Recompensa

Ela, que sempre sonhou em comprar um carro, agora estava ali na concessionária a ponto de fechar a compra do seu. Logo ela sairia dali com ele, carro zero, escolhido por ela, comprado com seu esforço.

Era o seu segundo grande sonho que ela via se transformar em realidade. Recentemente, formou-se em contabilidade. Foram cinco anos na faculdade, passando todas aquelas dificuldades que todo estudante economicamente desfavorecido acaba tendo que passar até finalmente pegar o diploma. Até que venceu aquela etapa. Formou-se e logo conseguiu um emprego na área que pagava um salário relativamente bom e que lhe possibilitou a aquisição do tão sonhado carro.

Ah finalmente, afinal, foram vinte e oito anos andando de ônibus ou a pé, debaixo de chuva, sempre atrasada, aguentando enormes perrengues.

Agora era fato: ela saiu eufórica dirigindo o seu carro, escolheu um grande, afinal, teve que esperar tanto, era justo que fosse um carro pomposo, vermelho, sua cor favorita, ah, ele era perfeito! Parecia ter sido feito sob medida para ela. Dirigiu durante horas em alta velocidade. O momento era perfeito, como se sentia feliz, livre! Se pudesse não viveria mais nada depois daquilo para aquele momento não perder o encanto, para aquela felicidade tão suprema não sofrer contaminação de qualquer espécie. Aumentou a velocidade, estava antes a 120 quilômetros por hora, agora já estava a 150. Atirou-se com o carro numa ribanceira. Aquele momento tão feliz da sua vida estava de alguma forma eternizado.

Luciana Caroli
Enviado por Luciana Caroli em 20/02/2014
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