Como dois adolescentes apaixonados

Sentiam-se dois adolescentes pisando nas nuvens, rindo à toa, proseando. Caminhavam de mãos dadas, distraídos demais para perceberem os olhares curiosos ao redor deles. A plenitude os envolvia de tal maneira que poderiam ser facilmente confundidos com personagens de algum filme querido. O cenário ao fundo mostrava as ondas do mar quebrando em um fim de tarde calmo, um espetáculo à parte. Os braços dele envolveram a cintura dela, que se inclinava para trás para receber o beijo cinematográfico em meio a uma escada feita de pedras que dava acesso à praia.

Sentados lado a lado na areia, assistiam ao pôr-do-sol em silêncio. A ausência de palavras pouco tinha relação com desconfortos e tensões, eles compreendiam o valor de instantes os quais discursos podiam ser dispensáveis. Costumavam brincar que viviam um segundo florescer no auge de suas vidas, uma adolescência mais madura, consciente, sensata. Palavras por si só exprimiam muito pouco sobre aquela conexão. Um não foi o primeiro amor do outro, mas esse detalhe pouco os afetava porque cada amor sempre terá o seu espaço e a sua importância.

Ele sacou o celular do bolso para fotografá-la de forma espontânea e ela cobriu o rosto, toda encabulada, alcançando-o e pedindo para ver as fotos. Ao arrastar as pontas dos dedos pela tela, gostou do que viu, ganhando um beijo breve e doce do seu fotógrafo favorito, que nunca se cansaria de dizer o quanto amava cada pedacinho dela, que curou os pedaços quebrados do coração dele quando o abraçou com tanta certeza de que se arrependeria para sempre se deixasse aquela oportunidade passar.

Vivendo em mundos completamente diferentes, em um belo dia encontraram-se, contrariando o próprio impossível. Segundo a astrologia, fogo e água eram incompatíveis, até a distância geográfica se erguia como uma estrada difícil de atravessar, entretanto, o bem querer que os aproximava sem medidas lhes deu todas as condições para que um dia consumassem o amor e decidissem, juntos, serem o sim um do outro.