Eu Escolho Você - ultimo capitulo

Epílogo

– Por Rogério

Eu sempre tiver orgulho de dizer que tinha minha vida toda sobre controle, que nada nem ninguém poderiam mudar meus planos, e que tudo bem pensando iria dar certo, e tinha dado até então. O casamento depois da faculdade, o sonho de passar no concurso e ser professor, a relação perfeita com a família e alguns poucos amigos, tudo na minha vida era a perfeita ordem. Até o dia que conheci Douglas.

Quando olhei para ele a primeira vez foi amor à primeira vista, mesmo que eu só fosse perceber e aceitar aquilo depois tinha algo nele, um magnetismo natural que fazia com que tudo nele me chamasse atenção, o sorriso, o modo como ele mexia nos cabelos, o andar tão serio e concentrado. Ele era perfeito. Quando percebi estava saindo com ele, beijando ele, o pedindo em namoro, e construindo uma relação.

Ignorei totalmente que eu era casado, que tinha uma esposa do outro lado do estado me esperando, mesmo com medo de tudo que podia acontecer me deixei levar pelo sentimento e esqueci completamente que eu tinha uma vida antes dele, porque quando o conheci, minha vida passou a ser ele. Eu tinha medo de magoá-lo, mas era tarde demais para se afastar. Não tinha mais como esquecê-lo, e eu não tinha coragem ou força de vontade o suficiente para tentar.

Essa era outra coisa sobre ele, o poder que ele tinha de me deixar sem forças e sem ação, eu que nunca tinha fugido de uma briga, que sempre mantive minha postura de macho alfa, que fiz academia na intenção de deixar o corpo perfeito e confiante, eu que sempre impus respeito aos demais ao meu redor, via tudo ir por terra quando ele sorria para mim, era como se eu fosse uma bomba prestes a explodir, e só ele soubesse me desarmar, era como no filme dos vingadores, eu era o Hulk, e ele a viúva-negra, o único capaz de fazer com que eu parasse em meio à guerra.

Mas como toda mentira tem perna curta, a minha sobre ainda ser casado com Adriana apareceu, e como esperado, ele deu um fim a tudo. Foi quando ele saiu da minha casa aos prantos que eu percebi o quanto eu o amava, sim, porque só um homem de caráter faria o que ele fez sair da minha vida como se nada tivesse acontecido sem a intenção me causar danos. E só um covarde como eu teria deixado ele ir embora como eu deixei, ele tinha razão, teria sido muito mais fácil se ele tivesse explodido, teria me poupado da conversa que veio horas depois.

Mas como se o destino quisesse que estivéssemos juntos, tudo correu melhor do que eu esperava, Adriana aceitou o divorcio e ainda me expôs medos que eu não sabia. Meus pais e claro, não aceitaram de imediato, mas o amor deles por mim fez com que tudo corresse bem. Só faltava reconquistar Douglas. E foi o que eu fiz.

Quando voltei para São Paulo e encontrei minha casa naquela zona eu só conseguir rir, sim, porque quando ele estava bravo ele ficava a coisa mais fofa do mundo, eu merecia aquilo, e sinceramente não fiquei bravo ou qualquer coisa do tipo. Eu sabia que tinha sorte, porque outra pessoa no lugar dele teria quebrado minha cara.

Quando Douglas falou do meu castigo eu fiquei em choque. Seria muito difícil resistir aquele homem até o casamento, ele só não tinha me proibido de fazer sexo com ele, como tinha me dado um ultimato, eu teria que casar com ele.

O que não era algo ruim, longe disso, eu já tinha sonhado com o nosso casamento, já tinha feito planos para cerimônia, já sabia quem seriam os padrinhos, só não imaginava que fosse tão cedo, sim, porque eu sou homem, gosto e preciso de sexo, e pensando nisso que fiz o pedido dois meses depois em um almoço familiar na casa dos pais de Douglas. Dois meses torturantes, diga-se de passagem, porque Douglas tinha falado que não íamos transar, mas o filho da mãe me torturava dia após dia, seja me agarrando em locais impróprios, ou falando sacanagem quando estava longe. Minha mão direita nunca tinha trabalhado tanto, nem mesmo na minha adolescência.

Mas eu o amava. Cinco meses de relacionamento eram mais do que suficientes, eu sabia que era com ele que eu ia passar toda minha vida, construir uma família, e ser feliz. Então ali estava eu, em pé, esperando ele entrar. Quando ele apareceu do outro lado, usando um terno branco todo sorridente, eu tive certeza que tinha feito a escolha certa. Em todos os sentidos da vida.

Fim.