Caboclo apaixonado

Quando é que praqueles cantos eu vou voltar?? Mar de montanhas se colocaram entre nós e vagueia o coração do caboclo apaixonado, em cima da charrete desengonçada. Essa distância não parece assim tão grande na cabeça, aquela mulher-menina ainda está lá. Vestida no mesmo vestidinho pronta pra amar na varanda. Trem complicado esse aí, mais fácil lidar com jumento empacado. Daquele bicho lá tenho é medo, quando quer faz arrepiar de baixo em cima. Ajeita o chapéu sobre os olhos do sol, ajeita a paia na boca, viagem que segue.

Menina inteligente tá lá, entreguinha. Cê é doido... mais vale mexer com cavalo furioso. Mas é coisa séria, brincar com isso. Dona Joaquina tá sabendo de tudo já, mulher viúva, se juntar as duas dá problema. Nossa Senhora taí olhando por elas né. Já brinquei demais, e ainda tô aqui fugido.

Mas fiz foi certo, depois que briguei com a parentada. Deu pra conviver mais não. Briga de posse, fofocaiada, que eu tenho a ver com isso? Cada um colhe o que planta. Vim pra cá foi pra conhecer o interior... ter paz.

Quero sentir a imensidão dessas terras, beber da água da fonte, montar em cavalo selvagem. Dá pra ficar aguentando secada de padre mais não, nem o velho rabujento. Nunca fui beato mesmo não.

Mas a paz que faz mesmo aqui dentro igual descansar em pé de jaca é o café da dona joaquina, nossa mãe de Deus não sei de onde tiram aquilo, só não é melhor... que o beijo daquela filha dela. Não é melhor que seus carinhos. Oxente, assim eu caio da charrete! Zói no horizonte. E as tralha arrasta na terra, e a cachorrada vem atrás... caminho sem volta, será? Mas ainda vejo os cabelos dela balançar, ainda vejo ela alimentando as criação, enfrentando os panelão, eita menina esperta. Que esposa não daria...

Dangerous
Enviado por Dangerous em 11/01/2018
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