As crianças e o enorme pneu...

Moravam na chácara, lá pros lados da Zona Sul de São Paulo, próximo à serra do mar, que hoje tem saída pra Ilha Comprida.

Tinha muita serração por ali. E no tempo do frio, era muito frio.

Juntaram-se com as crianças da vizinhança. A irmã mais velha ainda estava em casa, ainda não tinha ido trabalhar fora.

Então, aquela criançada toda, umas dez, de idades que variavam dos 7 aos 14 anos... Brincavam soltas na estrada que rodeava as chácaras daquela região.

Brincando, livremente, inventavam brincadeiras, pois não tinham outra opção. Nem bicicleta tinham... Mas tinham imaginação.

E naquela tarde, de um dia de verão, que estava tranquilo e calmo. Sem vento, sem frio, sem muito sol nem calor. Um dia agradável e feliz. E as crianças brincavam, contentes, naquela reunião de amizade.

Então encontraram um enorme pneu. Acho que era de caminhão, porque era muito grande.

Lá de cima da ladeira, a irmã dela pediu pra ela ficar na parte mais abaixo e segurar o pneu... Ela, inocente, foi... E ficou lá mais embaixo, na espera... De cima as crianças todas olhavam a façanha: - Será que ela consegue segurar o pneu?...

E o enorme pneu foi solto.. E veio, com velocidade que só aumentava, quanto mais ele rolava e descia a ladeira...

Ela, pequena, menina, magra, olhava estarrecida, quase que hipnotizada, aquele enorme objeto, que pra cima dela se direcionava...

Então, quando quase já não havia mais tempo, ela, num impulso repentino, pulou de lado...

E o pneu passou raspando, fazendo uma volta, descendo um barranco, indo bater com tudo na parede da casa delas... Entre o quarto dos pais e a sala, o pneu bateu com tudo... Tão forte que rachou a parece...

Ela olhava parada, espantada, vendo o estrago... Ih! os pais iriam ficar bravos...

E a irmã ficou brava com ela: - Por que você saiu da frente? Era pra você ter segurado o pneu...

Imaginem só, se conseguiria?... Pequena, menina, magra, raquítica, de apenas 12 anos... Ainda bem que o Anjo da Guarda agiu, e a livrou do perigo e de algo pior...

Pequena menina do bem. Que desde cedo acreditava em Deus, em Anjos, em magia e milagres. Sempre recebeu, e recebe, a proteção divina.

Porque acreditar no divino, em milagres e na existência do bem e dos Anjos, não é utopia.