A SAGA DE UM JOVEM PLEBEU

Este fato aconteceu nos anos 70, quando eu tinha 18 anos.

Nasci em Quixadá e com 05 anos de idade meus pais vieram morar em Fortaleza e quando completei 18 anos fui conhecer minha cidade natal.

Fiquei encantado com a Cidade de Quixadá a Terra dos Monólitos, onde ali visitei meus familiares, conhecendo a matriarca da família Nobre, vovó Glória e meus tios.

Durante o dia sai para conhecer meus primos, que moravam no bairro Alto São Francisco.

No trajeto presenciei um Acidente de Trânsito, uma jovem por sinal muito bonita , foi atropelada quando atravessava a rua de bicicleta.

De imediato socorri aquela moca, que com muito sacrifício tentava se levantar, porém, peguei pelos braços e levei ao hospital.

Fiquei naquele nosocomio até a jovem ser liberada, tendo ela fraturado a perna.

Após receber alta chamei um táxi e levei aquela jovem, que atendia pelo nome de Branca de tão alva que ela era, para sua residência no jardim dos Monólitos.

Ali chegando ela me apresentou sua família em seguida foi servido um café.

Após o café a jovem branca de apenas 17 anos, pediu sua mãe para levá- lá para seu quarto, dizendo que estava com dor de cabeça, porém, pediu para que eu ficasse conversado com ela.

Ela deitada e eu sentado em uma cadeira de balança, passamos a conversar, quando fui surpreendido com um pedido de namoro.

Mesmo surpreso aceitei e como estava na hora de ir ao encontro do meu primo, anunciei que ia embora, tendo ela me convidado para retornar à noite para conhecer seu pai.

Fiquei muito feliz com aquele convite e apaixonado por aquela jovem, cedo da noite eu já estava de volta.

Quando cheguei em sua casa encontrei a jovem bem vestida a minha espera, porém, notei seu semblante diferente, quando aproximei ela me deu um forte abraço e em seguida um beijo.

Eu estava feliz como um jovem perdido na noite e passei a acariciar suas mãos, quando de repente chega na sala um senhor , bem alto, forte, cabelos grisalhos de chapéu de vaqueiro.

Ela sorridente, disse papai esse é o rapaz que me socorreu após o acidente.

Ele simplesmente me cumprimento balançando a cabeça e foi para a cozinha da casa.

Achei estranho a atitude dele e ela percebendo, disse, ele é assim mesmo.

No dia seguinte retornei à casa dela, onde foi servido por sua mãe um almoço, ocasião em que conheci seus irmãos, porém, o pai dela não estava em casa, apesar de ser um dia de domingo.

Quando se aproximava das 17:00 hs, me retirei, haja vista que eu ia viajar às 22hs.

Quando se aproximava do horário do ônibus, de retorno à Fortaleza, fui me despedir da minha nova namorada.

Quando cheguei em sua casa, ela veio falar comigo chorando, contudo, surpreso, perguntei o que havia acontecido, quando ela me falou que seu pai não queria o nosso namoro.

Então indaguei por que, tendo ela dito que pelo fato de eu ser de cor preta, ele não queria o namoro e que ela terminasse.

Confesso que fiquei arrasado com aquela notícia porém, passei um bom tempo calado, enquanto lágrimas escorriam em meu rosto, abracei aquela jovem, como se fosse o último dia da minha vida.

Quando eu estava de saída, ela me chamou e disse que ia comigo para Fortaleza e que sua mala estava pronta.

Eu perguntei, seus pais sabe disso, ela respondeu: Não, vamos fugir, quero morar com você.

Mesmo com a voz trêmula eu disse Não! peguei pelos braço e disse, somos jovens, eu não tenho condições de casar agora, apesar de trabalhar , ainda estudo e ajudo meus pais.

Ela chorando adentrou em seu quarto e como já estava se aproximando do horário do ônibus, para retornar à Fortaleza, sai dali com lágrimas nos olhos, sem me despedir de sua família.

A lembrança daquela linda jovem de cabelos loiros de olhos azuis, permaneceu no meu pensamento durante muito tempo.

Assim termina uma história de AMOR, que não teve começo nem fim.

Edilberto Nobre - Conto baseado em fatos reais..

Em 20.10.2020