O Encontro de Raimundo do Bento e Benedita
E lá o Raimundo do Bento estrada afora e num cenário perfeito, onde a poeira do sertão alastra à alma daquele que nas idas e vindas, deixa a seu rastro como carimbo.
E ele conduzindo o carro de boi e a seu lado o fiel cachorro Colosso que não saía da sua guarda.
Uma voz ecoou com a ajuda do nobre vento na curva do sono, em seu cavalo pampa castanho a Benedita com a sombrinha e cantando:
-“Pelo estradão
Estou a galopá
Minha sina é de ouro
Eu priciso incontrá
Meu prínspe incantado
Pa mode eu casá.”
Ao ouvir aquela bela voz, o Raimundo do Bento logo se alegrou e com o ferrão à mão o ergueu e a junta obedeceu. E ele:
- Pára um instante. Dêxa eu disfruitá essa vóis linda. E quem será?
E a cada trote do cavalo, o desejo de conhecer a dama ia aguçando. E ao se aproximar:
- Dia, Madama! Quem é vocemecê? Quale sua graça?
Os olhos da Benedita brilhavam! Ali ela encontrara o príncipe. E pausadamente ela responde:
- Eu sô a Binidita! Lá das banda de Contria! E qualé a sua graça?
E ele fitando os olhos da Benedita:
- Sô Remundo do Bento! Das banda do Capão e é bão por dimais ôvi a donzela!
Por segundos aquelas palavras causaram um silêncio profundo e ela:
- Pelas belezura do sertão incontrei um prinspe!
Ele não hesitou e:
- Quando ôvi sua bela vóis, eu já imaginava sê de uma princesa. Ôcê qué casá cum eu?
Ela toda dengosa desabou e:
- Óia Remundo! Nóis já é casado inhantes de nóis nascê. E nóis nasceu um para o ôto! Craro que quero!
Os dois seguiram pela estrada numa prosa linda e feliz. E dizem que se casaram na Capela de Nossa Senhora Imaculada da
Conceição, lá em Contria. E foram felizes para sempre! Salve Raimundo do Bento! Salve Benedita! Salve!
Inté!