Zé Esperto & Luís o Fazendeiro
Capitulo I
Capitulo I
Certo dia, meu pai viajou para cidade grande e na volta trouxe um rádio, e o deu de presente à minha mãe. Naquela época, um aparelho daqueles era considerado um artigo de luxo, ainda mais, para quem morava em uma pequena cidade com pouquíssimas ruas de piçarra e barro batido. Televisão, só existira em sonhos. Eu deveria ter por volta de 7 a 8 anos. Aquela pequena caixa que emitia sons, era a alegria da casa, e haja pilha para colocar aquele papagaio eletrônico para funcionar o dia todo, e às vezes ainda entrava pela noite. O legal era que no rádio podíamos ouvir boas estorinhas, e para um menino aquilo era uma aventura e tanta. De uma dessas estórias, eu ainda guardo alguns fragmentos em minha falha memória, e foi justamente esse misto de saudade e lembranças infantis, que me levaram a tentar resgatá-la, claro que seria impossível, lembrar por completo de algo que você ouvira, há mais de trinta e cinco anos atrás, portanto, o que irei contar a partir de agora, é fruto de minha capenga criatividade.
***
Quando a fome assolou a casa de dona Nazaré naquele árido agosto de 1947, ela teve que pedir ajuda ao seu filho mais velho Mizael, para que ele se embrenhasse pelo mundo em busca de trabalho, e assim pudesse ajudar a família que passara por tempos difíceis. Seu pai Azimiro, já era de avançada idade e seu irmão José, ainda estava no auge de sua puberdade.
Ao amanhecer, a mãe colocara as poucas tralhas de seu filho em uma boroca. Serviu-lhe um café quente e o abençoou dizendo.
- Ide em paz e que Deus vos acompanhe, sangue do meu sangue.
Mizael ao ouvir as últimas palavras de sua Rainha, teve seu corpo tomado por uma paz infinita, sentiu-se realmente abençoado, e isso lhe dera confiança para enfrentar a longa estrada, que se mostrava em seu horizonte.
Em seus primeiros passos, logo se lembrou de uma fazenda que existia por aquelas bandas.
Depois de ter caminhado quase o dia inteiro, avistou uma porteira. Parou um pouco para beber água e descansar, ele estava sedento e o sol tinha sido de rachar a moringa. Depois de se recompor, seguiu viagem e chegou à entrada da fazenda. Bateu palmas fortemente até que apareceu uma vistosa senhora, e logo a cumprimentou.
- Boa tarde! Chamo-me Mizael e estou à procura de trabalho.
Ela com uma voz doce e suave, respondeu.
- Boa tarde! Sou Helena. Um momento que vou chamar meu esposo.
Então surgiu um Senhor muito alto e forte, sua voz estrondava como se falasse dentro de um tambor.
- Boa tarde! Sou Luís o proprietário, estás procurando trabalho?
- Sim seu Luís, essa é a razão de minha visita a sua linda e enorme fazenda.
Senhor Luís, logo se mostrara todo receptivo para com o jovem.
- Mas deixemos de cerimônia entre e se abanque, veremos se posso ajudá-lo.
- Sim, eu tenho trabalho e agasalho para te oferecer, mas precisa aceitar um acordo.
Mizael aguçou a sua curiosidade e questionou.
- E que acordo seria esse seu Luís?
- São tarefas, se conseguir cumprir todas, eu lhe darei dois mil contos de réis, a fazenda, minha esposa, e ainda terás o direito de tirar quatro fios de lombo de minhas costas, e se não conseguir, eu tirarei de seu couro os fios de lombo.
Então o que me diz?
Mizael nem imaginava, que era dessa maneira que seu Luís escravizava seus empregados, ninguém nunca tinha conseguido cumprir as tais provas, mas como ele estava naquela situação, não teve escolhas.
- Sim seu Luís, trato feito, eu aceito.
Nesse momento já era quase noite, o fazendeiro deu de jantar a Mizael e o levou até uma casinha coberta de palha, onde ele pôde atar sua surrada rede para passar a noite.
No dia seguinte, o sol despontou brilhante e convidativo. O fazendeiro já estava a espera de Mizael na casa grande, e com uma voz pigarrenta o cumprimentou.
- Bom dia, está preparado para começar as tarefas?
Mizael disposto respondeu.
-Sim. Estou pronto e curioso para ver o que me espera.
- Muito bem. Quero que vá roçar um de meus campos e leve a cachorra Mika com você, e só poderá retornar quando ela decidi vir para casa.
Mizael seguiu pelo caminho até chegar ao tal roçado, levara consigo um facão uma foice, uma garrafa com água e um pouco de farinha. Chegando lá, começou a derrubar os matos, e a cadela procurou a sombra de um ingazeiro e ficou ali deitada.
O tempo passou, já era mais de meio-dia e a fome apertou, e nada da cadela querer voltar, a barriga de Mizael a essas alturas, já roncava mais do que um motor velho. Então não teve alternativa, o jeito foi fazer aquele famoso chibé para aliviar a fome. Tomou aquele caldo frio de farinha com água e sal e continuou derrubando capim. A cadela parecia não senti, nem sede e nem tão pouco fome. Quando já era quase seis horas da tarde, foi que o bendito animal levantou-se, espreguiçou-se e resolveu seguir o caminho de volta para casa, e Mizael estafado a acompanhou.
Chegando à casa grande estava servido seu jantar: um pouco de sal, um ovo cozido, uma colher de farinha, e um copo de água. O fazendeiro ainda lhe falara, que aquela refeição deveria ser o suficiente para dois dias. Mizael sem escolhas só balançou com a cabeça e comeu a metade do ovo e foi se deitar, as mãos estavam cheia de bolhas, e o corpo parecia como se tivesse passada um touro por cima dele. Nos dias que se seguiriam, a rotina era aquela. Depois de sete dias, seu corpo já dava sinal de raquitismo e muita fraqueza, estava ali naquela escravidão e não tinha como escapar, pois seu Luís tinha capangas que vigiavam os limites da propriedade. Mizael ainda lutou contra a morte até o décimo segundo dia, mas não resistindo e passou dessa para melhor. Quando seu Luís foi até a casinha de palha naquela manhã, encontrou o corpo dele duro e esticado na sua redinha quadriculada.
***
Quando a fome assolou a casa de dona Nazaré naquele árido agosto de 1947, ela teve que pedir ajuda ao seu filho mais velho Mizael, para que ele se embrenhasse pelo mundo em busca de trabalho, e assim pudesse ajudar a família que passara por tempos difíceis. Seu pai Azimiro, já era de avançada idade e seu irmão José, ainda estava no auge de sua puberdade.
Ao amanhecer, a mãe colocara as poucas tralhas de seu filho em uma boroca. Serviu-lhe um café quente e o abençoou dizendo.
- Ide em paz e que Deus vos acompanhe, sangue do meu sangue.
Mizael ao ouvir as últimas palavras de sua Rainha, teve seu corpo tomado por uma paz infinita, sentiu-se realmente abençoado, e isso lhe dera confiança para enfrentar a longa estrada, que se mostrava em seu horizonte.
Em seus primeiros passos, logo se lembrou de uma fazenda que existia por aquelas bandas.
Depois de ter caminhado quase o dia inteiro, avistou uma porteira. Parou um pouco para beber água e descansar, ele estava sedento e o sol tinha sido de rachar a moringa. Depois de se recompor, seguiu viagem e chegou à entrada da fazenda. Bateu palmas fortemente até que apareceu uma vistosa senhora, e logo a cumprimentou.
- Boa tarde! Chamo-me Mizael e estou à procura de trabalho.
Ela com uma voz doce e suave, respondeu.
- Boa tarde! Sou Helena. Um momento que vou chamar meu esposo.
Então surgiu um Senhor muito alto e forte, sua voz estrondava como se falasse dentro de um tambor.
- Boa tarde! Sou Luís o proprietário, estás procurando trabalho?
- Sim seu Luís, essa é a razão de minha visita a sua linda e enorme fazenda.
Senhor Luís, logo se mostrara todo receptivo para com o jovem.
- Mas deixemos de cerimônia entre e se abanque, veremos se posso ajudá-lo.
- Sim, eu tenho trabalho e agasalho para te oferecer, mas precisa aceitar um acordo.
Mizael aguçou a sua curiosidade e questionou.
- E que acordo seria esse seu Luís?
- São tarefas, se conseguir cumprir todas, eu lhe darei dois mil contos de réis, a fazenda, minha esposa, e ainda terás o direito de tirar quatro fios de lombo de minhas costas, e se não conseguir, eu tirarei de seu couro os fios de lombo.
Então o que me diz?
Mizael nem imaginava, que era dessa maneira que seu Luís escravizava seus empregados, ninguém nunca tinha conseguido cumprir as tais provas, mas como ele estava naquela situação, não teve escolhas.
- Sim seu Luís, trato feito, eu aceito.
Nesse momento já era quase noite, o fazendeiro deu de jantar a Mizael e o levou até uma casinha coberta de palha, onde ele pôde atar sua surrada rede para passar a noite.
No dia seguinte, o sol despontou brilhante e convidativo. O fazendeiro já estava a espera de Mizael na casa grande, e com uma voz pigarrenta o cumprimentou.
- Bom dia, está preparado para começar as tarefas?
Mizael disposto respondeu.
-Sim. Estou pronto e curioso para ver o que me espera.
- Muito bem. Quero que vá roçar um de meus campos e leve a cachorra Mika com você, e só poderá retornar quando ela decidi vir para casa.
Mizael seguiu pelo caminho até chegar ao tal roçado, levara consigo um facão uma foice, uma garrafa com água e um pouco de farinha. Chegando lá, começou a derrubar os matos, e a cadela procurou a sombra de um ingazeiro e ficou ali deitada.
O tempo passou, já era mais de meio-dia e a fome apertou, e nada da cadela querer voltar, a barriga de Mizael a essas alturas, já roncava mais do que um motor velho. Então não teve alternativa, o jeito foi fazer aquele famoso chibé para aliviar a fome. Tomou aquele caldo frio de farinha com água e sal e continuou derrubando capim. A cadela parecia não senti, nem sede e nem tão pouco fome. Quando já era quase seis horas da tarde, foi que o bendito animal levantou-se, espreguiçou-se e resolveu seguir o caminho de volta para casa, e Mizael estafado a acompanhou.
Chegando à casa grande estava servido seu jantar: um pouco de sal, um ovo cozido, uma colher de farinha, e um copo de água. O fazendeiro ainda lhe falara, que aquela refeição deveria ser o suficiente para dois dias. Mizael sem escolhas só balançou com a cabeça e comeu a metade do ovo e foi se deitar, as mãos estavam cheia de bolhas, e o corpo parecia como se tivesse passada um touro por cima dele. Nos dias que se seguiriam, a rotina era aquela. Depois de sete dias, seu corpo já dava sinal de raquitismo e muita fraqueza, estava ali naquela escravidão e não tinha como escapar, pois seu Luís tinha capangas que vigiavam os limites da propriedade. Mizael ainda lutou contra a morte até o décimo segundo dia, mas não resistindo e passou dessa para melhor. Quando seu Luís foi até a casinha de palha naquela manhã, encontrou o corpo dele duro e esticado na sua redinha quadriculada.
Capitulo II
Passaram-se alguns anos e dona Nazaré e toda a família sofreram muito com a falta de Mizael.Um dia chegou um senhor a cavalo à casa de dona Nazaré, desceu do animal e a cumprimentou.
- Bom dia, por obséquio a senhora teria um copo com água, por favor?
- Bom dia, sim aguarde que vou pegar.
- Obrigado e desculpe minha ignorância, chamo-me Osvaldo.
- Sou Nazaré, está vindo de que atura da estrada?
- De longe senhora, muito longe, eu estava escravizado em uma maldita fazenda, mas graças a Deus conseguir fugir.
-Ó seu moço, quem sabe não tens noticias de meu filho, sua graça é Mizael.
- Ah! Mizael já ouvir falar dele sim, infelizmente o que tenho para lhe dizer não é nada bom.
- Diga-me mesmo assim, e nos tire dessa longa agonia.
- Seu filho fez um trato com o fazendeiro Luís, uma pessoa muito má e não resistiu.
Nesse momento, dona Nazaré não conteve a emoção e as lágrimas rolaram não só dela, mas de todos os membros da família. O homem terminou seu copo com água, agradeceu e seguiu seu caminho. Parecia ter sido enviado por Deus, só para dá a tal noticia. José a essa altura, era um homem feito e tinha se tornado um rapaz forte e vistoso, recebera o apelido de Zé Esperto em sua redondeza, devido a sua habilidade em várias coisas e a sua aguçada sabedoria. Logo a mente de José foi tomado pelo aquele forte sentimento de vingança, passava o tempo todo pensando em vingar a morte de seu único irmão .
Foi então que José disse a mãe que iria procurar trabalho na mesma fazenda, onde seu irmão fora escravizado até a morte. Sua mãe reticente e com medo de perder agora o seu único filho, não concordara com a ideia de Zé Esperto. Mas ele estava decidido. Numa madrugada, pegou sua boroca, colocou suas coisas e caiu na estrada, antes mesmo do galo cantar e sem a mãe saber de nada.
José fez o mesmo caminho que fizera seu irmão, e chegou as terras do fazendeiro Luís, por volta das cinco e meia de uma quarta-feira de verão. Ao chegar à propriedade, viu uma senhora de uns sessenta e poucos anos numa cadeira de balanço na varanda, aproximou-se e disse.
- Boa tarde ou boa noite senhora, meu nome é José e estou à procura de trabalho e abrigo.
A senhorinha respondeu com uma voz cansada e embasada devido aos muitos cigarros de fumo de mole, que já havia fumado durante sua vida terrena.
- Boa noite jovem, aproxime-se para que eu possa vê-lo melhor, a vista já não alcança.
José então deu mais alguns passos em direção à senhorinha.
- Meu nome é Fuluca, sou a nora de seu Luís que é o dono desta fazenda.
José então a interpelou.
- Posso ter um dedo de prosa com ele?
- Vim de muito longe atrás de trabalho...
E ela gentilmente respondeu.
- Claro, aguarde aqui que eu vou chamá-lo.
Nesse momento, José observava cuidadosamente o terreno que pisará e ficou tentando refazer a cena de seu irmão naquele local, e se questionava, “ como será que meu irmão se comportava aqui nesse lugar, o que ele fazia, o que comia, onde ele dormia”. Essas coisas vinham a sua mente, e dentro de si dizia, é meu irmão, esteja onde estiver eu vou dá uma lição naquele que te fez sofrer. Passado alguns instantes, adentrou a varanda o fazendeiro Luís e sua esposa Helena, seu Luís se aproximou do jovem e o cumprimentou.
- Boa tarde meu jovem, o que o traz até minha fazenda?
- Boa tarde senhor, ando a procura de trabalho e agasalho.
- Então você veio ao lugar certo, aqui você terá ambos, mas antes precisa aceitar um acordo.
- E que acordo seria esse meu senhor?
Seu Luís repetiu a Zé Esperto, as mesmas coisas que falara ao seu finado irmão, e aos muitos que por ali passaram e morreram sendo escravizados nas mãos daquele homem. Prometeu toda aquela quantia em dinheiro, a fazenda, sua digníssima e a tal crueldade dos fios de lombo das costas do perdedor. E Zé prontamente aceitou o trato, pois suas intenções eram outras. O fazendeiro ofereceu também, a mesma casinha de palha onde havia hospedado seu irmão Mizael, e lá Zé passou a noite, depois de ter andado toda aquela distância, na pátria amada.
Capitulo III
Quando os primeiros raios de sol, despontaram sobre aquelas terras naquele dia, Zé Esperto já estava de pé e tomado banho, pronto para a sua primeira tarefa, encostou aquele objeto grande, tecido com palha e cipó, que era o que se dizia ser, a porta de sua pequena choupana e seguiu rumo a casa grande da fazenda. Ao chegar lá, o senhor Luís, não lhe ofereceu nem se quer um café para esquentar estômago e quebrar jejum, foi logo dizendo o que ele teria que fazer em seu primeiro desafio.
– Quero que você vá roçar um de meus campos e leve com você a cachorrinha Mika, você, só poderá retornar quando a cadela vier.
– Tudo bem senhor Luís.
Zé esperto levou consigo, o facão a foice e uma garrafa com água, o fazendeiro ainda havia lhe oferecido uma mão de farinha, mas ele só agradeceu e recusou.
Chegando ao local do roçado, a cadela Mika já conhecia o caminho até o ingazeiro, e seguiu para desfrutar daquela agradável sombra. Zé procurou uma árvore de cuieira e cortou um galho de aproximadamente, uns oitenta centímetros, aparou as folhas com cuidado, deixou daquele jeitinho, foi até ao ingazeiro e se aproximou da cadela, e deu em Mika uma ripada não com muita força, mas que deu para ela sentir vontade de voltar para casa rapidinho, e o animal se desembestou rumo a casa grande e Zé Esperto a acompanhou. Chegando a casa grande, seu Luís ficou muito admirado e disse.
- Já retornou o que sucedeu rapaz?
- Senhor Luís, eu estou só cumprindo as suas ordens, a cadela veio para a casa grande e a acompanhei, como o senhor havia solicitado.
E assim Zé Esperto tinha se livrado da primeira, que o fazendeiro tinha preparado para ele. Como de costume as refeições eram: um ovo cozido, uma colher de farinha e um copo com água, só que Zé era muito safro, já tinha visitado os galinheiros da fazenda, e pegado uma duzia de ovos, o que lhe bastaria para semana inteira.
No dia seguinte, o senhor Luís tinha uma nova tarefa para aquele que já o tinha surpreendido, e disse para José.
- Hoje eu quero que você pegue essas carroças e traga-me todas as árvores que tenham nó a cada palmo de distância.
- Tudo bem senhor Luís, irei me esforçar para cumprir o pedido do patrão.
Zé Esperto foi direto para o bananal do fazendeiro e derrubou todas as bananeiras, pois para ele a bananeira, era a única árvore que atendia as características determinada pela prova, assim devastou literalmente o bananal do senhor Luís.
Quando o fazendeiro viu e estrago ficou desesperado.
- Meu Deus! O que você fez com o meu bananal?
- Patrão, essas foram as únicas árvores que eu encontrei, com nós a cada palmo de distância.
E realmente Zé estava certo, então tudo que o fazendeiro pôde fazer foi lamentar-se.
A noite seu Luís queixou-se para sua esposa Helena.
- Mulher esse Zé é muito esperto, tenho que dá um jeito nele, se não ele vai me acabar.
E passará a noite toda remoendo os miolos, maquinando algo difícil o suficiente, para que Zé não fosse capaz de fazer, e assim perdesse a aposta. O dia amanhecera e as provas deveriam continuar.
- Bom dia José, disse Luís
Zé respondeu disposto.
- Bom dia Patrão.
- Zé Hoje eu quero que você deixe todo o meu rebanho achando graça.
- Achando graça patrão?
- Sim achando graça.
- Tudo bem patrão, vou fazer de tudo para atender seu pedido.
Zé esperto então partiu para os campos, com uma peixeira, uma pedra de amolar e uma vasilha com água. Passou quase meia hora afiando sua faca na pedra, depois que constatou que a faca ja estava cortando até o vento, foi em direção aos gados, e começou a cortar a parte superior da boca de todo o rebanho, deixando assim todos os bois e vacas com os dentes superiores expostos, o que dava a entender que os animais estivessem achando graça, como o patrão havia solicitado.
Quando o senhor Luís viu todo o seu rebanho naquela situação, quase teve um troço.
- Pelo amor de Deus homem o que você fez?
- Você não queria todo seu gado achando graça? Está feito, não tem nenhum gado triste no seu campo agora.
Depois de algum tempo os ferimentos dos animais, havia infeccionado muito e todo o rebanho morreu.
Senhor Luís já estava desesperado, pois já amargava um grande prejuízo, foi então que lhe veio a ideia de assustar José. Ele pediu para que sua sogra Fuluca, subisse em uma árvore bastante alta, depois que todos tivessem se recolhido para dormir, e que começasse a dá feios gritos como se tivesse a imitar uma assombração.
Como combinado, por volta da meia-noite a velha começou dá horríveis gritos de lá da copa de uma árvore. Senhor Luís foi até a choupana de José e o chamo para dá um jeito na visagem. José não escutou converso, pegou a desseis e partiu para debaixo da árvore e chegando lá disse.
- Quem és tu assombração e o que queres?
E avelha como uma voz arrepiante respondeu.
- Sou aquele que anda nas copas das árvores e se esconde nos ventos, e estou aqui para assombrar este lugar amaldiçoado.
E José todo destemido respondeu.
- Me chamo Zé Esperto, cabra macho e não tenho medo de assombração, porque
para ela eu tenho um remedinho, que é de alivio imediato.
E passou fogo na velha, ai foi que ela gritou com vontade, mais aquele era o grito da morte, ela se debateu e despencou de cima abaixo, José se aproximou e reconheceu que era a sogra do fazendeiro, nessa hora senhor Luís vinha chegando, pois ouvira os fortes gritos, e com um olhar indecifrável, talvez de espanto ou agradecimento, tomou o corpo da sogra em seus braços e falou para José.
- Veja o que você fez, matou minha sogra.
E Zé Esperto respondeu.
- Mas patrão, ela falou que era uma visagem e que iria assombrar a fazenda, então eu não tive alternativa, a não ser passar fogo nela.
E assim o fazendeiro ficou sem a sua querida sogra, que talvez não fosse tão querida assim.
De madrugado, senhor Luís teve um de seus maquiavélicos pensamentos, combinara com sua esposa Helena, para irem caçar em uma serra distante da fazenda, que os dois conheciam muito bem, e lá eles irão dá um fim no Zé Esperto.
De manhã cedo, partiram os três em direção a serra para tal caçada. Depois de caminharem quase o dia inteiro subindo a serra, chegaram ao cume. No topo da serra tinha um abismo, e foi justamente ali que o fazendeiro disse que eles iriam passar a noite, para por volta das cinco horas da manhã do dia seguinte ele e José saíram para caçar. Senhor Luís já tinha premeditado tudo, escolheu o lugar que cada um deveria deitar estrategicamente. Ele deitou ao lado de sua digníssima, e colocou José para ficar bem rente a beira do abismo, pois assim que ele pegasse no sono, iriam empurrá-lo abismo abaixo. Ambos estavam bastante cansados da jornada, mas José era um jovem forte, ficou um bom tempo acordado, até a hora que percebeu que senhor Luís e a esposa estavam no sono pesado, nesse momento ele deu um jeito de trocar de lugar com a mulher. Por volta de umas duas horas da madrugada o fazendeiro despertou, e se preparou para empurra José abismo abaixo, devido à escuridão, ele não teve como ter certeza, se realmente era José que estava ali deitado. Quando ele empurrou aquele corpo, ouviu um grito de desespero e mais desesperado ficou ele, pois acabara de jogar sua esposa abismo nos braços da morte. José logo se acordou com o barulho e disse que.
- O que você fez homem!?
E o fazendeiro não conseguia dizer nada, somente soluçava chorando, como uma criança abandonada.
Os dois retornaram para a fazenda e chegando lá, o senhor Luís disse a Zé Esperto que a vida não fazia mais sentindo para ele, preferia morrer à viver naquela situação. Pegou a maleta com os dois mil conto de réis e deu a José, e disse que a fazenda também era dele, e ainda pediu a José que pegasse um facão bem amolado, para tirar das costas dele os quatro fios de lombo. Zé Esperto nesse momento refrescou a memória do fazendeiro, dizendo.
- Você se lembra de um jovem chamado Mizael?
- Ele era meu irmão, e você o escravizou até a morte, agora você irá ser meu escravo e eu serei seu patrão.
Luís ficou perplexo com a que acabara de ouvir, e naquelas alturas não tinha escolhas, ou era a morte após a cauterização de sua costa ou servir a Zé Esperto.
Zé Esperto tomou posse de tudo do que era do fazendeiro. No dia seguinte mandou chamar seus pais para virem morar com ele na fazenda, e Luís o serviu até o fim de seus dias.
Como dizem os antigos, nesse mundo sempre existe alguém mais esperto do que você.
***
FIM
FIM
Nota: Caro leitor esse foi o meu primeiro conto, e escolhi justamente esse tão longo, fiique a vontade para fazer suas criticas/comentários, pois tive muitas dúvidas durante a construção desse texto. Conto com a colaboração de todos.
Quanto ao vocabulário, tentei usar algumas palavras e expressões mais ou menos da mesma época da estória.
Minha Gratidão & Respeito! Tenha Um Fim De Semana De Amor & Paz Junto Aos Seus!
By Fábio Ribeiro
Manaus-AM Mar/2015
May God Bless You!