HORAS IGUAIS

Quinta-feira, algum dia, de algum dos vários meses que a vida passou, do ano em que teve o primeiro dia marcado pelo balanço inesperado de um coração que pulsava pelo indisponível, que hoje, parece congelado.

Os ponteiros do relógio marcam 02h20min., por coincidências ou não, os olhos dela buscam o relógio sempre em horas iguais ou horas iguais invertidas. Há quem diga que para cada hora igual há um significado, ou um portal.

Mas ela prefere se iludir com a memória da infância, onde as amigas da escola diziam “a pessoa que você gosta está pensando em você”

Ao que parece, essa sensação era o mais próximo de uma certeza do tão buscado, amor correspondido.

Enquanto os pensamentos da madrugada reviravam, no andar de baixo, o radinho de pilha cantando a música que trazia à ela recordações e memórias afetivas, que ao simples fechar dos olhos revivia anos de sua vida. João Paulo e Daniel, na canção mais linda que seus ouvidos já ouviram, dizia “me dê uma chance a mais para amar você!”

Na mesma intensidade de lembranças que a música lhe trazia, o simples fechar dos olhos ao sentir as notas musicais da canção, lhe enchiam o coração de dor e saudades, do que viveu, mas, muito mais saudades do que imaginou viver.

O som daquele violino, um pouco distorcido pela qualidade ruim do áudio do radinho, preenchiam a canção que dizia “eu só quero seu amor, no meu coração. Meu amor é muito mais do que uma paixão. O que eu fiz pra você? Não me deixe assim, eu não posso aceitar o fim!”

Com os olhos cheios de lágrimas, às 03h03min. imaginando que a pessoa que ela gosta talvez estivesse pensando nela, adormeceu, junto com a canção, junto com seu amor, junto com sua saudade, que tem nome, endereço, mas é indisponível.

iNur
Enviado por iNur em 15/01/2022
Código do texto: T7429904
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