Colar de Estrelas

Desde crianças, Narinha e Zezinho eram apaixonados, sempre um cuidando do outro, unidos como unha e carne. Nascia um grande amor. Mas no início só pressentiam.

A consciência do amor só chegou na adolescência, das brincadeiras passaram ao namoro, aos beijos, abraços...Mas com respeito mútuo, não avançavam o sinal.

As suas famílias eram totalmente contra o namoro. Pai de Narinha dizia: "Menina, dois lisos junto, escorregam". A mãe do jovem: "Zezinho, amor não enche a barriga de ninguém".

Eram de famílias pobres, estudavam devido a bolsas escolares. Sabiam que a força das circunstâncias impediriam o seu amor. Não conversavam sobre isso, a nao ser por intermédio dos olhos, estes nunca omitem nada. Preferiram aproveitar o tempo que lhes restava. Sabiam que teriam que se separar.

Antes da separação,estavam uma noite na pracinha, abraçados, quando ele olhou para o céu e contemplou a lua cheia rodeada de estrelas fazendo cabriolas em torno dela. Ele olhou fixamente para a namorada e disse sério: "Narinha, se eu pudesse te daria u colar de estrelas". Ela riu, mas instintivamente, colocou a mão esquerda no pescoço como se estivesse acariciando um colar.

Continuaram a namorar e viver o amor até sentirem que não era mais possível continuar. Um deles teve que partir. Zezinho terminou o ginasial, mas não tinha condições de continuar os estudos, nem havia na cidade emprego. Além disso precisava servir ao exército. Sua família achava que isso seria uma oportunidade dele melhorar de vida. Ela também concluiu o ginasial, as freiras lhe concederam mas ma bolsa para estudar o Curso Pedagógico. Teria portanto uma profissão.

A despedida fpi triste, sabiam que iriam seguir caminhos diferentes. Não havia como evitar a separação.A vida tinha queseguir seu curso.

Passaram-se anos e anos. Ela ficou na cidadezinha e ele foi pro mar. Foi servir na Marinha, depois engajou-se na Marinha Mercante. Nunca quis volar à cidade, nem a passeio, não queria sofrer. Elase tornou professora. Depois de alguns anos para atender àsconvenções sociais, casou-se com um comerciante rico, um sujeito bom, honesto, que mesmo sabendo que nunca seria o grande amor dela, tratou-a com respeito e carinho. Mas ...as frças do destino fez com que ela enviuvasse. Resolveu definitivamente sossegar a periquita, como se diia antigamente. Casamento nunca mais.

Mas mesmo casa e agora viúva nunca esqueceu do seu grande amor. E, pasmem, nem doseucolar de estrelas.às vezes na janela,nas sas vigílias à noie, olhando as estrelas suspirava. E cantarrolava baixinho uma música que fez muitosucesso na voz de Maria Bathânia que começava assim: "Um pequenino grão de areia/ que era um pobre sonhador/ Olhando océu viu uma estrela...".

Ele também nunca a esqueceu, incçusive nos navios ouvia a mesma musica numa radiola portátil, e olhava as estrelas mas ogo chorava e elas ficavam borradas.

Quando os cabelos embranqueceram e opasso foi ficando lento, Narinha adquiriu u novo hábito: ir todas as noites de lua cheia à racinha e ficar sentada num banquinho olhando as estrelas e cantarrolando a música. As pessoasa princípio pensaram que estivesse variando, mas depoisrespeitaram, sabiam de sua história de amor.

Numa dessas noitesde lua cheia e muitas estrelas no céu, enquanto cantava baixinho ela viu uma estrela piscar no céu, riu e fez um pedido e, de repente, ouviu uma voz conhecida dizr às suas costas: "Um dia, Narinha, eu disse qe se pudesse te presentearia com um colar de estrelas, mas não pude fazer isso". Ela virou-se para ele, rndo de felicidade mas chorando ao mesmo tempo, sabendo que seu pedidofora atendido, e com a mão esquerda (era canhota)acariciando o pescoço, falou brincalhona: "Deixe de besteira, você me deu essecolar, não está vendo-o? Eu nunca deixei de usá-lo".

Nunca mais se separaram, rasparam o cororó da vida juntos. Uma vitória ainda que tardia do grande amor.Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 11/07/2021
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