O MISTÉRIO DO PRIMEIRO AMOR

Foi o primeiro beijo. Sentiu algo estranho no corpo, o coração bateu forte e sua respiração ficou ofegante. Estava apaixonado. Deixou-a em frente do colégio e Sineudo correu até a sua casa com um sorriso no rosto. Entrou como um furacão em sua casa e nem beijou a mãe pedindo a sua benção.

E no seu quarto, tirou o uniforme e colocou a sua roupa predileta. Lembrou que tinha uma faixa, da época que fazia judô, e resolveu procurá-lo entre os seus guardados. Assim que achou, ele correu até a sua mãe, que colocara o almoço na mesa, e pediu a ela que colocasse a faixa nele.

A mãe riu. Brincar agora de esconde-esconde? Claro que não, queria ter aquela faixa em seus olhos. Assim, a mãe fez o que o seu filho, de apenas 15 anos pediu. Sineudo comeu aquele dia com a faixa nos olhos, sem ver nada. Palpava os talheres, o prato, pedia que a mãe o ajudasse com a comida. E foi assim naquela tarde.

Sineudo foi à padaria com a faixa nos olhos, atraindo a curiosidade de muitos. Comprou pão e leite e voltou para a casa com muita dificuldade. Andou pela casa apalpando todos os objetos, ouviu música em seu quarto e tendo a escuridão como companheira. Telefonou para os amigos, recebeu-os em casa e até jogaram um jogo de tabuleiro. E Sineudo não tirou a faixa.

Na hora do banho,ele também não tirou a faixa. Sineudo colocou uma roupa apenas apalpando-a e “despejou” o melhor perfume que ele tinha. Soube pelos moldes do vidro. Ele perguntou a mãe as horas e ele foi para a porta de sua casa. A sua namorada estava chegando...

Assim que ela chegou, Sineudo apalpou o rosto dela com carinho. Ela riu. Deram um beijo.

Ela passou a mão no rosto dele e descobriu a faixa.

- O que é isso? – ela perguntou.

Ele respondeu.

- Meu amor, hoje eu estive no seu mundo...

Alexandre Lana Lins é jornalista e professor