Da janela entreaberta… (BVIW)

 

ela vê uma silhueta conhecida. No mesmo instante, um arrepio toma conta do seu corpo. Automaticamente, esconde-se por trás das cortinas e pensa em voz alta: — será que ele voltou? Discretamente, resolve dar uma olhada, tomando o cuidado para não ser vista, na esperança de haver se enganado. Quase sem demora, a imagem surge, e agora de forma mais nítida, confirmando que é mesmo quem ela pensava ter visto – o seu inesquecível amor que caminhava na rua, de um lado para outro.

Há alguns anos Maria teve um romance com Antônio, estudante de Engenharia. Conheceram-se na Universidade quando ela cursava Letras. Foi amor à primeira vista. No entanto, o romance durou pouco, apenas o último ano que faltava para ele se formar. Com o diploma de Engenheiro, Antônio conseguiu um emprego em uma cidade de outro estado, distante da capital Cearense onde morava. Mesmo estando apaixonados, acordaram que ele não deveria perder aquela oportunidade. Assim, terminaram o namoro, pois a distância poderia ser um empecilho no relacionamento.

Desde então, dois anos se passaram. Nesse ínterim, Maria visitou-o uma única vez; em contrapartida, Antônio veio para sua formatura. Com o passar do tempo, tornaram-se amigos. Até que um dia ela recebeu um telefonema de Antônio confessando-a que não conseguia esquecê-la. Maria disse-lhe que também o amava e que, se um dia ele voltasse, quem sabe não retomaria a relação. Os anos se passaram, Maria conseguiu um emprego e continuou sua vida sozinha.

Enquanto Maria olhava Antônio caminhando na calçada, pensava — será que ele voltou para ficar comigo? Estará ele ainda solteiro? Será que ele está sem coragem de tocar a companhia? O que ele está fazendo lá embaixo?

E ela ali, olhando pela fresta da janela, pensava: — faço eu uma surpresa ou aguardo a iniciativa dele. Optou por esperar.

 

Iêda Chaves Freitas

29.03.2022

Tema da Semana: Da janela entreaberta. Conto.