700-CLUBE MUNDIAL DE EXPLORADORES-1o. cap. de "Aventureiro na Jangal Africana"

1º. Capítulo da Noveleta AVENTUREIRO NA JANGAL AFRICANA

O grande salão de festas do Clube Mundial dos Exploradores no topo de um dos mais altos edifícios do mundo localizado em Catar brilhava pelo incontável número de lâmpadas nos pesados lustres de cristal pendentes do alto teto, e também pela presença dos mais audazes aventureiros de todo o mundo e belas mulheres que se destacavam pela coragem, audácia e sucesso.

A reunião mensal dos sócios do famoso e restrito clube era um acontecimento que reunia não só exploradores de todos os continentes, como também caçadores, pesquisadores que se aventuravam pelos mais inóspitos lugares; arqueólogos reveladores de segredos das grandes civilizações do passado; jornalistas, repórteres e escritores que viviam de preferência nos mundo selvagem, nas fronteiras entre as terras habitadas e as regiões desconhecidas; capitães intrépidos de navios de pesquisa, de submarinos, batiscafos e outros veículos que revelavam cada dia novos segredos do fundo dos oceanos.

Após os discursos de praxe e da entrega do prêmio mensal ao sócio eleito como o mais intrépido, ou cuja descoberta fosse a mais importante, o jantar era servido. Os presentes, acomodados em mesas redondas com oito comensais, partiam então para animadas conversas, que iriam além do jantar e entrava madrugada adentro.

Dentre todos os grupos, destacava-se um constituído de pessoas de aspecto bem diferente entre si, envolvidos em animada discussão.

Naquela mesa estava, entre outros grandes aventureiros, o premiado daquela noite, o francês Jaques Dernier, um grande explorador da selva amazônica. O assunto foi naturalmente encaminhado para as possibilidades da vida naquele ambiente hostil ao homem.

— Hoje não temos mais lugares para a repetição de uma aventura como a de Tarzan. As selvas estão cruzadas por caminhos, a exploração de madeira, extração de minerais, o garimpo e outras atividades humanas já permearam todas as reservas florestais. — Dizia um senhor calvo, de longa barba grisalha, tez escura, mostrando sua origem indiana.

— Concordo com mister Cheepak Sungipore, interveio o Doutor Allan Gibbs, conhecido arqueólogo, famoso pelas descobertas de sítios arqueológicos nas florestas do Congo, no centro da África. — O homem está em todos os recantos do planeta.

— Não nos esqueçamos que as aventuras do homem-macaco aconteceram numa época sem paralelo, há mais de cem anos. — A intervenção de Charlene Dorange, renomada jornalista, cuja longa cabeleira negra refletia os brilhos das luzes, foi recebida com olhos de prazer pelos sete homens da mesa. E ela prosseguiu:

— Por mais romanceada que tenha sido a vida do grande herói, as condições reais de uma sobrevivência na selva não existem mais. Para onde quer que se vire, um habitante das selvas encontrará gente indo e vindo pelas trilhas, caminhos, rios e estradas.

Sentado à frente de Charlene estava Eric Thornbell, técnico em pesquisa de campos petrolíferos e explorador, que se sentia melhor nas selvas tropicais do que em reuniões formais como aquela da qual participava. Olhando a moça fixamente com seus olhos de um azul magnético que prendia a atenção de todos, com as mãos cruzadas sob o queixo, o rosto claro emoldurado por cabelos loiros bem cuidados, ele retrucou:

— Pois discordo de todas as opiniões de vocês. Se alguém quiser se isolar nas selvas e viver tal qual o herói de Edgar Rice Burroughs, poderá fazê-lo hoje, tanto na África quando na Amazônia ou nas florestas de Sumatra ou Bornéu.

— Seminu, de tanga, vivendo da caça, da pesca e dos frutos das florestas? — A moça perguntou, num tom mordaz, como que desafiando o próprio Thornbell a provar o que dizia.

— Uma experiência desse tipo, repetida hoje, seria a comprovação da capacidade de adaptação do homem sobre a natureza. — Argumentou outro companheiro de mesa, o Capitão Giovanni Camparone, cujas façanhas de descoberta submarina são do conhecimento de todo o mundo. — Mas a criação de uma criança por macacos, hoje em dia, é impossível, logo seria descoberto pela mídia (e olhou significativamente para Charlene). Quanto a uma pessoa adulta, ambientada na civilização, abandonar tudo para viver como um novo Tarzan, é outra impossibilidade.

— Pois não só acredito nesta última possibilidade como estaria disposto a vivenciá-la. — retrucou Thornbell, os olhos intensamente azuis percorrendo os olhares dos companheiros de mesa.

— Por quanto tempo? — Indagou outro senhor, de basta cabeleira branca, rosto barbeado, na boca um sorriso de mofa e um olhar de desdém.

— Sem tempo marcado. — respondeu Thornbell.

Bill O’Leary Batter, conhecido magnata americano e detentor de uma das maiores fortunas do mundo entrou na conversa.

— Pois aposto na impossibilidade desta façanha. Nem por seis meses uma pessoa civilizada aguentaria viver dessa maneira na floresta.

— Aposta aceita! — disse Eric Thornbell, levantando-se para apertar a mão de Bill Batter, num gesto de que significava “negócio feito”.

ANTONIO ROQUE GOBBO

Conto # 700 – da SÉRIE 1.OOO HISTÓRIAS

1º. Capítulo da Noveleta AVENTUREIRO NA JANGAL AFRICANA

escrito em 23.01.2010/finalizado 07.12.2011

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 11/03/2015
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