Eu Escolho Você - Capítulo 4

Três meses Depois...

O mundo se transforma quando você ama alguém, e como se a vida ganhasse outros moldes, outras cores, outros motivos para seguir em frente. Fazia três meses que eu estava namorando com o Rogério, e eu me sentia tão feliz, que nem conseguia acreditar na minha sorte. Ele havia se dado tão bem com a minha família, que parecia já fazer parte dela há anos. Minha mãe o tratava como filho, e meu pai não parava de mimá-lo. E ele era o homem que eu sempre havia sonhado. Romântico, carinhoso e extremamente amigo. Como ele dava aulas o dia inteiro quase não nos víamos na semana. Então ele passava os finais de semana na minha casa.

Até aquele momento ele não tinha me apresentado nenhum familiar dele, ele dizia que seus pais e toda sua família moravam no interior de São Paulo, ele ia lá um final de semana sim e outro não, mas nunca tinha me convidado para conhecê-los. As vezes que toquei no assunto ele sempre se esquivava, com o passar do tempo eu acabei desistindo.

Em um sábado de tarde estávamos no meu quarto, ele estava deitado na minha cama lendo um livro, e eu no computador verificando um relatório da empresa, quando terminei fui até ele e me deitei em seu peito, ele sorriu e beijou minha cabeça.

- Escuta, sei que não gosta que eu toque no assunto, mas meus pais estão insistindo para conhecer os seus, meu pai e meio antiquado sabe, gosta de saber as reais intenções de quem se compromete com os filhos dele, pensei que isso ia mudar quando me assumi Gay, mas ficou pior.

Rogério abaixou o livro e se sentou na cama. Parecia nervoso.

- Algum problema?

- Não, você ta certo. Você abriu seu mundo para mim, não e justo que eu não faça o mesmo com você. Vou visitar meus pais semana que vem, prometo que converso com eles e marcamos algo, faz tempo que eles não vêm na capital, vão adorar.

- Será que eles vão gostar de mim?

- Tenho certeza que sim.

Ele se aproximou e me beijou segundos depois Felipe entrou correndo no quarto e se jogou na cama em cima de nós.

- Tio Rogério. Vamos jogar vídeo-game?

- Agora não Felipe.

- Claro que eu jogo com você, pronto para perder?

- Da ultima vez eu ganhei. Vou ganhar de novo.

- Duvido, vai lá montar o vídeo-game que o tio já chega.

Felipe saiu correndo todo feliz. Rogério se levantou e viu que eu estava deitado fazendo bico.

- Que foi?

- Nos vemos tão pouco e você ainda vai me deixar sozinho?

- Claro que não, mas não tem como dizer não para aquele menino. Além disso, jogar faz bem para minha mente.

- E eu como fico?

Ele se abaixou e começou a me dar selinhos enquanto falava.

- Você pode ir jogar conosco, ou pode ficar aqui me esperando, vou dormir aqui hoje esqueceu, prometo que não vai se arrepender.

- Quero só ver.

Ele calçou o chinelo e saiu em direção a sala, eu sorri e me deitei na cama, parecia estar vivendo um sonho, nunca tinha me sentindo tão feliz.

Na sexta-feira de noite eu pedi para o meu chefe para sair mais cedo, queria fazer uma surpresa para o Rogério e buscá-lo no trabalho, eu sabia que ele ia sair logo de manhã cedo no dia seguinte para visitar os pais no interior. Então pensei em dormir com ele naquela sexta e levá-lo até a rodoviária sábado de manhã, isso se ele não fosse viajar de carro como fazia às vezes, mesmo eu reclamando do quanto perigoso era.

Cheguei à escola que ele trabalhava e estacionei o carro em frente, então fui até a secretária, como a saída de funcionários era por ali, eu veria quando ele saísse. Sentei-me e fiquei esperando, era 18h30min, como ele saia as 19h00min eu não ia esperar muito, achei melhor não mandar mensagem, não queria estragar a surpresa.

Mas quando deu 19h10min ele ainda não tinha saído, comecei a ficar preocupado, até que levantei e fui até a mesa onde uma funcionaria da escola estava digitando algo no computador.

- Com licença, o professor Rogério já está saindo?

- O Rogério? Não, ele saiu mais cedo hoje, acho que era umas 17:00 quando a esposa dele veio pegar.

Pensei ter ouvido errado, com certeza não ouvi a palavra esposa. Perguntei de novo.

- Desculpa, mas como assim esposa?

- A esposa dele, ela mora no interior de São Paulo sabe, mas veio de surpresa para buscá-lo, parece que vai ter algum tipo de comemoração na casa dos pais dele, algo sobre três anos de casamento. Acho que foi isso que ela disse.

Minhas mãos começaram a tremer, senti minha visão ficar meio turva, me curvei sobre a mesa.

- O senhor está bem?

- Estou, desculpa. Obrigado. Boa Noite.

Reunindo forças que não pensei ter naquele momento, entrei no meu carro e sai em disparada em direção a casa dele, não podia ser verdade, era uma pegadinha, ele estava em casa me esperando com alguma surpresa, não podia ser verdade. Eu não queria que fosse verdade.

Parei o carro em frente a casa em que ele morava, peguei a copia da chave que eu tinha no porta luva e corri em direção a porta, todas as luzes estavam apagadas. Ainda acreditando que aquilo era mentira, eu abri e entrei, fiquei parado quase um minuto esperando que ele gritasse surpresa, ou que disesse que era uma pegadinha, mas a casa estava vazia. Comecei a sentir meu peito apertar. Fechei a porta e subi para o quarto, olhei para a cama vazia e arrumada, o guarda-roupa estava com roupas faltando, mas fora isso tudo parecia normal.

Comecei a abrir gavetas e portas, olhei cada centímetro do quarto, eu precisava saber, precisava ter certeza. Não queria que fosse verdade, mas se fosse eu iria descobrir. Joguei todas as roupas dele no chão ou na cama, esvaziei todos os cantos do guarda-roupa, olhei em cima, atrás, no armário ao lado da cama, mas nada.

Foi quando me lembrei do escritório, desci correndo as escadas e entrei no cômodo que ficava do lado da sala, era um cômodo que ele usava como local de trabalho, onde corrigia e fazia provas, tinha uma mesa e um computador, e na parede um pequeno armário. Comecei a olhar cada pedaço, não achei nada, estava quase desistindo quando vi em cima do armário uma caixa media, subi na cadeira e peguei, então fui até a cozinha e coloquei em cima da mesa.

Conforme ia vendo o conteúdo da caixa, as lagrimas iam caindo dos meus olhos. Ali estavam cartas e mais cartas de amor, a esposa dele se chamava Adriana, tinham fotos também dos dois. Algumas em restaurantes, outras em parques ou em família. E a ultima foi a que mais doeu em Douglas, à foto do casamento, ele em cima do altar com ela do lado. Tinha um sorriso no rosto de Rogério que ele nunca tinha visto.

Senti tudo ao meu redor ficar escuro, me sentei no sofá e comecei a chorar como uma criança, meu mundo tinha acabado, como ele pode fazer aquilo comigo? Três meses me enganando, falando que me amava me prometendo o mundo, dizendo que seriamos felizes para sempre.

E o pior, como eu pude ser tão cego? Como pude não perceber que ele estava me enganando? O fato de ele nunca ter deixado eu mexer no celular dele, de nunca querer que eu conhecesse a família dele, sempre pedia que eu não fosse a casa dele sem avisar antes. Meu Deus, os sinais estavam na minha cara e eu cego não tinha visto nada. Eu estava tão apaixonado que comecei a namorar um cara desconhecido, deixei que ele me enganasse, ele tinha uma vida dupla. As cartas da esposa falavam sobre ele ir voltar para o interior para que os dois pudessem se ver mais, que não agüentava a saudade de morar longe dele, e que não entendia porque ele não podia dar aulas lá.

- Como eu fui idiota, como eu fui cego.

Sentindo o ódio subir comecei a quebrar tudo que vi na minha frente, joguei cadeiras no chão, quebrei copos, taça, abri todas as portas do armário da cozinha e joguei todo o conteúdo para o chão, peguei a toalha do sofá e rasguei, então num súbito de ódio joguei a televisão enorme que ele tinha no chão, junto com todos os eletrodomésticos que tinha na cozinha.

Não sabia por que estava fazendo aquilo, mas comecei a me sentir como a esposa traída, eu não ia deixar que aquilo acabasse com a minha vida, se eu ia sofrer, ele também iria.

Subi correndo para o quarto, quebrei e rasguei tudo que eu consegui. As roupas de marca que ele tinha. Os tênis, toda roupa de cama, peguei o controle da TV e joguei com força contra ela, o controle ficou ali mesmo, deixando uma rachadura enorme na TV. Soltei portas do guarda-roupa, rasguei travesseiros enchendo o quarto de penas. Fui ao banheiro e quebrei o Box que ficava no chuveiro, joguei produtos de higiene no vaso.

No escritório dele eu quebrei o computador jogando ele com força no chão, virei o armário e deixei que ele caísse no chão. Tentei aliviar toda frustração que eu estava sentindo. Quando olhei o resultado tentei sorri, mas não consegui. Em vez disso chorei. Porque estava doendo demais, como eu nunca imaginei que fosse possível.

Foi quando meu celular tocou, eu olhei e vi que era ele, anestesiado eu atendi.

- Oi amor, tudo bem?

Não respondi. Ele continuou.

- To ligando para avisar que estou a caminho da casa dos meus pais, surgiu um imprevisto e tive que vir correndo para cá. Nada grave fica tranqüilo. Parei para abastecer, por isso to conseguindo te avisar só agora. Nós vemos na segunda.

Fiquei em silêncio, não sabia o que dizer.

- Douglas, você ta ai?

- Estou sim.

- Sua voz está estranha, ta tudo bem? Parece que você tava chorando.

Silêncio, eu não conseguia acreditar no quanto ele era fingido.

- Ta tudo bem sim Rogério, boa viagem, manda um beijo para Adriana.

Sem dizer mais nada desliguei o celular, peguei a foto do casamento que estava próximo a mim, ao lado dela tinha um envelope com o endereço da casa dos pais dele no interior. Sai dali em silêncio e tranquei as portas.

No carro ele continuou tentando me ligar, mas eu não atendi e deixava cair na caixa postal. A voz dele na caixa postal que estava diferente agora parecia desesperado. Claro, eu tinha falado o nome da esposa dele na ligação, ele sabia que eu podia estar sabendo de algo. Cheguei a casa e respirei fundo, esperava que ninguém percebesse nada, mas minha mãe me chamou assim que me viu indo em direção ao meu quarto.

- Filho. Não vai jantar?

- To sem fome mãe.

- Ta tudo bem?

- Sim. Eu vou me deitar, estou cansado.

- Ta bom, boa noite.

- Boa noite.

Corri para o meu quarto e tranquei a porta. Então desabei na cama. Não tinha idéia do que fazer me sentia traído, pelo homem que eu amava, e por mais que me doesse eu não queria mais vê-lo em minha frente. Chorei mais um pouco, quando percebi que ele ainda tentava me ligar, eu desliguei o celular, então me cobri e sem perceber dormi.

No sábado eu fiquei em casa o dia inteiro trancado no quarto, quando sai já era tarde da noite e todos estavam dormindo, peguei qualquer coisa na geladeira e me tranquei de novo. Por sorte ninguém tinha ido ao quarto o dia inteiro, não iria conseguir explicar. O que tinha acontecido. Não iria agüentar as caras de acusação da minha família sobre o quanto eu tinha sido idiota.

No domingo eu acordei cedo, olhei para os lados e tomei uma decisão, eu ia confrontar o Rogério, eu precisava entender porque ele tinha feito aquilo, porque estava enganando eu e sua esposa. Olhei o papel ao lado da minha cama, a cidade da carta não era longe, devia dar no máximo três horas de viagem. Pensando nisso eu corri para o banheiro e tomei banho. Quando sai coloquei uma roupa, peguei minha carteira e documentos e corri para a sala, encontrei meu irmão Carlos saindo.

- Ta indo trabalhar?

- Sim.

- Me dá uma carona até a rodoviária?

- E o seu carro?

- Vou para um pouco longe, não quero dirigir.

- Vamos então.

Fomos para o carro dele e eu entrei. Ficamos em silêncio até que ele me deixou na frente da rodoviária do Tietê. Então me olhou sério.

- Posso saber para onde você vai?

- Nada demais, vou só encontrar o Rogério.

- Entendi, mamãe sabe disso?

- Ainda não, mas mandei mensagem, ela vai ver assim que acordar.

- Se cuida, qualquer coisa me manda mensagem.

- Vou mandar assim que eu voltar hoje de noite. Pra você vir me pegar.

- Ta bom.

Ele me puxou para um abraço que me deixou sem graça, depois eu sai e corri até os guichês de atendimento, por sorte encontrei um ônibus que iria sair dali a 15 minutos. Comprei a passagem e fui até o terminal de embarque. Quando me sentei na poltrona ao lado da janela senti o medo, estava indo confrontar um namorado sobre o casamento dele, e não tinha idéia de como iria fazer aquilo. Comecei a achar a idéia meio idiota e sem sentido. Mas eu precisava entender, precisava ouvir da boca dele que aquilo tinha sido um engano, uma mentira, precisava ouvir dele que os sentimentos que ele dizia ter por mim eram mentirosos.

No caminho acabei dormindo, e quando acordei já estava no terminal da cidade. Desci e depois de ir ao banheiro eu peguei um taxi e dei o endereço da carta que eu tinha em mãos. Por sorte não era tão longe, eu não estava com muito dinheiro na carteira.

Dentro do carro meu medo começou a aumentar, não pretendia causar um escândalo com a família dele, mas era quase impossível manter a raiva sobre controle. Dez minutos depois o taxista parou o carro, quando olhei para o lado vi uma mansão com um portão enorme localizada em uma rua muito chique. Paguei o motorista e desci do carro ainda me tremendo. Ainda sem pensar no que fazia me aproximei da porta e toquei a campainha.

Uma empregada me atendeu. Usava um uniforme branco comum. Sorriu para mim.

- Pois não?

- Eu vim...

Comecei a gaguejar, a empregada esperou, mas eu não conseguia falar. Pensei que ela ia fechar a porta na minha cara, mas naquele momento a voz dele surgiu por trás.

- DoSim, uglas, o que você ta fazendo aqui?

Rogério se aproximou, a empregada vendo que ele tinha me reconhecido se afastou. Ainda continuei em silêncio, quando ele ia falar de novo outra pessoa se aproximou.

- Filho, está tudo bem? Quem é?

Uma mulher loira e muito bonita parou ao lado de Rogério, ele congelou na hora. Parecia ter uns 45 anos de idade, mas tinha um rosto jovial e muito alegre. Eu reconheci como a mãe dele, já que estava nas fotos que eu tinha rasgado. Ela sorriu para mim e olhou para Rogério como se esperasse que ele fizesse as apresentações. Branco como papel ele finalmente pareceu recuperar a voz.

- Mãe, esse e o Douglas, um colega do meu trabalho.

- Claro, imaginei, você também e professor?

Eu estendi minha mão e sorri, sem conseguir desmenti-lo acabei entrando na onda.

- Sim.

- Legal, e qual matéria você leciona?

Olhei para Rogério ainda segurando a mão dela, ele olhou para mim como quem implorava para que eu mantivesse a mentira.

- História, eu leciono historia.

- Filho, você devia ter avisado que seu amigo viria.

- Esqueci mamãe, mas o Douglas não vai ficar, vai?

Ele fez sinal para que eu confirmasse, mas a mãe foi mais rápida.

- Não, eu insisto que ele fique afinal não e todo dia que se comemoram cinco anos de casamento, vamos entrando meu filho vou apresentá-lo a todos.

- Cinco anos de casamento?

- Sim, você acredita que Rogério e Adriana estão a cinco anos juntos?

Eu sorri sem graça e o fuzilei com o olhar, então entramos e ela foi me levando pela casa, atravessamos uma sala de jantar, e então chegamos ao jardim enorme. Havia uma mesa colocada ao lado da piscina, onde algumas pessoas conversavam animadas. A mãe de Rogério me apresentou a todos, e por ultimo a Adriana que estava sentada na ponta e sorriu ao apertar minhas mãos.

- Fico feliz que tenha vindo o Rogério não costuma falar muito sobre os amigos dele da capital.

Eu me sentei à mesa de frente para ele que ainda estava branco. Comecei a me sentir mais calmo, ver ele naquele desespero sabendo que eu podia estragar aquela festa a qualquer momento fazia com que eu me sentisse melhor. A mãe dele se sentou ao meu lado, com Adriana ainda na ponta. Os dois deram as mãos em cima da mesa, e eu vi a aliança de ouro ali. Canalha, onde será que ele escondia aquilo quando ia me encontrar?

A conversa surgiu animadamente, quando vi eu estava falando com a mãe dele que se mostrou ser uma pessoa incrível. Inventamos uma historia sobre ter nos conhecido na escola em que dávamos aula, o que fez com que todo mundo acreditasse e não fizesse muitas perguntas. Adriana não era uma pessoa ruim, também se mostrou bem receptiva e alegre, obvio que ela não tinha noção da vida dupla do marido. Será que eu era o primeiro com quem ele fazia isso? Será que algum outro tinha descoberto a farsa que ele era? Ou eu tinha sido o primeiro, evidente que sim, se não ele não estaria casado há cinco anos, que casamento resistiria a uma traição daquela?

Quase uma hora depois, a mãe dele se levantou com uma taça na mão e pediu atenção.

- Bom, hoje estamos aqui para comemorar cinco anos de casamento do meu único filho. Estou muito feliz com o homem que você se tornou e espero que sejam felizes todos os dias das suas vidas, e não vejo à hora de ter netos andando por essa casa. Um brinde, a Adriana e Rogério.

Todos os convidados levantaram as taças, então Adriana se virou para mim.

- Bom, agora eu passo a palavra aos amigos, Douglas, quer dizer alguma coisa?

Eu estava levando o champagne à boca e quase engasguei tomando um gole. Olhei para ela que sorriu, e todos ficaram esperando eu levantar. Olhei para Rogério que estava nervoso, obviamente ele não queria que eu falasse nada, mas quando eu vi já estava em pé com a taça na mão. Falei olhando diretamente para ele.

- Bom, faz pouco tempo que eu e o Rogério nos conhecemos. Mas eu posso dizer com todas as palavras que ele merece toda felicidade do mundo. Cinco anos de casamento. Muito tempo. Cinco anos, por exemplo, não são três meses né? Você acha que conhece uma pessoa, que ela e perfeita para você, mas às vezes ela não é. Três meses não são suficiente para conhecer alguém e dizer que ela te faz feliz. Mas cinco anos, com certeza são. Enfim, o que estou querendo dizer e que nunca será o tempo, mas sim a pessoa. Não importa quanto tempo vocês estão juntos, o importante Adriana e que o Rogério te escolheu, e você que ele vai fazer feliz para toda a vida. E somente isso importa nada e nem ninguém jamais ira atrapalhar essa felicidade. Um brinde a vocês dois.

Levantei minha taça em direção a ele, percebi que ele estava com os olhos lacrimejados, mas apenas virei o me champagne e me sentei, Adriana também estava chorosa, apertou minha mão e sorriu, então murmurou um obrigado, eu sorri de volta.

Quando estava quase escurecendo as pessoas começaram a ir embora, Adriana e Rogério saíram em direção à porta para se despedir dos amigos, eu fiquei na borda da piscina ainda com a taça de champagne não mão, a mãe dele estava com o pai na mesa conversando animadamente. Eu sentia a dor voltando com força, queria explodir, mas eu não podia. Foi quando o ouvi atrás de mim.

- Obrigado.

Virei-me e encontrei-o com as mãos no bolso a quase um metro de distância. Olhei e vi Adriana se juntando com os sogros á mesa.

- Pelo que?

- Por não ter feito um escândalo.

- O que me impede de fazer um agora?

- Nada, mas pelo menos agora tem menos pessoas na casa.

Ele me olhou, parecia falar sério, como se esperasse que eu fizesse um escândalo.

- Seria ótimo para você né? Que eu chegasse ali naquela mesa e disesse o cafajeste que você é. Assim você sairia do armário em que vive, poderia seguir sua vida sem mentiras, sairia de um casamento em que obviamente não está feliz, e eu sairia como vilão da história. Perfeito né?

- Douglas eu não...

Eu levei os dedos a minha boca. Ele parou de falar.

- Eu só vim aqui hoje porque eu tinha esperanças de que isso fosse algo da minha cabeça, que as coisas que achei na sua casa eram mentiras, que tudo não passava de uma brincadeira. Que você não tinha me enganado por três meses. Que eu não tinha sido tão cego.

Ele abaixou a cabeça.

- Mas aqui estamos, em um perfeito roteiro de novela, só que você não tem um caso com outra mulher né, e com outro homem, comigo. Toda a sua vida e uma mentira, mas para mim você nunca foi, e sabe o que dói mais? E que eu não tenho ódio de você, pelo menos não como você merecia que eu tivesse. Eu tenho mais ódio de mim por ter sido tão cego. Por ter me apaixonado por você desde o primeiro dia que te vi. E agora eu descubro que vou ter que esquecer esse sentimento, sem nem ao menos saber como fazer isso.

- Você não precisa.

- Porque não? Você vai me assumir? Vai acabar com a farsa que e esse casamento?

Ele ficou em silêncio, sem me encarar.

- Como eu pensei, claro que pra você e muito mais fácil deixar como está. Como eu disse no meu discurso, o que são cinco anos perto de três meses?

Aproximei-me, peguei a copia da chave da casa dele e a foto que eu tinha no bolso. Ele pegou e me olhou sem entender. Então falei bem próximo ao seu ouvido.

- Não vou pedir desculpas pela sua casa, e, por favor, não me procure mais.

Sai e o deixei parado ali na beira da piscina sem entender nada, me despedi de sua família e sai da casa, fiz sinal para um táxi que ia passando, e já com lagrimas nos olhos voltei para a rodoviária. O caminho em frente tinha tudo para ser difícil de aguentar, e eu não estava falando sobre a estrada de volta para São Paulo.

CleberLestrange
Enviado por CleberLestrange em 16/08/2022
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