497-AVENTURA NO PASSADO - De História em quadrinhos

Conto adaptado de História em Quadrinhos

O VIGILANTE EM “AVENTURA NO PASSADO”.

Transcrição literal, sem revisão nem modificações no original. Revisar.

1 –Lançado no Passado

Em sua viagem para o Oeste americano, empreendida pelo jovem Luiz Martin à procura de seu pai, que não vê desde pequenino, um imprevisto acidente lança-o em excitante aventura, juntamente com o “Ás do Oeste” — o VIGILANTE — e seu companheiro de aventuras Sardento.

A caminho de San Rafael, Luiz Martin utiliza de um antigo automóvel, cujo radiador não agüenta o intenso calor do deserto.

= Ora bolas! = pensa o jovem Luiz = Parar no meio desta “cidade morta”, com um carro velho, sem possibilidade de conserto! E justamente de noite!

Na realidade, Luiz se encontra numa dessas velhas cidades do Oeste, abandonadas pela habitação, depois que passou a “febre do ouro” e as minas se esgotaram. Velhos prédios de madeira carcomida pelo tempo e pelas intempéries, móveis quebrados, carroças encostadas e caindo aos pedaços, evidenciam a existência, há cem anos atrás, de uma próspera cidade onde muito dinheiro corria e a vida era uma perene aventura.

= Bem, acho eu o melhor é dormir, nem que seja numa dessas casas abandonadas, apesar dos ratos dos coiotes e do pó. Talvez amanhã pela manhã eu possa dar um jeito no meu calhambeque. = E assim pensando, Luiz tomou posse por completo, de um edifício cuja placa externa, meia pendente em seu suporte, indicava HOTEL.

Mas apenas Luiz Martin cai em profundo sono, pois seu cansaço não é dos menores, acerca-se da cidade morta uma caravana, vinda também do deserto, pela trilha batida que Luiz trafegara horas antes com seu carro. Uma caravana de velhas carroças, carroções, homens e mulheres, como há muitos anos, como há mais de um século, não são vistos mais por aquelas paragens. Carroceiros tocando seus banjos e violões, com os coletes suados e cobertos de pó, cantando velhas canções do oeste americano... como se fosse num filme ou num sonho...

Teria o forte sol do deserto perturbado a Luiz, que agora sonhava com tão estranha cravana?

= Que tal, Jep? Amanhã estaremos em San Rafael? = gritou um dos caravaneiros para o guia.

= Se continuarmos rodando, acho que sim. = Respondeu o velho que guiava a caravana do pasado.

2 – San Rafael, 1851

Mas não foi um sonho. Ao acordar, pela manhã, Luiz ainda pode ver as últimas carroças que deixavam a cidade morta, em demanda de San Rafael.

= Ei! Ei! Esperem um momento = Gritou, correndo atrás da última carroça.

O cocheiro parou o veículo e Luiz pediu ajuda:

= Por favor, vocês podem me ajudar a consertar meu automóvel?

= Automóvel? = perguntou um dos condutores.

= Que é isto? Caramba! Desde que Morse inventou o telégrafo em 1844 e Ellis Howe a máquina de costura, só ouço falar em novos inventos!

= O quê! Você está brincando comigo? Em que anos Estamos? = Oerguntou, irritado, o jovem Luiz Martin.

= Em 1851, naturalmente = respondeu o velhote, também já meio impaciente com o rapaz.

= Mas...não pode ser...eu ainda ontem... = Falou Luiz, um tanto desacorçoado.

= Teremos muito prazer em lhe dar uma carona, estranho, se vai para San Rafael. Pode ir aí atrás.

Mais do que depressa, Luiz se aboletou na parte de trás do carroção.

= Papai = falou a moça que se sentava ao lado do velho condutor = Como teve coragem de enganá-lo assim?

= Ora, ora, minha filha = cochichou o velho, astutamente. =Foi o que me ocorreu no momento. E você ficou tão séria, Mary... A verdade é que ele fez a maior cara de surpresa que já vi até hoje.

E a caravana chega, ao cair da tarde, a San Rafael, a velha San Rafael de 1851, com velhas ruas, antigos prédios de madeira, e a população como a de cem anos atrás. Mas...lá também se encontra = por estranho que pareça = O VIGILANTE e seu jovem companheiro de aventuras, Sardento.

3 – A Quadrilha Ataca

= Parece que estamos mesmo em 1851, Greg. Veja: até esta pistola de água faz lembrar om Colt daqueles tempos.

= Ouvi dizer que Orval Prentice , o homem mais rico destas paragens, esta à testa disto...por interesse e também por sentimentalismo. = Explica o Vigilante. = Temos que cantar e dançar no piquenique, Sardento, mas até lá, estamos livres. Que tal cavalgarmos até às minas.

= Isto é que é falar! E veja só a pontaria! = Respondeu o Sardento, “atirando” com a pistola d´água.

Nas montanhas, não longe das minas de ouro, homens mal-encarados amarram lenços sobre a cara.

= Pra que estas roupas de vaqueiro, Slik? Até parece que estamos filmando...

= Você não tem cabeça! = Respondeu o chefe, Slik. = Todo mundo está usando estas roupas antigas. Sem elas, chamaríamos a atenção! Orval Prentice gastou uma fortuna nesta reprodução dos tempos de 1851. Suas caixas da “Companhia Fargo” estão repletas de dinheiro de verdade. Mandou colocar ouro puro nas minas, e mais ouro nos carros de bagagem, que comemorará o aniversário da Companhia de Estrada de Ferro!. Uma fabulosa fortuna espalhada por aí. = Concluiu o chefe da quadrilha.

Entrementes, Luiz Martin continua surpreso, vivendo numa era diferente da sua, e visitando todos os locais de San Rafael, procurando seu pai.

= Já li histórias como esta...Pessoas que voltam ao passado...Mas nunca pensei que fosse acontecer justamente comigo. = Pensava, entristecido, quando visitava as minas de ouro, ocasião em que foi observado por Vigilante e Sardento.

= Vej, Greg. Ele parece meio biruta. = Observou Sardento.

Luiz ouviu o Sardento e explicou a ambos:

= Vim aqui descobrir meu pai. Mas, agora, em 1851, estou cincoenta anos atrasado. Meu pai nasceu em 1910. Vejam, esta metade de um anel é a única pista que possuo para descobrir a sua identidade, pois ele possui a outra metade.

O Vigilante percebeu logo a brincadeira que fizera com o Luiz e estava para revelar-lhe a verdade, quando ouvem-se tiros e cavaleiros empunhando revólveres galopam na direção do grupo e das minas.

= Hiiiiiiip! Ao ouro! Ao ouro! Mãos ao alto!

Aproveitando-se da poeira e da confusão reinante, Greg Sanders se afasta e logo aparece, com uma fúria de vingança, O VIGILANTE, que ataca distribuindo socos e pontapés e colocando fora de combate diversos assaltantes. Mas um deles tenta atirar no Vigilante, indo a bala atingir a Luiz, eu cai ferido.

4 – O Anel Roubado.

= Luiz! Luiz! = Gritou o Vigilante, tão logo o rapaz tombara ao chão. = Preciso socorre-lo, mesmo que aqueles malditos bandidos fujam.

Acercando-se de Luiz, o Vigilante faz-lhe um rápido curativo.

= O ferimento não é grave, mas vou abrir sua camisa para dar-lhe um pouco de ar. Ah! A metade do anel. Será que seus pai ainda vive?

Ao retornar do desmaio, Luiz se sente transtornado ainda mais.

= Eu...Eu...Engraçado! Não sei quem sou...Onde estou? = Pergunta ansioso.

= Chíii, Vigilante! = Exclamou Sardento. = Agora ele perdeu a memória!

Na rota das velhas diligências, o mesmo bando que fugira do Vigilante, aguarda a passagem de uma diligência da “Companhia Fargo”, escondido numa senda do caminho.

= O Vigilante nos atrasou um pouco, mas até agora não apareceu. Vejam! Aí vem a diligência. Vamos atacá-la, rapazes! = Gritou o chefe Slik.

Tiros ecoaram, gritos, confusão.

= Pare! Pare!

= Detenha os cavalos, Jack!

= Está bem! = Gritou o cochiero. = Mas não me matem...!

A carruagem é detida, as malas atiradas ao chão, as fechaduras estouradas a tiros. Inopinadamente, um dos passageiros, de porte altivo e demonstrando muita coragem, avança para os bandidos, que o ameaçam com pistolas fumegantes.

= Quieto aí, velhinho! Ah! Uma corrente de ouro, com a metade de uma aliança! Vamos, passe para cá.

= Isto é um ultrage! Largue isto! Não vale nada! Pertenceu à minha mulher. = Gritou o valente senhor.

= É de ouro, não é? Pois eu levo. = Falou o bandido, arrancando-lhe a corrente do pescoço.

Consumado o assalto, a quadrilha se afasta, sob o olhar irado do velho passageiro.

= Bandidos! Guardei esta metade de anel durante anos...Desde aquele acidente da ferrovia que matou Mary...e meu filhinho! Bandidos! Não descansarei enquanto não os vir presos.

5 – A Arma do Sardento.

Horas mais tarde, na cidade de San Rafael, Orval Prentice procura o Vigilante, que está muito preocupado com Luiz Martin.

= O médico disse que tudo fará pelo Luiz, mas acha que ele perdeu a memória e será difícil curá-lo dessa amnésia.

= Vigilante! Vigilante! Graças a Deus o encontro! Um bando de assaltantes está roubando o ouro que espalhei na diligência e nas minas, para a festa. Precisa capturá-los, e será bem recompensado se prender esses bandidos.

= Hummm. A recompensa não me interessa, mas os bandidos, sim.

= Há um modelo de trem que, nos primeiros tempos do pinoeirismo, fazia a ligação Atlântico-Pacífico. Se os bandidos já atacaram as minas, atacarão também este trem.

= Parece lógico. Vamos, Sardento!

= Tenho um motivo muito pessoal para ver aqueles bandidos atrás das grades. = Terminou Prentice.

= Faremos o possível. = Prometeu Vigilante.

= Tome, Vigilante, guarde a minha pistola de água, enquanto dirijo a motocicleta. Não quero correr o risco de perder esta arma. = Disse Sardento.

Em caminho, montados na poderosa motocicleta do Vigilante, Sardento perguntou:

= Que razão pessoal será essa, Vigilante?

= Penso que o orgulho de Prentice foi ferido, além do prejuízo material que teve com aquele ataque dos bandidos.

Álbuns quilômetros adiante do Vigilante e do Sardento, ecoam tiros em mmeio ao ruído de freios de um trem.

= Diminua a marcha! Pare o trem! = Gritam os bandidos, de armas em punho, despejando balas a torto e a direito.

= Quando todos os rapazes tiverem subido no trem, ponha a máquina a funcionar. Assim, não despertará suspeitas. = Gritou um dos salteadores para o maquinista.

Correndo rapidamente por cima dos vagões, os mascarados da quadrilha se espalham.

= Vocês aí, desçam e “limpem” os passageiros. Vou dinamitar a porta do carro da bagagem. = Grita-lhes o chefe Slik.

Com três bananas de dinamite amarrados em uma corda, Slik deita-se sobre o teto do vagão bagageiro, e coloca o amarrado no vão da porta, para arrebentá-la. Em questão de minutos, a porta irá para os ares.

6 – O Vigilante em perigo.

Sem saber do perigo que corre, Vigilante salta da motocicleta à toda velocidade e agarra-se no batente da porta do bagageiro. Mas, imediatamente um ruído característico lhe chega aos ouvidos.

SSSSSSSSSSSHHH...

= Esquisito... Este ruído ... parece... Epa! É mesmo dinamite. E está bem na hora de arrebentar tudo!

E usando de uma notável presença de espírito, Vigilante saca do revolver e...

= Nunca pensei que uma pistola de água teria tanto valor para mim. Agradeço ao Sardento a idéia de entregar-me este brinquedo.

Então, Slik, curioso por não ter ouvido a explosão , olha para baixo, e recebe uma ducha de água fria.

= O pavio está apagado, bandido, e também vou pgr a sua cara. = Grita-lhe, gozando, o Vigilante.

Cavalgando rapidamente as paredes do vagão bagageiro , O Vigilante chega ao teto, onde, com dois bons socos, atira Slik fora de combate. Este, porém, escorrega e cai para além do trem, sobre um monte de terra, com um grito de dor:

AAAAAIIIIIIIIII!!!!

= Não pretendia atira-lo fora do trem. = Pensou o Vigilante. = Agora vou usar estes frios manuais e uma parada súbita fará com que os bandidos espalhados pelos carros percam o equilíbrio.

E é o que acontece. Ao longo do trem, os bandidos, desprevenidos, perdem o equilíbrio, e os passageiros não deixam escapara a oportunidade de dominá-los.

Momentos após, ao examinar o corpo de Slik, gravemente ferido, o Vigilante descobre uma corrente de ouro e a metade de um anel...e solta um grito de espanto:

= Mas...este pedaço de anel completa aquela outra que Luiz Martin leva no pescoço. Sardento, apesar de o bando ter sido preso, não podemos contar a Martinque seu pai era um bandido comum. Acho melhor esquecermos isto.

= Também acho = Foi a resposta lacônica de Sardento.

Alguns dias depois que os bandidos foram presos e o ouro recuperado, a Festa de San Rafael chega ao fim. No último dia das comemorações, quando Vigilante vai se despedir de Orval Prentice, inadvertidamente deixa cair do bolso a corrente com a metade da aliança, que tirar de Slik.

= Essa corrente! = Exclama Orval. = É a metade de minha aliança de casamento. Ela me pertence, pois foi roubada pelo bandido que assaltou a diligência.

Luiz, que estava no grupo, também exclamou supreso:

= SUA aliança de casamento! Ela é a metade que completa o pedaço que eu tenho e que pertenceu à minha mãe!

= MEU FILHO!

= MAU PAI !

Orval abraça afusivamente a Luiz, que, afinal encontrava seu pi e recuperava, ao mesmo tempo, a memória que tinha perdido.

= Ao ver a metade do anel, o rapaz recuperou a memória, Sardento. = explicou Vigilante. = Um verdadeiro milagre... E pensar que íamos embora daqui levando a metade do anel, sem que ele cumprisse seu destino...

= Puxa! = exclamou gaiatamente o Sardento.

ANTONIO GOBBO

Belo Horizonte, 14 de Junho de 2008

Conto # 497 da Série Milistórias

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 06/11/2014
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