AQUECIMENTO

Por muito tempo estive anestesiada, efeito de dormência causado pelo congelamento interno.

Foi assim, te conheci, te amei, depois me congelei, e congelada eu permaneci.

Foi naquele mês de maio de 2020, daquele dia em diante algumas fagulhas existiram, mas nada que fosse suficiente para derreter o congelamento do meu peito.

Todos os dias eu tentava me aquecer, mas o que existia ainda era tão pouco, incapaz de ser um cobertor suficiente.

Seguimos, eu cá, por fora uma pessoa, por dentro outra.

Você seguiu, outro rumo tão distante que jamais eu poderia imaginar, ainda que a cigana tenha dito, que seu fogo cruzaria meu caminho novamente.

Essa é a estória de alguém que amou no gelo o que nunca teve, este talvez seja o mais louco de todos os amores.

Longe nós fomos, sem rumo algum, até que nossas vidas voltaram a se cruzar.

Era primavera, nós apenas tomamos um café, eu tentei parecer normal, mas tanto derretia dentro de mim que estava me afogando na quantidade de amor que estava me inundando.

Por Deus que cada encontro era um reencontro do único fogo capaz de me derreter.

Você me aqueceu, você me faz sentir coisas que eu nem sabia ser capaz de sentir.

Começamos a nos rever, vez ou outra, eu me empolgava com cada mensagem sua, como se fosse a primeira vez.

É como se estivéssemos interrompido algo, tanto desejo existia.

Eu falo por mim, cada toque seu me arrepia.

Aquela sensação de certo e errado, aquela vontade única de que você apenas me tomasse como sua, me fizesse apenas ser sua.

Noite passada, por mais fria que estivesse, eu estava finalmente aquecida, dormindo no único colo capaz de me derreter.