Eternamente Te Amo

A década de 1920 chegava ao fim.

Cristina era filha de um abastado fazendeiro de família aristocrática.

Ao dezessete anos ela conheceu, Benito, filho de um empregado de seu pai. Os dois se apaixonaram.

Seu pai não aceitava esse romance e a proibiu de se encontrar com ele. Mas os dois sempre encontravam um modo de burlar aquela proibição.

Quando ele soube que eles continuavam encontrando, ameaçou Benito e seu pai.

Mesmo assim eles continuavam cada vez mais apaixonados.

Eles se encontravam e planejavam fugir pra se casarem.

Mas seu pai soube dos planos e marcou de se encontrar com ele para conversarem.

Benito foi ao encontro dele com alguns amigos.

Nesse encontro o pai dela lhe ofereceu uma grande quantia em dinheiro pra ele ir embora pra longe e deixar Cristina em paz.

-O senhor acha que sou homem de me vender? Eu não aceito esta ofensa. Agora que eu mais vou lutar por ela. Nós nos amamos e não vai ser o senhor que vai nos separar, nem seu dinheiro sujo.

Ele estava montado em seu cavalo e foi se aproximando e um dos empregados deu um tiro pra cima pra que ele se afastasse. O cavalo se assustou e saiu em disparada. Ele caiu do cavalo e teve uma grave fratura nas vértebras que o levou a morte.

Quando Cristina ficou sabendo se desesperou e culpou seu pai pela morte dele.

-O senhor matou Benito, o senhor matou Benito. Covarde, fez uma emboscada pra ele.

-Eu não o matei. Não fale assim comigo, eu sou seu pai, me respeite.

-Eu odeio o senhor. Matou o homem que eu amo.

Ele deu uma bofetada nela

-Cale-se e me respeite. Não admito que fale assim comigo.

-O senhor destruiu a minha vida. E se quer saber, eu me entreguei pra ele.

-O quê?

-Sim. Eu me tornei a mulher dele e o senhor não pode fazer mais nada pra mudar isto.

Ele partiu pra cima da filha batendo nela com violência. A mãe dela tenta evitar.

-Bate o quanto o senhor quiser, covarde. Mate-me também se quiser. Não me importa mais nada. Se me matar vai ser até um favor que me faz.

Ele se afasta dela:

-Você é uma atrevida. Como ousa falar assim com seu pai? De agora em diante você só sai de casa para ir à Igreja e para concluir seus estudos. Eu vou providenciar o seu casamento com o noivo que escolhi pra você.

-Vai entregar a ele uma noiva desonrada?

-Nós vamos ajeitar as coisas.

-Hipocrisia. Eu tenho nojo disso.

Ele lhe dá mais uma bofetada.

-Pra você aprender a me respeitar.

-Eu não quero me casar. Eu quero me internar em um convento. Quero ser freira.

-E quem disse que você tem vontade própria? Eu sou seu pai e eu quero que você se case. Você é minha única filha. Tem que me dar netos. Isso está decidido. Não se fala mais nesse assunto.

-Eu não quero me casar.

-Vá pro seu quarto. Não quero mais ouvir a sua voz.

O pai de Cristina cumpriu a promessa e só a deixava sair pra ir à Igreja e à escola. Enquanto isso providenciava o noivado dela com Manoel, filho de um compadre a quem ela já era prometida há muito tempo. Ela continua insistindo que não quer se casar. Cristina conhece Manoel desde que eram crianças e sempre foram amigos.

No dia do noivado ela surpreende a todos e aceita de bom grado o pedido de casamento.

Dias depois eles conversam no jardim:

-Manoel, eu preciso lhe contar uma coisa que sei que meu pai está escondendo de você.

-Eu posso imaginar o que é.

-Pode?

-Sim. Você sabe que eu sempre fui amigo de Benito, não é? Mesmo eu sempre tendo sido apaixonado por você.

-Bem, você sabe o quanto eu amava o Benito.

-Sei. Isso sempre me fez sofrer muito, mas eu sempre respeitei o amor de vocês.

-Eu me entreguei a ele e não me arrependo. Eu lutei por esse amor, eu bati de frente com meu pai, eu enfrentei toda essa sociedade hipócrita e preconceituosa. E eu faria tudo outra vez. Ele não era menos homem, menos digno, menos capaz por ser pobre. Foi um golpe muito duro pra mim saber que meu pai foi capaz de armar uma emboscada pra ele. Eu sempre soube que meu pai é capaz de muita coisa, mas não imaginei que era um assassino.

-Eu acho que você não deve ser tão apressada em julgar seu pai. Ele afirma que só queria ter uma conversa com ele. Que queria oferecer dinheiro pra que ele fosse embora daqui e lhe abandonasse. Diz que o acontecido foi um acidente. E realmente, tem todas as características de um acidente.

-Já é muito nojento ele tentar me afastar dele lhe dando dinheiro como se por ser pobre fosse se vender. Tenho certeza que ele não aceitou.

-Ele não aceitou. Nisso você está certa.

-Ele era muito digno pra se vender.

-Sim, ele era. Mas agora tudo já aconteceu. Foi uma fatalidade.

-Eu odeio meu pai por isso.

-Tente compreendê-lo.

-Como?

-Um pai sempre procura fazer o melhor para os filhos. No entendimento dele, afastá-lo de você era o melhor.

-Não. Ele só queria fazer isso porque achava que ele não estava à minha altura.

-Tente entender os motivos dele.

-Nunca vou entender esses motivos. Agora você já sabe que eu não sou mais casta. Não podia enganá-lo. Você não merece. Sinta-se a vontade para romper nosso compromisso.

-Eu amo você, Cristina. Se você aceitar se casar comigo eu vou encarar a situação como se você fosse uma viúva. Eu aceito você.

-E eu sou viúva. Meu pai me tornou uma viúva. Você como homem, defende meu pai. E ele morrendo, o caminho ficou livre pra você.

-Não admito que você me acuse. Eu sempre fui amigo dele e seria incapaz de compactuar com uma sujeira dessa.

-Não estou lhe acusando. Mas acuso meu pai. Sei que ele queria Benito fora do meu caminho de qualquer maneira.

-Mas não o acuse dessa maneira. Não antes de ter certeza do que aconteceu.

-Nunca saberemos o que aconteceu. O dinheiro do meu pai compra tudo, inclusive as investigações.

-Não seja assim tão pessimista. Acredite nas leis e na justiça.

-Bem, é o que eu tinha a lhe dizer. Eu vou aceitar me casar com você pra ficar livre do jugo de meu pai. Mas você sabe que eu não lhe amo.

-Eu amo tanto você que eu aceito assim mesmo.

Meses depois eles se casam.

Já em casa ele se aproxima dela para beijá-la. Ela evita o beijo e sai de perto dele.

-Eu me casei, mas por minha vontade eu não vou me entregar a você. Você só vai me ter se me forçar.

Ele olha pra ela com tristeza:

-Eu jamais faria uma coisa dessa com nenhuma mulher. Muito menos com a mulher que eu amo.

-Então mande arrumar o quarto de hóspedes pra mim. Eu vou ficar lá.

-Fique no seu quarto, o quarto que eu mandei preparar pra receber minha rainha. Eu vou pro quarto de hóspedes.

-De maneira nenhuma. A casa é sua.

-Não, a casa é sua.

Ele vira e sai do quarto.

O tempo vai passando e Cristina vai conhecendo melhor Manoel. A dor da perda de Benito vai passando.

Manoel a trata como uma rainha, é sempre gentil, amoroso. Ele a trata com amor, com delicadeza e carinho.

Aos poucos ela vai aprendendo a amá-lo.

Uma noite, após o jantar ela diz:

-Manoel, vamos caminhar um pouco pelo jardim? A noite está tão agradável.

Ele a acompanha. Eles caminham de braços dados.

-Você tem alguma notícia sobre a investigação da morte de Benito?

-Sim. Você sabe que meu pai tem muitos amigos na polícia, não é?

-Assim como o meu pai.

-Mas seu pai não interferiu na investigação. Ele quer provar a sua inocência com lisura.

-Não consigo acreditar nisso. Conheço meu pai.

-Não o julgue com tanta severidade. Ele é seu pai.

-Você acredita na inocência dele? Acredita mesmo que foi só um acidente?

-Sinceramente, eu acredito. Você sabe que tinha tanto testemunhas da parte de seu pai como da parte de Benito. Tinha pessoas lá que odeiam seu pai e nenhuma o incriminou.

-Se você está dizendo eu acredito. Sei que você era amigo dele, havia de querer fazer justiça a ele. Apesar de ser genro do acusado.

-Eu sou um homem justo, Cristina. E temente a Deus. O que é certo, é certo.

-Manoel, toda a dor que eu sentia pela morte de Benito está se transformando em lembrança e saudade. Eu já não sofro mais, já não choro mais.

-Que bom! Com o tempo a dor passa. Eu não gostava de vê-la tão triste e angustiada.

-Você ainda me ama? Apesar de já estarmos casados há mais de um ano e continuarmos separados?

-Eu nunca vou deixar de amá-la. Você foi e é o meu primeiro e único amor.

-Eu sinto que você está ocupando um lugar especial em meu coração. Você é um homem encantador. Acho que é impossível conviver com você e não amá-lo.

-Você fala sério?

-Sim.

-Eu fico tão feliz por isso!

-Agora que você ocupa um lugar no meu coração, se quiser ocupar um lugar na minha cama, eu o recebo com muita alegria.

Ele a abraça e beija.

-Esperei tanto tempo por isso. Eu nem estou acreditando que este dia chegou.

Abraçados na cama ele diz:

-Eu prometo que vou fazer de você a mulher mais feliz e amada do mundo.

-Eu vou me esforçar pra fazer isso por você também. Obrigada por esperar o meu tempo. Isso foi fundamental pra este dia chegar com tanto amor.

Nádia Gonçalves
Enviado por Nádia Gonçalves em 04/04/2022
Reeditado em 04/04/2022
Código do texto: T7488065
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