciado. Durante o assalto clamei a Deus e Ele quebrantou o coração do jovem que desistiu do assalto e eu pude então evangelizá-lo, e ouvindo ele a palavra foi salvo, todavia infelizmente dias depois ele foi morto por traficantes. A partida precoce daquele jovem e a situação crítica de tantos outros que diariamente são vítimas das drogas

na nossa cidade nos levou a, inspirados por Deus a idealizarmos uma instituição que pudesse acolher, tratar e recuperar viciados em drogas, e assim nasceu o Centro de Desintoxicação e Recuperação de viciados. Nós louvamos a Deus pelo que Ele tem feito neste centro desde a sua fundação até o dia de hoje, pois do nada Ele nos deu esta grande estrutura, movendo corações e levantando vidas para investirem neste trabalho que, creio eu, saiu do seu coração. Muitas vidas tem sido abençoadas através deste trabalho, prova disso é que no mês passado recebemos da câmara de vereadores desta cidade uma menção honrosa em reconhecimento aos serviços prestados a comunidade, pelo que também estamos agradecendo a Deus nesta noite. Vou passar agora a palavra a minha esposa que irá complementar este discurso fazendo as suas considerações.

Levantando-se Gleice, dirigiu-se ao púlpito, e lá chegando fez um sinal para Cíntia, que sentada ali nos primeiros lugares segurava um envelope cujo conteúdo desconhecia, Gleice pediu e ela subiu ao altar trazendo o mesmo, tomando Gleice nas mãos o envelope iniciou o seu discurso:

- Amados, minha saudação a todos que vieram cultuar e agradecer a Deus conosco nesta noite! Quero aproveitar a oportunidade para agradecer a Deus pelo nosso casamento, pelo esposo maravilhoso que Ele me deu e ainda pela sua família que eu amo tanto. Entretanto, além das três grandes bênçãos que meu marido já mencionou há ainda outra grande benção, a quarta grande benção e ela está aqui neste envelope, é uma surpresa que venho guardando para este dia, quero passar o envelope as mãos do meu esposo e ele vai descobrir agora e compartilhar com todos mais esta grande benção que o Senhor está nos dando.

Eric voltou ao púlpito surpreso, não sabia realmente do que se tratava, Gleice posicionou-se ali do seu lado e ficou aguardando a abertura do envelope para ver a sua reação. Ao abrir o envelope e ler o seu conteúdo Eric ficou por um momento estático e de olhos arregalados, não sabia se sorria, não sabia se chorava, pois ali estava a mais alvissareira de todas as notícias que pode fazer um homem se sentir realizado, Eric iría ser papai. Aquela notícia alvoroçou toda a família contagiando também todos os que estavam ali presentes e o culto explodiu numa festa de muita alegria que veio a se prolongar depois com a confraternização no salão de festas da igreja.

Eric e sua família entraram para a história daquela cidade por causa do grande milagre do qual eles foram protagonistas. O centro de recuperação

de viciados que Deus implantou ali por meio deles veio a ser mais tarde um referencial para as demais entidades que trabalham com recuperação de viciados no pais, e assim continuou Deus abençoando aquela cidade por amor do seu povo que a ele clamava.

F I M

EPÍLOGO

Assim como na historia que lemos o nosso DEUS é poderoso para fazer muito mais além do que pedirmos ou pensarmos.* Ele pode também fazer coisas grandiosas nas nossas vidas, como fez na vida dos personagens da nossa história, resta-nos que nós, como eles estejamos firmes nas promessas do senhor, e que o nosso testemunho coopere com a nossa pregação para que possamos ganhar muito mais almas pra Jesus, e ainda que estejamos antenados com os problemas que atingem a nossa sociedade, estando dispostos a, além de orar, idealizar e desenvolver com a igreja, ações que possam contribuir para mudar o quadro em que elas se encontram.

QUE DEUS O ABENÇOE!

*Efésios 3;20

James Norman

JAMES NORMAN
Enviado por JAMES NORMAN em 06/09/2020
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