NO DIA QUE JURUPARI BOTOU A GENTE PRA CORRER DO MIRIZAL.

Autor: José Gomes Pases

Em: 01/07/2016

Era meados de Setembro ou Outubro daquele ano, época da seca dos rios e das praias lindas, águas pretas cristalinas do Lago do Taboari em Urucará, lá nas cabeceiras.

Época de fazer piquenique na praia e juntar Miri, como também, pegar Tucunaré de currico.

Fazíamos aquele piquenique na praia, levávamos as comidas prontas e para fazer.

O Douro viajava lotado de crianças, jovens e mais idosos, cachorro, papagaio, piriquito, etc. tudo o que coubesse no barco.

Na verdade o piquenique era para se banhar nas águas pretas, limpas e caudalosas do Taboarí Grande, mas a finalidade principal era juntar Miri, uma frutinha muito saborosa que quando madura fica pretinha e que caía de uma árvore gigante, frondosa que ficava bem próximo da praia, se bem que na época o local era Mata Geral virgem mesmo e não residia uma viva alma na redondeza.

Tínhamos que juntar os Miris em meio às folhas secas no chão e depois aproveitávamos para desfrutar do gostoso e sonhado piquenique, que era aguardado o ano inteiro.

Certa vez fomos ao piquenique, papai, mamãe, meus irmãos, amigos e parentes. Chegando lá os jovens e mais velhos se dirigiram ao Mirizal para juntar a frutinha gostosa e saborosa. Depois de algum tempo lá pelas 12:00h da manha, começou a bater um vento forte e um barulho estranho que vinha de dentro da mata, assustando a todos.

Os mais experientes diziam que se tratava do Jurupari (um macaco enorme que tem uma boca grande no meio do estômago e dois olhos grandes na cabeça), essa é a figura que a D. Ana vira passar bem próximo. Não era a primeira vez dessa figura aparecer, muitos mateiros já haviam sido expulso da redondeza.

Todos pegaram seus apetrechos de colheita, como latas e óleo seca, latas de leite ninho seca, sacos de panos, etc., e saíram em disparada em direção a praia e ao barco, pedindo que o motorista virasse o barco mais que depressa, pois sentiam que Jurupari estava os seguindo. Muitos deixaram seus pertences na praia. Eu, era bem pequeno, confesso que não vi a figura do Jurupari, mas pelo olhar e medo dos mais velhos que nos acompanhavam, pude acreditar que era a mais pura verdade.

O Jurupari é um dos protetores da natureza e na época o local era Mata Geral virgem mesmo, não habitada por humanos.

Por muitos anos deixamos de fazer o nosso piquenique por aquelas bandas, mas afirmo que o melhor Miri estava lá religiosamente sob a proteção de Jurupari.

Essa historia deve ser sempre lembrada, procuro registrar para que nunca fique esquecida e no futuro possam lembrar com saudade do tempo bom que vivemos.

Gostaria de registrar os personagens dessa historia, acontece que muitos a maioria já estão na casa do Pai e os outros não iria lembrar de todos.

José Gomes Paes

José Gomes Paes
Enviado por José Gomes Paes em 02/07/2016
Reeditado em 02/07/2016
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