AMOR E AMBIÇÃO - XLIV

XLIV

Para a nova família de Genilsom, o final do ano vem sendo melhor que o esperado. Mas há um assunto que merece uma DR. Por conta de Genilsom isso já é coisa enterrada. “Não se mexe com defunto morto”; dizem os antigos. Só que para sua mulher, o esclarecimento do episódio, é uma questão de honra. Ela precisa colocar um Sol particular, seu, sobre um fato sombrio, acontecido na primeira noite dela e de sua irmã Valquíria, na casa de Genilsom, em S. Luiz. Fato esse que se intrometera onde não fora chamado.

Segundo Zefinha, essa insistência não é uma questão de arrependimento, mas, sim, a necessidade de se colocar luz sobre dúvidas que pairaram. E essa luz deverá ter o mesmo fulgor do luzeiro dos fogos de artifício, aniquiladores do silêncio que alimenta as reflexões necessárias para se enfrentar as possíveis agruras do ano vindouro.

___ Amor, precisamos conversar sobre algo que você já demonstrou desinteresse e até desgosto. Mas precisamos. Vamos aproveitar a oportunidade da gente estar os três juntos.

___ Sendo assim... Vamos lá.

___ Valquíria, vc quer começar ou começo eu? – Zefinha surpreende a irmã.

___ Bem... Posso começar. Até porque se eu não estivesse presente, no dia, não haveria razão pra essa conversa agora.

___ Então fica a vontade.

___ Quando a Zefinha me chamou pra vir pra cá, eu vibrei. Conhecer lugares novos eu amo. Sempre sonhava com isso. E, ainda por cima, contribuir para a felicidade da minha irmã, foi tudo de bom. Mas, como você sabe, Genilsom, passei um bom tempo da minha vida, praticando sexo pago. Isso cria na gente uma sensação de que tudo é normal, da porta de um quarto até à cama, se consentido. Mas eu errei porque aqui é o novo lar da irmã que adoro. Eu não deveria ter aceitado participar daquele ato.

___ Não se culpe pela culpa de outra pessoa. Quem bolou aquele ato fui eu. A culpa é minha. A minha estupidez cresceu e ficou do tamanho da minha paixão. Eu imaginava que seria um mimo pra ele. Veja que burrice minha!

Genilsom interveio, colocando as mãos sobre os ombros das duas, carinhosamente.

___ Pois bem... Ambas já estão perdoadas. Sugiro que passem uma borracha nessa página de nossas vidas; risquem, na folhinha, esse dia. Só assim, não teremos mais motivos de tocarmos nesse assunto. Fechemos o ano com a chave da paz.

Roberto Candido Machado
Enviado por Roberto Candido Machado em 11/03/2021
Reeditado em 12/03/2021
Código do texto: T7204142
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