A Ilha da Morte - Parte I - Asarteri

Era uma noite como todas as outras nos desertos do Oriente Médio.

Depois de mais um dia de árduo treinamento com meu mestre Zaid, resolvemos parar para descansar em um oásis.

Quis saber como estava Abdullah que passava os dias recluso em seu quarto e que considerava-o como o irmão que nunca tive.

O mestre Zaid pediu para que não tocasse nesse assunto e começou a chorar. Era estranho para mim vê-lo tão triste como estava naquela noite, mas explicou-me a respeito de uma estranha organização chamada Asarteri que tinha um interesse especial por Abdullah.

Eu sabia desde que fui adotado pelo meu mestre que Abdullah tinha uma genialidade fora do comum e era capaz de resolver problemas matemáticos complexos em poucos segundos sem a ajuda do ábaco e conhecia a medicina profundamente bem como a arte da guerra.

Foi então durante a conversa com meu mestre Zaid que ouvi a palavra Asarteri pela primeira vez.

E também de Gaudrus, que era um dos melhores amigos do meu mestre.

* * *

Era um dia como todos os outros no santuário da deusa Meliteli, na ilha de Chipre. As sacerdotisas preparavam seus cultos diários enquanto a jovem Corinna recebia seus últimos ensinamentos de sua mestra Nenneke preparando-se para sua iniciação no culto que ocorreria dentro de dois dias.

Cansada pelos árduos preparativos, Corinna recolheu-se em seu alojamento para tentar dormir um pouco. No meio da noite, ela acordou e saiu para pegar um pouco de ar já que não conseguia mesmo dormir, inquieta e nervosa por causa da iniciação.

Estava indo para o corredor quando parou e escutou uma conversa entre duas sacerdotisas mais velhas que falaram sobre uma misteriosa organização chamada Asarteri e criticavam sua forma de querer mudar o mundo.

Corinna não se recordava daquela noite, mas assim que sua mente recobrou-se do choque, ela lembrou-se daquela palavra tão estranha para uma sacerdotisa novata de Meliteli.

Depois de todos os ritos, Corinna foi aceita com as bênçãos de Meliteli e depois de despedir-se de Nenneke, partiu para o mundo exterior espalhar as bênçãos da deusa.

E também saber mais a respeito de Asarteri.

* * *

Era uma tarde como todas as outras nas movimentadas ruas de Roma, a cidade que por alguns séculos, conduziu os destinos do mundo inteiro.

Ali uma jovem ladra havia causado furor na cidade devido aos seus roubos espetaculares.

Os guardas tentavam de todas as formas capturá-la, mas era inútil. O povo divertia-se a valer quando a jovem Cassandra ria desbragadamente enquanto levava ouro, joias e dinheiro dos mais ricos da cidade.

Era o terror dos nobres e da Igreja e sempre escapava da guarda da cidade ou de outros ladrões com extrema habilidade.

Numa dessas fugas ela encontrou um velho bêbado que estava caído na calçada de tanto beber.

Ele, em sua bebedeira, começou a dizer que Asarteri dominaria o mundo e varreria toda maldade e corrupção nas pessoas. Cassandra achou que era uma piada de mau gosto e já estava pronto pra cortar a garganta dele quando parou no meio do caminho e permitiu-se dar a ele o benefício da dúvida.

Ao invés de matá-lo, Cassandra deu uma pequena parte do dinheiro ao velho para comprar mais vinho bem como seu silêncio e partiu para outra parte da cidade com Asarteri em sua mente.

Ela também se lembrou daquele fato e achou tudo muito engraçado.

* * *

Era uma madrugada como todas as outras no Sacro Império Romano-Germânico. Ali, em um castelo próximo a Floresta Negra, uma jovem meio-elfa seguia suas leituras na biblioteca do castelo aprendendo cada magia através do livro dado por seu tutor que estava orgulhoso pelos seus notáveis progressos.

Numa de suas aulas, o tutor da jovem Myrymia deixou escapar algumas informações a respeito de uma organização secreta que crescia pouco a pouco no mundo inteiro chamada Asarteri e Myrymia, curiosa como era, encheu seu tutor de perguntas a respeito disso.

Ele desconsiderou as perguntas e até se enfureceu pela suposta inconveniência da jovem elfa e ao invés disso, continuou orientando-a a respeito de cada magia.

Embora tenha se aborrecido com a atitude de seu tutor, Myrymia continuou seu treinamento e assim que concluiu sua aprendizagem, ela não pensou duas vezes e partiu pelo mundo em busca de respostas sobre Asarteri.

Myrymia, ao se lembrar do fato, mostrou-se a princípio indiferente, mas depois de ouvir o nome novamente por Gaudrus, ela achou bastante estranha essa coincidência e jurou por ela mesma que iria mais fundo a respeito deste mistério.

* * *

Era um entardecer como todos os outros na Taberna dos Mercenários, nos subúrbios de Winchester, a capital do Reino de Wessex, que estava em guerra contra os dinamarqueses que queriam dominar aquela região.

A taberna estava lotada de mercenários que haviam travado uma luta feroz contra os vikings do norte e em uma das mesas, um jovem mercenário chamado Albert, que se destacou notavelmente na luta pela defesa da cidade, bebericava sua cerveja e cantava todas as garçonetes e prostitutas que passavam por ali.

Ao seu lado, estava Taul, um velho amigo núbio que participou de várias batalhas na África e na Europa e foi contratado junto com Albert para proteger a cidade de um eventual ataque dinamarquês.

Conversa vai, conversa vem, uma cantada aqui e outra ali, e Taul, alegre demais pela bebida, falou a Albert a respeito de Asarteri. A principio ele achou que Taul estava brincando, mas assim que o núbio contou sobre a força dessa organização, Albert gabava-se de que iria derrotar qualquer membro dessa “forcinha de araque”.

E assim que cumpriu seu dever de mercenário, Albert despediu-se de seu amigo Taul, pegou um barco rumo ao continente e partiu em busca de mais aventuras e também da verdade sobre Asarteri.

* * *

Voltando a nossa aventura após tantas lembranças, (meu caro leitor, se estiver lendo este diário, desculpe por se aborrecer um pouco pelas reminiscências, mas acho importante você saber um pouco mais sobre mim e meus companheiros) vimos Myrymia perguntando a Andrei algo mais a respeito de Asarteri e o estudante respondeu que é uma organização bastante complexa e que combate as forças malignas que querem quebrar o equilíbrio para conquistar o mundo e para Albert, ele disse que mulheres também são recrutadas no grupo e que o acha arrogante ao extremo.

Meu amigo, por sua vez, retrucou que só estava nessa missão apenas por dinheiro e se dependesse apenas dele, usaria sua Katherine para estripá-lo como um porco no abate não sem antes dar uma bela surra pra baixar sua crista.

Nesse meio tempo, chegou uma carruagem cigana trazida por Ras-Van e todos nós subimos nela para a viagem rumo a Constança, uma cidade portuária romena bastante movimentada devido a sua localização estratégica as margens do Mar Negro.

Nós mal sabíamos do bocado de problemas que teremos que enfrentar daqui em diante devido a uma simples palavra.

Asarteri.

MarioGayer
Enviado por MarioGayer em 20/05/2018
Código do texto: T6341825
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