UM CASAMENTO INÚTIL

Em toda vizinhança corria a notícia do casamento de Zeferino com Laurinha, mas, por motivo das mães dos mesmos não se suportarem, aquele acontecimento, sem dúvida, seria o maior desacordo dos tempos modernos.

Eram duas família que não se davam bem por dois motivos: um, por pura antipatia das duas futuras sogras que não se suportavam e a outra por religiosidade, pois uma era católica fervorosa e a outra macumbeira por hereditariedade.

Zeferino sempre falava com sua mãe sobre o local onde fariam a festa de núpcias, mas ela lhe respondia de modo abrupto, assim retrucando:

- Escute aqui meu filho, no meu chão, não! Aqui não haverá festa com essa gentalha

E prosseguia relutante, assim determinando:

- Escute aqui Zeferino, eu não quero aquela gentalha dentro da minha casa! Você me entendeu?

O tempo foi passando e os noivos diminuindo as tensões que havia com a futura sogra católica ao ponto dela ceder a sua casa para acolher os convidados nas alegrias do cortar o bolo nupcial e depois participarem de um farto churrasco no quintal.

O ato religioso foi ministrado por um pai-de-santo sem a presença dos pais do noivo, o que causou muitos zum zum zum e indignação entre os assistentes do evento.

Após estarem casados civil e religiosamente, o cortejo se direcionou à casa de Zeferino. E a festa começou com a presença da mãe de Laurinha que se mantinha atônita no meio de grande vozerio e com músicas de som tão alto que balançava os vidros das janelas.

Acontece que já se aproximava da meia noite e como os pais do noivo tinham o hábito de se deitarem cedo, assim o fizeram. Enquanto isso o barulho sacudia a casa e o bolo de três andares se mantinha intácto sobre a mesa.

De repente a dona da casa sai de sua cama e vai ao topo da escada, e muito nervosa gritou:

- Zeferiiiiino! Faça o favor de abaixar esse som e acabar com toda essa palhaçada de festa, por que queremos dormir.

Zeferino foi à cozinha e de lá voltou com um imenso facão para cortar o bolo, gritando assustadoramente:

- Pessoal, vamos acabar logo com essa palhaçada da porra. Depois de comer essa porcaria vocês todos vão embora, certo?

Dito isso, os convidados foram saindo um por um deixando para traz o bolo, o churrasco, a festa e os noivos.

Com menos de um ano o casal já estava descasado.

José Pedreira da Cruz
Enviado por José Pedreira da Cruz em 06/06/2023
Reeditado em 26/12/2023
Código do texto: T7807325
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.