The Love Between Us: 37- Tudo bem não estar bem.

Um raio de sol entrava pela fresta da cortina dando direto no meu rosto. Foi como um retorno de águas profundas, eu necessitava respirar. Lembranças do que parecia um sonho enevoado surgiram causando desconforto e uma enorme dor de cabeça.

Ainda estava no flat do Tom, percebendo isso, eu tentei levantar, mas mãos insolentes me fizeram retornar ao meu posto de bela adormecida.

-Meus amigos devem estar preocupados. – Falei com a voz meio incerta.

-Para saber como agir, eu liguei para a Ray.

-Ela disse pra eu ficar aqui?

-Você teve um ataque de pânico, ansiedade, eu não sei bem, mas logo voltou a si. Ela veio aqui e apesar de ainda parecer entorpecida, você não quis ir pra outro lugar.

-Você está me monitorando?

-Algo assim.

-Bom, eu já estou bem, por isso... – Levantei mais uma vez.

-Espera. Desde quando você tem isso? Você não fazia terapia?

-Não importa.

Tentei sair da cama, mas ele me segurou, então eu o beijei. Ele até retornou o beijo, porém quando fui mais afundo e minhas mãos desceram até a sua cueca, ele me parou.

-Nós temos de conversar.

-Agora quer conversar? – Comecei a me vestir. – Todos essas dias eram só sexo e nada de papo. Até tentou me pagar. Só faltou não rolar beijo...

-Já te expliquei o motivo do dinheiro. – Ele disse ao segurar meu braço me fazendo lhe encarar. – Você sempre disse não querer nada sério, então eu estava dando o que você queria. Algo casual.

Não pude conter um risinho.

-Ok. Se é apenas algo casual e você não quer sexo nesse momento, eu vou saindo ou vou acabar atrasada para o trabalho.

-Megan...

-É minha culpa você não querer nem dizer um oi e partir pro sexo e ainda me pagar por isso. Tudo bem. Quando quiser de novo só dá um toque... Agora, vê se aumenta o valor, tá?

Ao sair do prédio sinto alguém segurar meu braço.

-É divertido? – Tom perguntou. – Sempre me fazer correr atrás de ti.

-Não pedi para vir atrás de mim. Só quero ir pra casa.

-Você me acusa de te tratar como uma puta e acha que vou deixar por isso mesmo?

-Não tem nada de errado em ser prostituta, eu me ofendi com o valor...

-Aquilo foi pro táxi, Megan! Para de me enrolar. Volta pra dentro para conversarmos sobre o que está acontecendo contigo.

FLASH.

Tom me puxou pra si tentando me esconder em seu abraço. Completamente paralisada, uma avalanche de memórias me inundava. Meu coração batia como uma britadeira desesperada para quebrar o concreto, respirar se tornava quase impossível, minhas mãos tremiam e minha visão parecia de um bêbado que esteve misturando todo tipo de bebida existente.

Mantive essa minha nova relação com o Tom em segredo, principalmente, por causa do Colin. Ele é muito protetor comigo. Como um irmão enciumado ou algo do tipo. Eu sabia o quanto ele iria reclamar a respeito dessa minha decisão, só não sabia que com a ligação do Tom para a Ray durante meu surto, o Matt ouviria a conversa e acabaria contando para o Colin.

Enquanto o Tom tentava me tirar dali sem muito sucesso, o Colin gritou meu nome. Sem dizer uma palavra, ele agarrou minha mão e começou a me puxar para longe dali. O Tom não teve tempo de fazer muita coisa e com o número de pessoas aumentando ao seu redor, ele apenas pôde retornar ao flat.

Não demorou nem uma hora para as nossas fotos já estarem estampadas em redes sociais e sites de fofoca. Muitos indagando se eu estava namorando o Colin e o traindo com o Tom.

-Por que? Por que ele? Por que voltar pra ele depois de tudo? - Colin perguntou quebrando o pesado silêncio que permeava dentro do carro.

-Nós não voltamos... – Mordia a parte interna da minha bochecha tentando não chorar, pois se começasse, eu não iria parar o dia todo.

-Mesmo se for algo apenas casual... Você já estava bem, Megan, e agora está pior.

-E-eu...

-Não diga que está bem, porque você não está. – Quando ele parou na porta da minha casa, eu vi a oportunidade de fugir, mas ele não me permitiu. -FIQUE DENTRO DESSE CARRO, MEGAN!

-Para de gritar. Por que está assim? Por que se importa?

-Porque eu gosto de você! Merda! Eu gosto de ti sua estúpida, esquisita garota. Você é minha amiga... Minha melhor amiga. Se você ama aquele cara, eu não vou dizer mais uma palavra, mas se decida de uma vez.

-Colin...

-Você se desgasta trabalhando vinte horas por dia na tentativa de não ficar sozinha com sua própria mente, só dorme com ajuda de remédios e quando isso acontece ainda tem pesadelos. Você realmente acha que está engando alguém? Com todos esses ataques de pânico, crise de ansiedade... Você não está. Tudo bem não estar bem, mas você não acha que já se puniu o suficiente? Faça alguma coisa, cacete!

-Você sabe o que aconteceu da última vez que tentei terapia. – Pude sentir o gosto do sangue na minha boca por causa das tentativas de manter as lágrimas dentro de mim.

-Aquele cara era um idiota, cretino, porém ele não é o único terapeuta da cidade... Megan, semana que vem, eu vou entrar em turnê, ainda vou continuar na revista por um tempo, mas logo vou sair pra me dedicar completamente a música.

-Você vai me deixar também.

-Eu sempre voltarei por você, gatinha. Se pudesse, eu te levava comigo. – Ele segurou minha mão. – Olha pra mim. Megan, por favor, olha pra mim. – Ao conseguir olhar para aquele rosto e seus olhos... Eu, pela primeira vez, enxerguei a verdade e soube que ele também me enxergava, com isso minhas lágrimas que tanto me esforcei para segurar começaram a cair. - Só peço para deixar esse roqueiro um pouco mais tranquilo em sua nova jornada.

-Ok. – Encostei minha testa na dele. – Eu prometo.

ALANY ROSE
Enviado por ALANY ROSE em 03/10/2021
Código do texto: T7355704
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