Conto do Amor que se perdeu

Era mágico quando estávamos juntos...

A química era perfeita, a conversa fluía, nossos beijos se encaixavam, nossos corações vibravam... em mesma frequência... eu me sentia tão tua, você era só meu.

E eu nem sei dizer em que momento a gente se perdeu... por que depois de tantos planos traçados não conseguimos dar conta do recado?... o que será que deu errado?... por um momento eu até pensei que falávamos a mesma língua, e conforme foram passando os dias, mais a gente se desentendia, e aquela atmosfera fria foi abrindo um abismo entre nós.

Acho que fomos rápido demais, não demos espaço para o amor germinar gradualmente... encharcamos sua semente com a ânsia do que ainda seria frutificado, sufocamos suas raízes com nosso excesso de expectativas, e na última tentativa de fazer dar certo, metemos os pés pelas mãos... cada qual querendo se esquivar, fingindo não se importar, fazendo "joguinhos de sedução" sem fazer questão de demonstrar. Ali o amor morreu... talvez correu pra longe, distante de nós dois... para que pudéssemos lidar com nossa falta de maturidade. E o tempo passou, você viveu sua vida e eu a minha. Algumas coisas deram certo pra mim, outras nem tanto. Para o meu espanto, nada deu muito certo para você. Relutante com o que ainda sentia por mim, tentou me encontrar em outras bocas, em outros corpos, e acabou magoando pessoas e a si mesmo... até que sossegou e internalizou uma solidão insólita para lhe fazer companhia. Li teus olhos assim que lhe vi novamente, e você também parece ter lido os meus... e fomos arrastados subitamente para aquela velha estação, onde nossos corações se despediram em pedaços.

Sentindo tua respiração tão próxima da minha, suscitou em mim velhas sensações e emoções. Nossos corpos sentem um magnetismo e somos atraídos pelo desejo latente que ainda pulsa em nós. Fagulhas começam reacender a chama do nosso amor, nossos corpos em torpor... num êxtase profundo, já não nos punimos, nem nos reprimimos, com receio que esta seja nossa última chance. Então nos beijamos ardentemente, enlouquecidamente... como se fosse uma despedida, lúgubre é a sensação de não podermos repetir esse momento, rendidos, deixamos as labaredas nos consumirem, ardendo em chamas altas, antes que tudo termine em cinzas e fiquemos remoendo o que não se consumou. Se lá atrás pecamos por nos poupar, dessa vez, queimamos!

》Nota: Inspirado no filme: Blue Jay.

▪︎ Basicamente o filme conta a história de um ex casal dos tempos de escola que acabam se encontrando na terra Natal de ambos (Califórnia), dentro de um supermercado. À primeira vista eles ficam meio que constrangidos com o reencontro, mas na saída do local, combinam um outro lugar para conversar; a conversa rende muitos assuntos... todos levam aquela sensação nostálgica que ambos vivenciaram nos tempos de namoro, que em algum momento se desgastou e o tempo devorou. O clima saudosista desse romance permeia suas conversas e eles parecem voltar sincronicamente no tempo, e nós, espectadores, começamos a vibrar pelo casal. O filme inteiro se passa em preto e branco, para dar ênfase às reminiscências dos personagens. Enfim, achei o filme "bonitinho " porque todos nós temos um "amor " que se perdeu ou não teve oportunidade suficiente para "ganhar forma" e se concluir de fato. As músicas remetem ao passado não só deles como também de algumas gerações e eu pude revisitar o meu. Para quem gosta de uma boa comédia romântica, sem aquele amor "piegas " demais, fica aqui a dica de filme para esse domingão.

Fênix Arte
Enviado por Fênix Arte em 30/07/2023
Reeditado em 31/12/2023
Código do texto: T7849269
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