A ETERNA IDADE

Ao cruzar o Rio Sagrado e adentrar as imensas cavernas entre os imensos rochedos gelados de imponentes fendas eternas para saciar-me do mel e beber o leite do Paraíso, pra provar do alimento do céu farei o que for preciso. Li nos contos secretos sobre a imortalidade e da viabilidade de tornar-se fato concreto e ter a eternidade como novo objeto.

E dessas velhas escrituras, eis que surge uma pista, de tamanha envergadura, elencada em um livro que o mago alquimista descrevia em sua história com riqueza de memória exibindo com tal zelo, mapas, azimutes e novelos para escapar de profundos labirintos e odisseias repletas de glória; no oculto do mistério, investir invadir o império que naquela conjuntura, nem o medo de altura deixava-me menos austero e assaz otimista.

Escalei a montanha gelada encrustada no grande Oriente, a maldita empreitada, até hoje nenhum ser vivente retornou dessa jornada.Tempo e homem isolados com sua indumentária e quase congelados em busca de entrar na lendária Terra de Xanadú. Lugar tão fascinante e não menos incomum, em um ponto equidistante a Calota Polar Norte e o Trópico de Câncer ao sul. Fascínio este que até o grande Cervantes acharia uma aventura para o "Cavaleiro Andante", um relaxante refúgio de quaisquer gigantes moinhos, deslumbrantes caminhos e que são subterfúgios que tivesse o dia inteiro, e descansar das andanças com seu fiel escudeiro, o amigo Sancho Pança.

Mas havia um motivo maior, o desejo de porte, que havia me possuído de me conservar sempre forte, de me manter sempre vivo; precisava conhecer a misteriosa Redoma do Prazer. O motivo da viagem de transpor tortuoso caminho e completamente sozinho, a eternidade conceber.

Cheguei pela manhã àquela imensa terra chã, saboreei o fruto da vida da terra de Kubla Kan, e fartei da sagrada comida . Depois de minha "odisseia" entre a vida e a morte, fui contemplado da sorte de encontrar a Panaceia. E foi um grande momento; devido ao avassalador, efeito de tal alimento, senti o mais pleno vigor, senti minha alma dispor de meu velho corpo mortal, despida de qualquer dor e de tudo que faça mal.

Os anos vieram e se passaram e as estrelas no céu pararam, o rio deixou de correr, as pedras não mais rolaram e o gelo de derreter e a areia da minha ampulheta não tinha mais serventia, vitimado pela vendeta, já que o tempo não se mexia que a partir daquele instante, não havia mais dias e não havia mais noites sofrendo o eterno açoite da Sibila do Anjo Errante. Não há bússola, nem norte e nem sul; nem fogo, nem luz ou abrigo, eu estava condenado ao sumário castigo na prisão de Xanadú. Não há razão para viver nem nada que fosse preciso, não existe Paraíso na Redoma do Prazer. Como a Caixa de Pandora ou o Odre de Ulisses, cometemos idiotices para mudar nossa história e nos precipícios da eternidade perdi a minha morte...sem auspícios...felicidade...sorte.

Paulo Cezar Pereira
Enviado por Paulo Cezar Pereira em 15/09/2015
Reeditado em 27/06/2020
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