(Travessias) As Pedras Rolam

No meio do rio, em vez de pedras, tinha uma grossa maçaroca de dinheiro. Havia uma grossa maçaroca de dinheiro no meio do rio; em vez de pedras. Quase me afogo, tomei água, fui à superfície várias vezes, mas não deixei a maçaroca de dinheiro passar incólume às minhas vistas.

Sou Nordestino com muito orgulho. Sai de lá de pau de arara e em São Paulo, tornei-me metalúrgico. Cortei o dedo, motivo d´eu ter aposentado com saúde. Fiz-me político. Usei o Maluf, o "rouba mas faz" como escudo humano; foi meu bode expiatório por muitos e muitos anos. Mais tarde, bem mais tarde, quando as luzes das desavenças políticas apagaram-se, pedi a ele que arrumasse uns votos de seu fiel eleitorado para auxiliar o camarada Haddad a eleger-se à Prefeitura de São Paulo. Para angariar o Poder, vale tudo.

Voltei ao Norte e Nordeste, depois de muitos anos. Revi minha família, irriguei o pasto seco dos meus irmãos chapéu de couro, com as águas do São Francisco; e desse povo, sou herói e merecidamente, por ele, ovacionado. Fiz tanto por eles, que aposentaram o sofrido jegue e atualmente, trafegam de moto para cima e para baixo. Não comem sem um pedaço de carne seca no prato e consomem virado no bode.

Subi a rampa do Plano Alto. Fui eleito pelo voto popular duas vezes. Viajei o mundo e hoje, por ironia da política, como locomotiva desembestada, como pipa sem freio, debico na barra do tribunal, cai nas mãos dos Sulistas; povo que no passado fez a revolução farroupilha, cujo interesse era separar o país. Povo ousado!

Se a revolução fosse levado a cabo, como estaria meu povo. Fato é que sordidamente, as pedras rolam e os opostos encontram-se no jogo político; e salve-se quem puder. Eu de um lado, defendendo o sol escaldante assolando meus irmãos de chapéu de couro e do outro, os homens dos pampas usando bombachas. De um lado, eu como Nordestino e unificador; do outro, os Sulistas separatistas criadores de carneiros e ovelhas em mar de grama. Infinda, segue o carrossel aventuroso da vida a girar; e a política é o cinto que a todos os brasileiros une. Os umbigos se atam através dela e só é desatado por quem está no comando do manche, chamado Poder. Indomável, estive lá e fiz o que quis; agora, estou aqui.

Daqui só o Leonel Brizola que um dia disse que a elite iria engolir um Sapo Barbudo no Poder; e obviamente, a minha camarada de luta, Diu má Rousseaf. Mais um: o amigão de luta, camarada do peito, Jaques Wagner; filho e cria do PT.

Nesse momento inicia a réplica ao que foi dito por Leonel. Como dizia meu pai, a política é uma peleja insana, uma luta inconteste de dar e receber, entre o Diabo com o dono do céu. Será que a mentira sobreporá a verdade? Valei-me, meu padin, padin Cisco! Nessa hora vale apelar para tudo, até dizer que a Marisa foi uma esposa verdadeira em vida e por ser a minha mais nobre confissão, levou tudo com ela para onde foi.

P.S.: No dia que o homem negar o dinheiro e o Poder, Jesus Cristo, O Messias Prometido, voltará à Terra para lavar os pés dos absolutistas renegados. Provavelmente, a Terra será dominada pela mendicância.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 24/01/2018
Reeditado em 24/01/2018
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