A Primavera de Renata — Capítulo dois
Que sensação horrível. Foi terrível sentir o clímax e como trilha sonora o seu marido lhe chamando pelo o nome da amante. Tina. Que mal fiz a Deus para essa avalanche em minha existência?
— Eu sabia que uma hora ou outra essa piranha voltaria. — falei abaixando o baby Doll.
Miguel não sabia o que fazer e nem o que falar. Seu rosto ficou vermelho, os músculos enrijecidos e a respiração pesada.
— Acho que o melhor a ser feito você já sabe, não é? — sai do banheiro.
— Eu, eu ainda não estou preparado. Podemos conversar?
— Sim, claro que podemos conversar. Aliás, eu já queria ter uma conversa com você há dias.
Nosso casamento já era. Ele acabou desde quando descobri que Miguel me traia com a safada da Tina há um ano. Um ano sendo passada para trás, tirada como otária. Chega. Na conversa ele tentou de todas às formas me convencer a mudar de ideia, mas eu estava irredutível.
— Eu estou arrependido, Renata.
— Só me responda uma coisa, vocês continuam se encontrando?
O canalha ficou em silêncio. Resolvi provoca-lo.
— Seja homem pelo menos uma vez na vida.
Ele me olhou. Seus olhos faiscavam.
— Sim!
Dei uma de doida batendo palmas.
— Viva, viva, até que enfim ele falou a verdade. — fiquei em silêncio olhando para ele. Deixei clima ficar ainda mais constrangedor. — quero o divórcio.
Me deitei. Puxei o edredom e fechei os olhos.
Claro que não consegui dormir. Passei a noite chorando. Miguel foi dormir no outro quarto. Cansei de ficar revirando na cama lembrando da minha vida no passado. Senti vontade de fumar. Mesmo de madrugada andei até o jardim nos fundos da casa e acendi um cigarro. A lua estava linda.
— Eu te odeio Miguel. — falei olhando para a lua. — odeio todos os homens. (Continua)