Lugar perfeito sem tempo.
Leonardo era um cara simples, boa pinta e muito brincalhão.
Moreno alto, 1.90 de puro charme e olhos castanhos escuros e barba grande.
Falava muito, era comunicativo , daqueles que gesticula muito com as mãos e jogadas de corpo.
Quando fiquei com ele a primeira vez, não achei que ele fosse daqueles que se acalmasse durante o beijo.
Mas nesses momentos ele era calmo, sereno. Eu sentia os beijos dele pelo meu corpo e o toque de suas mãos , praticamente em câmera lenta. Era o jeito perfeito de gravar tudo na memória. Pensando agora, sinto cada toque, cada movimento, cada cheiro e cada respirada profunda que ele dava perto da minha pele.
Por várias vezes deitei e meditei em silêncio no peito dele enquanto ele assistia qualquer coisa na Netflix. Ele nem se movia. Apenas me acolhia e ficava ali por horas. Era o meu lugar perfeito no mundo. Eu poderia facilmente morar no peito dele e nunca mais sair.
Mas a tagarelice de Leonardo, não surtia efeito apenas em mim.
Olhando suas redes sociais , percebi que algumas outras pessoas também gostavam de viver em câmera lenta.
Fechei meu olhos e meu coração.
Leonardo viajou para as festas de final de ano e eu fiquei.
Fiquei sem reação, sem o meu lugar preferido no mundo.
Prefiro não manter contato. Prefiro não arriscar.
A chance de cura são maiores quando você descobre a doença no início e começa logo o tratamento. Se sofre menos.
Doeu , sangrei, não vivo mais em câmera lenta. Não sinto mais minha pele eriçar daquela maneira.
Estou curada, deitada no travesseiro, vendo o tempo passar no sentido normal, torcendo para que, em outro peito, eu sinta o mundo girar mais lento , mas dessa vez, somente para mim.