ZÉ MINEIRO E O BURRRÃO

Este causo faz parte do livro de minha autoria, MORREU ALGUEM AI ?

que pode ser encontrado no site CLUBE DOS AUTORES

Zé Mineiro gabava-se de, na sua mocidade, ter sido ótimo peão amansador de burros nas fazendas que trabalhou em Minas Gerais, Mato Grosso e até em Goiás.

Nós ouvíamos, embevecidos, aquelas historias principalmente pela maneira que eram narradas.

Ate que um belo dia, o profundo conhecedor de animais recebeu a visita de um cigano montado em um belíssimo animal. Era um burro muito bem arriado e enfeitado, que causou, à primeira vista, grande admiração em todos nós.

Mas quem entendia de animais era Zé Mineiro, pra rimar peão e boiadeiro.

O cigano convidou-o para dar um repasso no magnífico animal e lá se foi o peão em disparada, tirando até faíscas no asfalto, sumindo no fim da estrada.

Quando ele retornou, fez com que o animal empinasse demonstrando grande habilidade sobre a cela.

O cigano então fez a proposta: “Gostou do animal? E uma maravilha não e mesmo?”

Negociaram ali mesmo o animal e o cigano foi embora, enquanto todos nós admirávamos a magnífica aquisição.

Já era bem tarde e fomos dormir e sonhar com aquele lindo animal.

No diaseguinte, than, than, than, than!

Chovera toda aquela noite e o animal ficara amarrado do lado de fora da cerca, ficando todo molhado e desbotado. Quando Zé Mineiro foi ver o pobre animal quase teve um troço:

Nada mais restava daquele lindo animal. Amarrado à cerca estava um tremendo pangaré que não tinha nada a ver com o magnífico burro.

Era o mesmo, mas a chuva havia tirado a maquiagem feita pelo cigano e assim Zé Mineiro foi logrado. Quanto ao cigano, dou um doce para quem souber seu paradeiro.

Nosso amigo não se deixou abater pela gozação da qual se tornou vitima e, assim, o pangaré se transformou no nosso amigo Burrrão. Sim, era desta maneira que nós o batizamos: Burrrão!

O Burrrão vagava pelas ruas com seu passo cansado ate à noite, quando era recolhido a um paiol, onde se abrigava. Quando ele não voltava para casa, Zé Mineiro perguntava. Alguém viu o meu Burrrão?

Quando alguém o encontrava, logo o conduzia até a casa do seu dono. No fundo, o Burrrão era de todos nós...até que um dia ele sumiu pela estrada.

“Alguém viu o Burrrão por ai??” Nada! Até que, depois de muitos dias, Jorge-Perereca saiu com essa:

“Seu Zé, encontrei o Burrrão!”

“Onde??” - perguntamos todos ansiosos:

“Lá no rio Paraíba. Ele estava nadando de um jeito muito especial”

“Como assim jeito especial?” - perguntamos todos bem aflitos.

“Tava nadando lá no rio com as quatro patas para cima”- respondeu.

“O meu Burrrão morreu!!!” - Exclamou Zé mineiro, desesperado.

E assim acabou o nosso Burrrão...

ANESIO SILVA
Enviado por ANESIO SILVA em 27/04/2016
Código do texto: T5617854
Classificação de conteúdo: seguro