Abençoada surdez
O Antônio andava de lá para cá conversando com a esposa Santinha.
Pedia a opinião dela pra tudo, no café da manhã, na leitura do jornal, na arrumação da casa e até no preparo do almoço.
Experimenta este bolinho, meu amor.
Estendi a cama certinho como tu gosta?
O que vamos comer hoje?
Naquele dia, ao temperar o feijão ele solicitou, que ela desse uma provadinha.
Ao que ela respondeu: não posso, meu amor, tu sabes que já não sou mais deste mundo.
Hein? Fala mais alto querida, assim não posso te ouvir.
Deixa pra lá, meu querido, eu sempre gostei muito do teu tempero...