A Roda da Felicidade - Final

Sorriu diante de sua inocência e com um pouco de temor anunciou: 

_Sou o seu avô!

Com os olhos arregalados de espanto, a pequenina em silêncio lhe encarou, enquanto uma voz fazia-se ouvir do interior da residência.

_Filha, quem está aí? 

Sentiu-se estremecer com a aproximação da voz conhecida, mas não teve coragem de responder, porém a criança entusiasmada com a recente descoberta anunciou: “É o vovô! Ele chegou!”.  

Diante dele, seu filho parou e na brevidade de um instante que pareceu uma eternidade seus olhos se cruzaram.

Reunindo a coragem que lhe restava, balbuciou: “Filho, me perdoe...”. 

De dentro da casa surgiram a jovem esposa e o seu outro neto, que boquiabertos assistiram à cena desenrolar.

Após um átimo de silêncio que deixou um suspense no ar, seu amado filho com os olhos marejados lhe abraçou e sussurrou: “Sim pai, eu preciso te perdoar”.  

Tamanha era a emoção daquele momento, que toda a família se juntou ao abraço que curava feridas do passado e abriam as portas para um novo recomeçar.  

Parado do outro lado da rua, Cristiano assistia àquela cena que se desenrolava. Fora mera coincidência passar por ali naquele momento, mas a emoção que aquele encontro transmitia lhe dava a certeza da decisão que tinha que tomar.  

Naquela noite se encontraria com a sua querida namorada, a florista Lara e estava convicto em pedir-lhe em casamento, pois na vida não há tempo a se poupar.

Arrumou-se com esmero e com uma pequena caixa contendo a aliança que fora de sua avó, partiu para o encontro que as suas vidas poderia mudar.  

Seria um simples jantar, mas como sempre ela preparara com cuidado todo o lugar. Sorriu-lhe e lhe indagou: 

_Como foi seu dia meu amor? 

_Maravilhoso! Hoje pela manhã um cliente havia esquecido a carteira e eu lhe convenci a aceitar as flores e depois voltar para pagar.

Cristiano retribuiu o sorriso e propositalmente lhe disse: 

_Você está certa! O amor não pode esperar.

Então tirou do bolso a caixa contendo a aliança, à qual ela abriu e admirou embevecida.

_Você aceita se casar comigo? 

Sem conter as lágrimas que afloraram aos seus olhos, encarou-o e enternecida respondeu: “Sim, eu aceito!”.

E assim, fechava-se aquela roda da felicidade, retornando para o ponto de partida toda a gentileza que surgira, porque para os mecanismos da vida não há controle, tudo simplesmente acontece naturalmente quando está envolvido pelo nobre ato de amar.