Adeus, "Bounty"
- Capitão Bligh, permissão para falar.
- Permissão concedida, mestre Christian.
- Andei conversando com alguns rapazes e... bom, nós não queremos deixar nossas mulheres aqui no Tahiti.
- Querem levar mulheres a bordo de um navio de guerra da marinha britânica? Sabe bem que isso não é possível. Artigo XIV, dos "Regulamentos e Instruções Relativos ao Serviço de Sua Majestade no Mar".
- Sim, estou ciente disso, capitão... mas, creio que tenho uma solução: elas não virão conosco a bordo. Já viu o tamanho dessas canoas polinésias de casco duplo? Pois bem: pegamos uma das maiores e as levamos à reboque da "Bounty".
- Você sugere rebocar uma canoa cheia de mulheres até às Índias Ocidentais?
- Não exatamente, capitão... pretendemos abandonar vocês em algum ponto do caminho.
- Se está falando em deserção, mestre Christian, terei que pô-lo a ferros.
- Não estou falando em deserção, senhor. Durante uma tempestade, o navio será atingido por uma grande onda e parte da tripulação se perderá no mar. Essas coisas vivem acontecendo, infelizmente. Mande rezar uma missa por nossas almas, quando chegar à algum porto cristão.
- Imagino que a outra alternativa seria um motim.
- Podemos evitar isso, senhor. Motins não são bons para a carreira de ninguém, principalmente para um capitão em seu primeiro comando.
- Lá isso é verdade... quando estarão prontos para zarpar?
- Amanhã de manhã, capitão.
- Bem, então creio que devemos oferecer uma festa de despedida esta noite...
- Fico feliz que tenhamos chegado a bom termo, capitão.
- Claro que sim, mestre Christian.
E, naquela noite, o capitão deu ordens para que fosse servida ração dupla de rum para quem quisesse festejar na praia. E, para os demais, de serviço a bordo, apenas água. Na manhã seguinte, quando Fletcher Christian e seu grupo de folgazões acordaram da ressaca, não avistaram mais a "Bounty" ancorada na baía Matavai.
Pior: a canoa de casco duplo, na qual esperavam sequestrar um grupo de mulheres nativas, havia sido posta a pique.
- [27-02-2018]