DESILUSÃO

 

Em meus pensamentos não planejei contar essa história, mas por quê? Ora, se trata de um clichê chato e repetitivo, seu resumo é... Além de escrever clichê, você acha que eu irei cair no clichê de escrever o resumo da história no primeiro parágrafo? Quero que o leitor se aventure em mais um clichê romântico, só no final saberás o porquê eu o intitulo assim.

 

Havia um jovem rapaz chamado Roque, estava no último ano da escola, estudava a noite. O menino nunca tinha namorado, só ficou algumas vezes, mas assumir algo sério como o escalão do namoro nunca. Acontece que o jovem se apaixonou por uma moça chamada Melissa, ela tinha o cabelo ruivo natural, olhos verdes, pele branca com algumas sardas no rosto, possuía um belo corpo violão, mas principalmente, era meiga e educada. Roque até já soltou essa pérola: "Quando ela ia à escola o dia era ensolarado e quando não ia o dia era chuvoso". Só podia estar na época errada, devia ser contemporâneo dos poetas românticos da literatura brasileira.

 

Os dois começaram a namorar, todos diziam "Que casal lindo!" Eu dizia "Que casal mais comum!". Era beijo toda hora, abraço a cada minuto, um eu te amo a cada respiração, um cafuné nos cabelos de fogo a cada segundo, aquela melação típica de adolescente. Quase todo dia saiam juntos, iam até a praça da cidade, sempre compravam um sorvete, um algodão do doce ou um lanche reforçado, sentavam no banco e advinha... Beijavam-se e abraçavam-se toda hora.

 

Mas como dizia um filósofo ou um maconheiro "Nada é permanente exceto a mudança” vale outra melhor ainda? "Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio". Aconteceu que Roque não beijava e abraçava a mesma moça do inicio da paixão. O amor de Melissa se esfriou, antes era fogo agora é gelo.

 

Em classificação biológica, Melissa era na verdade uma parasita, sugou todo o amor e o carinho de Roque, sugou toda sua força, tudo para satisfazer um vazio chamado solidão, porque a bela moça não conhece a satisfação de ter a própria companhia, de conhecer a si mesmo e tratar-se como um amigo companheiro. Melissa não se conhecia, muito menos gostava de estar sozinha com a própria companhia, logo ficava a deriva na solidão. Mas a moça era esperta e traiçoeira, queria sair da solidão a qualquer custo, então ela arranjou uma fuga para essa solidão, um modo de escapar do vazio, a salvação era Roque.

 

A Moça que Roque namorou não era a mesma que ele se apaixonou, a realidade quebrou a expectativa, por isso a expectativa é mais bela por não mostrar completamente quem a pessoa é, a realidade mostra quem realmente somos, logo a beleza evapora ou é queimada pelas chamas. Melissa era aquela joia da vitrine que todos olhavam, mas não compravam, uma joia que esperava um rico comprador que pudesse satisfazer suas vontades, desejos e prazeres.

 

Agora, resolvendo o problema do primeiro parágrafo, porque é clichê? Tu já deve ter lido algo parecido em outro conto, em um livro ou até visto em um filme, é uma trama comum. Quer outra interpretação? Pode ser um clichê também pelo fato de ocorrer muito em nossa realidade, é tão comum casos que nem este, onde se ama o prazer e não o amor, que até você leitor pode ter sido um instrumento para satisfazer vontades e não percebeu.

 

Uma vez um filósofo me falou o que é o amor em sua visão, a interpretação fria e sombria a cerca do amor era que ele na verdade é uma troca de interesses egoístas, o romantismo e a idealização eram na verdade ilusões da mente humana, o amor funciona como uma troca, você me oferece aquilo que eu preciso e eu ofereço o que você quer. Agora não tenho certeza de quem me disse isso, se foi o filósofo, o maconheiro ou o tio do bar.

 

 

Organização/Produção: 19/02/2021 - 21/02/2021

Escrita: 22/03/2021

Reescrita: 30/06/2021

Publicação: 04/11/2021

Chris Aponuceno
Enviado por Chris Aponuceno em 04/11/2021
Reeditado em 02/09/2022
Código do texto: T7378504
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