Perdida na Chácara

Alessandra corria pela segunda noite no meio daquela floresta procurando por abrigo. Celular desligado, sem rede, recursos já esgotados e nenhuma ideia de onde estava. A receita perfeita para a morte certa. Para melhorar seu infortúnio, uma chuva forte a molhava abundantemente e ela seguia por diretos três dias sem alimentação apropriada.

Ela mesmo se questionava por que ainda tentava salvar sua própria vida. Mas o instinto de que algo aconteceria ainda era maior que sua vontade de parar de andar.

Seguindo a uma direção aleatória, por duas horas sem parar. Alguma coisa apareceu em sua paisagem: uma pequena chácara.

Ela rapidamente percebeu que havia alguém lá, pois as luzes da sala estavam acesas. Um sentimento de alívio brotou em seu coração.

"Por favor, tem alguém para me ajudar?"

Gritava ela enquanto batia na porta desconsolada. Já cansada, desistiu e se agachou na porta e começou a chorar.

Um pouco depois, alguém timidamente atende as batidas com um quase silencioso: "Tem alguém aí fora?"

Era William, um jovem que passava suas férias de trabalho na chácara.

A princípio, não atendeu a porta por medo. Mas raciocinando melhor percebeu o grande erro que cometeu após não abrir imediatamente. Quando viu a imagem de Alessandra desfalecida no chão, seu coração se encheu de dó e tristeza, e urgentemente tratou de recebê-la.

- Você está bem senhorita? O que aconteceu?

- Eu... Eu me perdi, estou a dois dias andando... Por favor me ajude.

- Dois dias nessa floresta? Impressionante estar viva... Por favor, entre logo e vou cuidar de você. Não precise se preocupar, você está segura agora.

Ele a levantou e a apoiou em seu ombro. Como estava molhada pela chuva, William se preocupou que ela ficasse gripada. Então após acompanha-la para dentro, tirou seus sapatos molhados e a agasalhou com uma manta de frio.

- Fique um pouco com esse cobertor para tirar a friagem. Você precisa trocar de roupa e tomar um banho, mas pelo que vejo sua mochila está mais molhada que você... Espere aqui que vou preparar seu banho e roupas limpas.

- M...muito obrigada... Peço desculpas pelo encômodo mas você salvou minha vida. Ah propósito, qual é seu nome?

- Meu nome é William, e não precisa me agradecer, sinta-se em casa. E qual é seu nome?

- Eu sou Alessandra, estava acampando e acabei me perdendo. Meu celular estava descarregado e eu não consegui pedir por resgate.

- Acampando sozinha? Isso não é coisa que amadores deveriam fazer. Eu não quero ser rude, mas você foi descuidada ao extremo. De qualquer forma tenho acesso a rede aqui, assim que você se recuperar te levarei a cidade mais próxima para você voltar para casa...

- Muito obrigada... Ah por falar nisso, você mora aqui?

- Hm eu? Na verdade é uma história meio longa... Mas digamos que eu esteja de férias da agitação da cidade... Depois nós conversamos mais, vou preparar seu banho....

Ele se foi antes que ela agradecesse denovo. Era meio problemático ela ser uma mulher, porque na verdade ele não tinha nenhuma roupa feminina...

Quando sozinho no banheiro, a ficha de William caiu:

"Por que uma garota tão bonita está aqui? Será que isso foi enviado dos céus? Será que foi sorte? Não... Será que ela é uma psicopata na verdade?

De qualquer forma não posso dar em cima dela, tenho que manter o respeito. Então o que eu vou fazer? Talvez eu só deva tratar ela bem até que ela vá embora. Afinal, mesmo que eu tenha achado ela bonita, nada do que eu fizer vai fazer ela gostar de mim..."

Não é surpresa pra ninguém que um jovem cheio de hormônios pensaria em relacionamento uma hora ou outra, não importa o contexto, o sentimento é basicamente o mesmo. Mas por ela estar em uma situação tão vulnerável, William decidiu que a trataria da forma mais respeitosa possível para que ela se sentisse a vontade.

- Alessandra? Eu preparei um banho quente para você, e separei roupas limpas. Se apresse pois vou começar a janta agora mesmo, imagino que você deva estar faminta.

- Sério? Você tem sido muito atencioso comigo. Por favor, me diga se eu puder ser útil em alguma coisa. E me perdoe abusar da sua gentileza, mas pode colocar meu celular pra carregar?

- Já disse que não precisa agradecer. Na verdade, eu quem deveria te agradecer...

- Me agradecer? porquê?

- Hmm, eu estou aqui há duas semanas solitárias. Estava quas mie enlouquecendo conversando só comigo mesmo. Acredite ou não, mas ter alguém para cuidar além de mim é incrivelmente interessante...

Gustavo Brandente
Enviado por Gustavo Brandente em 07/06/2021
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