O amor e o tempo.

Dna. Matilde era uma senhora de 68 anos, cabelos brancos, forte e meio intransigente, nao gostava dos barulhos do vizinho, franzia a testa quando ele a cumprimentava, com um largo sorriso que insistia en dar e muitas outras coisas, que ela insistia em se encomodar.

O vizinho era Moacir um homem e de 50 anos, solteiro, advogado que gostava de correr todas manhas, com sol ou chuva.

Ela pouco fazia barulho a nao ser quando ligava a televisao ou colocava o unico disco que tinha, para tocar na antiga vitrola.

Quando colocava a música, voltava suas lembranças ao último amor de sua vida, o garbozo major aviador, que lhe deu por muitos anos, muito amor e a fazia ir as nuvens com suas carícias.

Se conheceram no aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro, ela passeava arrastando uma mala, enquanto esperava o embarque para ir visitar a filha em Sao Luis no Maranhao.

Viveram 12 anos esse amor proibido, sim, pois ele era casado.

Mas tudo terminou na última viagem que ele voou.

Matilde ficou arrasada e desde entao, sua vida ficou sem graça e sem amor.

Moacir era um solteirao assumido, casamento nem pensar, teve algumas aventuras mas... nada serio.

Ele curtia sua solterice sempre muito bem acompanhado.

Alba era uma moça que sonhava em encantar Moacir para sempre, pois como Scheherezade, vivia lhe contando histórias de paixao, para que ele nunca lhe mandasse embora, mas... nunca conseguiu.

Um dia, Moacir ainda dormia qundo escutou a musica do apartamento de Matilde, a música envolvente e suave que o embriagava de amor, seu corpo, nota após nota musical, se aquecia num romance cálido e terno.

Seus pensamentos, chegavam a imaginar como Matilde seria por baixo daquelas roupas largas e escuras que vestia.

Quando o relógio o despertou, a música nao tocava mais.

Tomou sua vitamina batida e saiu para a sua corrida matinal, num momento, parou em um banco, sentou e lembrou-se da música pensando.... Que coisa nao consigo deixar de pensar em Matilde, o que está acontecendo comigo?

Virou-se e caminhou de volta para o predio que morava.

De longe, viu Matilde entrando com uma sacola de supermercado, aprepressou-se e a alcançou dizendo um bom dia, com o largo sorriso de sempre.

Matilde o olhou lentamente e seus olhos fitaram o olhar gentil daquele homem que ha muito ignorava, parecia que era outro, era como se já o conhecesse fora dalí.

Os dois entraram no elevador, desceram... encaminharam-se cada um a sua porta... se viraram, olharam-se e entraram fechando a porta atrás.

Matilde, pensou em convidá-lo para o café e quando abriu a porta, ele ja estava parado na sua, veio convidá-la para um suco.

- Quer tomar café comigo Moacir? perguntou olhando ligeiramente para ele.

- Sim Matilde.

E entrou lentamente no apto dela.

Moacir sentiu um leve perfume de flores, olhou entorno e parecia que ja conhecia aquele ambiente.

Quando ela veio com a bandeja, para a mesa, reparou no bolo, o suco, suas maos.... ah suas maos, com um subito impulso, as tocou lentamente, e as beijou, levantou os olhos, observou seus lábios suaves e os beijou lentamente.

Ali, nesse exato momento, começou um sentimento de ternura e desejo, que perdurou por alguns anos... até a morte de Matilde, seis anos depois.

Hoje Moacir durante a caminhada, se lembra ainda, que Matilde foi o grande amor de sua vida.