REENCONTRO

Bruna estendeu a mão, mas nenhum táxi parou. As ruas de São Paulo estavam mais movimentadas do que ela se lembrava. Sempre que avistava um táxi, ela tornava a levantar a mão, mesmo sendo ignorada constantemente.

A mulher já estava frustrada, estava quase indo a pé até o hotel onde estava hospedada. Distraída com sua má sorte, ela não notou o homem que se aproximou dela, tentando também chamar um táxi.

Em um breve relance, após algum tempo, Bruna tomou consciência de que alguém estava ao seu lado. Ela precisou olhar duas vezes para sua mente compreender o que os seus olhos viam. A mulher tentou disfarçar, não podia ser, era Pedro quem estava ali. A chance de isso acontecer era muito rara, visto o tamanho da cidade. Tudo bem que ela estava no bairro onde cresceu e conheceu o Pedro, mesmo assim a coincidência a deixou sem reação. Bruna sentiu que Pedro também a reconheceu. Sim, ele a reconheceu, e ela ouvi-o dizendo timidamente:

— Bruna! É você? Quanto tempo!

— Pedro! É bom revê-lo.

Abraçaram-se brevemente. Por alguns segundos, apenas olharam um para o outro. À Bruna, pareceu que Pedro estava ponderando o que dizer, tentando encontrar palavras. Ela, para tirá-lo do embaraço, precipitou-se a dizer:

— O que tem feito?

Ele pareceu aliviado e começou a relaxar. A pergunta dela colocava-os em território seguro.

— Trabalhado, estudado. E você? Como tem ido sua carreira de modelo?

Bruna saiu de São Paulo há três anos, conseguiu uma oportunidade em uma agência de modelos em Budapeste. Antes dela partir para a Hungria, precisou tomar uma decisão difícil: romper seu relacionamento de cinco anos com Pedro. Apesar de sentir seu coração quebrando-se, Bruna sabia que precisava construir seu futuro, ir atrás de seus projetos. Esse reencontro dos dois era uma oportunidade de curar as velhas feridas e talvez fechá-las para sempre.

— Está indo bem. Uma empresa produtora de filmes em Londres me fez um convite para um papel num longa. O papel é secundário, contudo vi uma porta se abrindo.

— Legal! Como é isso? — Pedro perguntou com curiosidade.

— Isso o quê? — Bruna deu um leve sorriso.

— Isso de viajar o mundo, ter sucesso.

— Não vou mentir, eu gosto. Conheci tantos lugares incríveis. Eu achava que sabia o que era viver, mas percebi que nem que eu vivesse duas vidas conseguiria compreender essa imensidão que chamamos de Terra. São Paulo parece agitada? Você ainda não viu o que é agito. — Bruna gargalhou e se perdeu em pensamentos por alguns momentos.

— Parece ser incrível mesmo. — Pedro ficou reflexivo.

Após alguns instantes, Bruna tornou a falar:

— Queria te pedir desculpas. — O semblante dela ficou sério.

— Por ter me deixado? — Pedro indagou, sério também.

— Sim. Eu amava muito você.

— Porém?

— Porém!

— Você tinha sonhos a realizar. — Pedro disse.

— Sim, eu tinha. — Bruna baixou a cabeça e encarou o chão.

Pedro, gentilmente, pôs a mão em seu ombro e disse:

— Você se foi para realizar seus sonhos, e tudo bem. Eu não seria uma boa pessoa se te pedisse para deixar sua carreira para trás. Fiquei triste sim, mas nunca deixei de torcer pelo seu sucesso.

— Obrigada!

Os dois caminharam, desistiram de pedir um táxi. Durante o trajeto, foram conversando sobre muitas coisas, fechando o abismo que havia entre eles.

Chegaram, enfim, ao hotel de Bruna. Ela abraçou a Pedro e afastou-se. Ela ouviu Pedro dizer, antes de adentrar no hotel:

— Foi bom te rever.

Bruna sorriu e acenou em despedida. Ela estava incerta sobre o que viria após esse reencontro, todavia sentia-se positiva.

Nunca seria tarde demais para tornar um velho amor em um novo amor.

Felipe Pereira dos Santos
Enviado por Felipe Pereira dos Santos em 04/11/2021
Código do texto: T7378308
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.