Cuco eterno!

Antes de tudo, fazem-se necessários alguns dados importantes, que por aqui são mencionados e que foram obtidos na em blog.kikos.com.br/relógio-cuco-historia-tradicao/

Corriam os anos 70 e com alguns também jovens amigos, companheiros nas peladas no futebol, nos bailinhos realizados de forma alternada nas casas onde havia locais disponíveis nos finais de semana, nas conversas realizadas ‘nas esquinas’, obviamente obedecendo aos horários estipulados pelo regime militar vigente e até nas escolas, onde por vezes coincidia estudarmos juntos, trocávamos confidências e contávamos histórias próprias não ‘divulgadas’ para a totalidade!

Dentre os amigos que possuía, como não poderia deixar de acontecer, existiam alguns com os quais eu possuía uma maior afinidade e com os quais podia ‘confidenciar’ acontecimentos pessoais, sendo a recíproca também totalmente verdadeira...

Numa dessas ‘confidências’, o AMIGO Mauri revelou estar tremendamente chateado com seu futuro sogro, haja vista estar namorando firmemente com a Carmela e apesar de justeza de seus propósitos em relação à jovem, estando inclusive em período de noivado, não tinha oportunidade de estar NUNCA às sós com a eleita!

Em dias da semana previamente fixados pelo sogrão, o casal permanecia na sala de estar da residência da eleita, lado a lado em um sofá enquanto o sogro permanecia em outro sofá defronte ao deles... rs

O detalhe é que havia um relógio cuco dependurado logo acima do sofá onde o sogro assentava-se e, impreterivelmente às 20h00, sem NUNCA FALHAR, o ‘passarinho’ de forma majestosa e sempre constante, entoava seus oito cantos, dando por encerrado o tempo diário do ‘noivado’... Ato contínuo, o sogro levantava-se e dirigia-se para a porta de saída e era imediatamente seguido pelo casal de enamorados. Permanecia em pé junto à porta até que o apaixonado casal timidamente se despedisse e a moçoila rapidamente em casa adentrasse!

Por ai, percebe-se o tamanho do drama quando o casal inventava de passear em local fora da residência! Tinha de levar a irmã ou o irmão (ou ambos...) menores para fazer-lhes companhia!

Porém, o amor que os unia a tudo superou e em pouco tempo uniram-se em matrimônio em Nov/1972, permanecendo unidos e felizes até os dias atuais!

Por meu turno, embora sem enfrentar nem um terço das ‘agruras’ enfrentadas pelo casal amigo, também tinha lá meus percalços em meu relacionamento, haja vista que ‘minha eleita’ morava em outro estado da federação e que nossos contatos eram realizados através de alguns fortuitos telefonemas e com maior constância através cartas!

Quando denotamos que já estava no momento de contrairmos matrimônio, a minha já noiva deslocou-se de seu estado de origem para SAMPA, indo hospedar-se na casa de uma tia, enquanto providenciamos toda a preparação, ai incluindo onde fixaríamos residência e toda documentação, sendo que devido a menor idade civil da nubente, que na época era 21 anos, tinha de ter em sua composição uma autorização passada em cartório, do seu genitor, sendo despendido algum tempo.

Durante essas idas e vindas, muitos passeios foram realizados, com visitas aos familiares, alguns conhecidos e locais de lazer. Saliente-se que em um dessas incursões, em visita realizada a uma irmã do noivo, a jovem ‘casadoira’ viu na parede da sala da residência um relógio cuco e ficou muito fascinada por ele! Com tal fato relatado à irmã visitada, comprometeu-se ela a presentear o casal com um exemplar do relógio como seu presente de casamento, para gáudio da jovem casadoira.

O tempo rapidamente transcorreu e com tudo acertado, em julho/1973, o feliz casal disse SIM em presença do PADRE celebrante, e já estando unidos pela LEI DOS HOMENS, também foram unidos pela LEI DE DEUS!

Após breve período de lua de mel, felizes e apaixonados, foram desfrutar de seu ‘habitat comum’, tendo como primeira atribuição, o desembrulhar dos inúmeros mimos recebidos! Eis que se deparou com o embrulho relativo ao mimo ofertado pela irmã do noivo e, àvidamente o desfizeram deparando-se com o próprio relógio CUCO que embelezava a parede da ‘cedente’.

Embora surpresos, porém muito felizes, de imediato colocaram o presente em seu devido local, colocando-o para funcionar e ouvindo o primeiro canto no novíssimo ‘ninho de amor’!

Em visita posterior que fizeram àquela que lhe havia oferecido o mimo, ouviram o relato do por que ela lhes havia dado aquele relógio cuco já utilizado durante seus onze anos de casamento, inclusive por sugestão do marido. Segundo o relato, a jovem casadoira demonstrou tanto entusiasmo com o relógio que o casal decidiu adquirir um novo, ficar com ele e oferecer como mimo, o cobiçado pela jovem!

Decorridos 47 anos desde o SIM, somando-se os mais de onze anos que o relógio CUCO permaneceu dependurado na parede da ofertante, pode-se afirmar que o mimo já passa dos 58 anos, sendo que durante esse período passado, ’compareceu’ somente uma vez em uma oficina especializada para realizar uma limpeza!

Haja impecabilidade!

PHILIA E NAMASTÊ!