Rosa Castanha

Rosa Castanha

Na adolescência costumamos nos apaixonar, não é? E comigo foi assim também, mas diferente das outras adolescentes da minha idade, eu descobri o amor, quando me apaixonei por uma menina. Ela era tão linda. Aquele sorriso estonteante, olhar profundo, lábios rosados. Eu a chamava de Rosa castanha, porque seus cabelos e olhos, tinham a mesma cor dessa flor. Porém, Lídia não era apenas bonita, mas genial. Perfeita, pelo menos, aos meus olhos.

Para minha sorte, ela também gostava de mim. No entanto eu não conseguia dar um passo definitivo, porque o medo de ser excluída pelos outros era maior. Eu sei... absurdo! Amar é maravilhoso e, portanto, poderia ter me entregado logo. Mas a realidade é cruel, porque as pessoas a fazem assim.

O tempo foi passando e a Rosa Castanha, foi se cansando de esperar. Percebi que estava a perdendo e foi então que decidi remar contra a maré, lutar contra o medo e amá-la como ela merecia.

No começo, quando meus colegas de classe descobriram que eu era lésbica, a maioria deles me olhavam com desprezo e às vezes até repulsa. Por isso, acabei andando de cabeça baixa, olhar pregado no chão. Mas, então, entendi que o amor é algo muito puro e belo para ser trancado em um armário escuro e solitário, apenas por motivos sem sentido e repulsivos que são sustentados e defendidos por alguns ignorantes que acreditam que duas pessoas do mesmo gênero não podem se amar.

Eu buscava liberdade. E nunca seria livre se fingisse ser uma pessoa que não poderia ser. Viver verdadeiramente vale todos os momentos angustiantes que já passei e que ainda passarei.

A Rosa Castanha se ainda estivesse viva, estaria orgulhosa de quem me tornei, mas infelizmente, ela não sobreviveu ao câncer. Porém a mantenho enraizada dentro do meu coração, que agora está pela metade, mas ainda bate vigorosamente.

09/03/2022