OLHOS SINISTROS

WHITE EYES (Olhos Sinistros)

CAPITULO I

Tinha um olhar sinistro, pois possuía a capacidade de movimentar os lóbulos oculares deixando aparecer apenas o branco dos olhos, o que causava as suas vítimas medo ou pavor inigualável. Seus cabelos longos, negros e emaranhados a baixo dos ombros, lhe davam um aspecto de um homem primitivo. Seu corpo esguio, mas forte, com um metro e noventa e oito, lhe dava uma aparência Fantasmagórica, causando em suas vítimas a impressão de um monstro de grande tamanho.

Vestia um casaco cinza, longo que alcançavam os pés e aberto na parte frontal, deixando aparente, camisa e calça da mesma cor. Um chapéu de abas largas enterrado na cabeça. Um cinturão com dois coldres, fechado por uma fivela de prata. Botas com salto alto, com o cano coberto pela calça, com um aparente par de esporas de prata. Que faziam barulho quando ele caminhava. As mãos enluvadas deixando os dedos nus empunhavam um Winchester de quinze tiros no carregador, que com o recuo do gatilho a arma era recarregada para mais um disparo. No coldre dois revolves 45, cano longo.

Ele apareceu na porta do saloon, deu uma parada estratégica. Olhou para todos os lados. A algazarra do local aos poucos foi cessando até o silêncio ficar completo. Todos olharam para aquela estranha figura. Com a mão direita afastou o casaco deixando aparente o coldre com o 45 de cano longo. O Winchester, na mão direita, foi erguida e a arma carregada.

Todos os freqüentadores permaneceram imóveis. O homem por de traz do balcão fez questão de permanecer com ambas as mãos imóveis e aparentes.

O recém chegado com passos lentos avança até o serviço de bar, se encosta no canto do balcão, de forma que a visão lhe propiciava ver todos que ali estavam. Coloca a arma de repetição sobre o balcão, apóia o cotovelo esquerdo, afasta a lateral do casacão para deixar o quarenta e cinco na posição de saque.

No fundo o silêncio é quebrado pelo som de um piano que começava a tocar uma musica ligeira, o que fez com que aos poucos a algazarra recomeçasse.

O barman cria coragem e se aproxima do recém chegado e pergunta;

- O que vai ser?

O estranho olha para o atendente e diz:

- Wiski

Um copo é servido, e, ele diz:

- Deixe a garrafa.

O recém chegado pega a garrafa e o copo e se dirige para uma mesa, localizada logo após a porta de entrada, sentou a mesa, deixando as costas protegida pela parede. Tomou de um só gole o conteúdo de pequeno copo. Chamou o atendente que logo se aproximou da mesa.

- Um bife, feijão, arroz e dois ovos fritos.

- Ficará pronto em quinze minutos.

Enquanto esperava a comida ser preparada, seus pensamentos o levaram longe, no passado, no tempo em que era menino. Michael seu irmão mais velho, se escondia e o fazia procurá-lo, quando o achava era a vez dele se esconder. Que fim teria levado o seu irmão, separados quando eles tinham oito e nove anos. Nunca mais tivera noticias de seu paradeiro.

A mais de dez metros de onde estava, um grupo de vaqueiros embriagados discutiam.

- Deve ser um pistoleiro. - disse um dos rapazes

Outro diz :

- Mas é um só e nos somos cinco.

Outro olha na direção do solitário homem que bebia e olhava em todas as direções com se estivesse procurando alguém e diz:

- Tem cara de coveiro ou de auxiliar do diabo.

Um outro diz:

- Pode ser a própria morte disfarçada de pistoleiro.

O solitário olha para eles e os fita demoradamente, quando todos o estavam olhando, seu olhos ficam brancos, o que causou arrepios nos observadores. Um deles diz:

- Viram os seus olhos ficaram brancos quando nos olhou, deve ter parte com o demo.

O outro diz:

- Vamos sair daqui ele pode entender que o estou desafiando, eu não quero nada com ele. Só em olhar para ele me da um mal estar.

O atendente traz uma bandeja com três pratos, um com um grande bife e dois ovos fritos, os outros com arroz e feijão. O recém chegado colocou a bandeja a sua frente , ele pegou o garfo e a faca e começou a comer. Enquanto comia não deixava de estar atento a todos os movimentos no saloom.

A porta do saloon e aberta, o xerife adentra no estabelecimento, fazendo a sua ronda diária. Para a dois passos da entrada e vê todos os olhares voltados para o homem que comia. Ele se vira e vê a estranha figura.

O xerife Stanley mantém a ordem em Passo Doble a mais de doze anos, não admite pistoleiros e jogadores profissionais. Costuma dizer que bastam os vaqueiros que nos finais de semana enchem a cadeia.

Stanley, um dos mais rápidos gatilhos do oeste, temido por seus feitos como delegado federal antes de se radicar em Passo Doble.

O xerife se aproxima do homem que comia. Este parou de comer e fitou o xerife que lhe disse:

- White Eyes (Olhos Brancos) o que faz por aqui?

O homem se levanta e diz:

- Xerife Stanley, que bom te ver.

- Em Passo Dobre, não há ninguém que te interesse.

- Mas terá. Soube que os irmãos Funari se dirigem para cá e resolvi esperá-los aqui.

- Não gosto da sua presença é prenuncio de morte, e também não aprovo os seus métodos, para mim você não é um caçador de recompensas e sim um exterminador. Só persegue os que são procurados vivos ou mortos.

- Os mortos não dão trabalho, xerife, não precisam ser julgados e condenados à forca, por isso o dinheiro sai mais rápido.

- Mas aqui em Passo Doble será diferente terei de levar as suas armas. Aqui eu sou a lei e prendo os malfeitores que aqui chegam.

- Entendo o seu posicionamento e como sou cumpridor das leis, aqui estão minhas armas.

Ele retirou o cinturão com os dois coldres e juntou a winchester, e os entregou ao xerife.

- Espere! A faca também.

White Eyes, leva a mão as costa e pega a faca e a entrega a Stanley, que manda o auxiliar levar tudo para a delegacia.

O xerife deixa o saloom , White senta e continua a sua refeição.

Os cowboys que tudo presenciaram, se tocaram e um deles diz:

- Vamos dar uma surra nele, agora ele não tem armas.

O outro responde:

- Por que nós? Vamos chamar o Little John (João Pequeno), até hoje ninguém o derrotou em uma luta livre.

Os vaqueiros saem e retornam com Little John .

White Eyes que acabara de comer, voltara a servir uma dose de wiski e rodeava o copo com a mão, enquanto o garçom recolhia os pratos .

Um dos rapazes empurra Little John de contra a mesa do sinistro caçador de recompensas, derramando o wiski sobre seu casaco. Ele se levanta e retira o capote e o coloca sobre uma cadeira. Serve outra dose, enquanto Little John, empurra um dos rapazes sobre a mesa derramando novamente o wiski, dessa feita sobre a calça e camisa de White Eyes. Ele não se deixou abalar, sabia que quando ofendido a melhor resposta era não dar resposta alguma, nos primeiros trinta segundos, pois estando tenso cometeria os piores erros. Respirou fundo e permaneceu em silêncio, passou a mão sobre aparte atingida pelo wiski, olhou para John, que lhe disse:

- Desculpe foi sem querer

- O que está querendo? Está me desafiando? Perguntou White Eyes.

- Pode ser! – respondeu Little John.

Nesse momento um homem sobe em uma mesa e se dirigindo a todos diz:

- Atenção, por favor, parece que temos um desafiante para o Little John. As regras do jogo serão as de sempre, apostas sem limites, o vencedor levará 20% do total das apostas.

Todos os presentes se aglomeraram, fazendo um circulo no centro do saloom. Little John, que tirara a camisa, exibia seu físico privilegiado. Com dois metros de altura e cento e quarenta quilos de puros músculos.

White Eyes, tira a camisa e começa a fazer aquecimento muscular. As apostas fluíam no balcão do bar, todas em favor de Little John. O anunciador sobe em uma mesa no centro do ringue formado pelos espectadores e diz:

- Encerradas as apostas, elas ultrapassam os cinco mil dólares, preparem-se os contendores. A minha direita Little John, com 140 quilos, a minha esquerda o desafiante o recém chegado com 100 quilos.

Nesse momento entra no saloon o xerife Stanley que corta o cerco e chega ao centro do ringue improvisado e diz:

- Não permitirei que a luta se realize, ela será uma covardia.

Uma voz vinda do meio do publico diz:

- Quem se importa por um forasteiro que ninguém sabe de onde veio.

O xerife responde:

- Não e dessa forma que me refiro, covardia é que o Little John, não terá a mínima chance lutando com White Eyes. Eu o conheço, antes de ser um exterminador por recompensa, foi um lutador dos mais hábeis.

Todas as pessoas começaram a gritar “luta” “luta” Diante do apelo dos presentes o xerife disse:

-Eu estou avisando, mas me sinto na obrigação de colocar uma regra, quando um dos contendores bater com a mão três vezes a luta estará encerrada. Sob pena de eu atirar na cabeça do outro contendor.

Little John, fazia cara de mau, enrugando o senho e fechando os olhos parcialmente. Seus cabelos cortados à moda militar, ficavam ouriçados, dando-lhe o aspecto de um animal acuado.

O anunciante retira a mesa que servira de pedestal, coloca-se no centro do ringue improvisado e anuncia :

- Atenção vai ter início à luta! Lutem.

Little John tenta um abraço de urso, White Eyes escapa abrindo ambos os braços que encontraram no ar os braços de Little John, logo em seqüência aplica um soco no estômago . Little John, assimila o golpe e lança uma braçada no peito de White que chega a recuar dois passos.

Logo ambos os contentores ficam frente a frente. Little John, tenta novamente abraçar o adversário, que se esquiva para o lado com grande rapidez e aplica um joelhaço na parte posterior do joelho de John, que perde a sustentação e ajoelha-se. Logo recebe uma pancada nas costas e cai de boca no piso. White se lança de costas sobre John, e o segura pelo pescoço com o pulso direito e com o braço esquerdo enfiado no joelho aplica uma torção de coluna.

John bate com a mão três vezes. O xerife que estava atento invade o espaço e coloca os seus quarenta e cinco no ouvido de White que larga John. Fim da luta.

Mas, possivelmente, o caro leitor estará perguntando, de onde saiu White Eyes. Pois bem, vamos lhe contar como tudo começou:

CAPITULO II

A CARAVANA

O pai diz a seu filho:

- Tenho maus pressentimentos dessa viagem que iras fazer, ainda mais com meus dois netos, tão pequenos.

- Dara tudo certo papai, o nosso sitio é pequeno ficará de bom tamanho para o Charles que é o mais velho. Eu seguirei a caravana que se desloca mais para o norte de Dakota, lá há terras a serem exploradas, novas cidades estão sendo formadas, lá terei mais oportunidades.

O ancião cofiou a barba e disse:

- Chama os meus dois netos, que lhes quero falar.

- Aqui estão papai.

- Michael e Peter eu mandei fazer duas medalhas de ouro, uma para cada um de vocês, elas trazem gravados os seus nomes. Aqui está a de Michael e aqui está a de Peter. Prometam que sempre as trarão no pescoço para lembrarem-se de seus avós.

O velho as colocou no pescoço de cada um dos meninos, que as ficaram olhando com os olhos brilhando.

A caravana se movimentava lentamente sobre os pedregulhos da terra árida de Dakota. Em uma das carroças, o casal de colonos, com seus dois filhos. Michael de nove anos e Peter de oito anos. Agora eles estava na base de um despenhadeiro, logo viria à pradaria, território dos Sioux, onde certamente teriam água em abundância. Mas, do alto do despenhadeiro uma figura característica do lugar aparece. Um índio montado em seu cavalo malhado, logo outros surgem, fato este que coloca a caravana em alerta máximo. O batedor, homem que fora contratado especialmente para guiá-los, na longa jornada, corre ao lado de todas as carroças avisando que ficassem em alerta pois haviam índios a espreita. Mas logo os índios desapareceram, fato este que preocupou ainda mais o guia. Uma hora se passa sem qualquer anomalia, a caravana já entrara na planície, quando ao longe o guia avista uma nuvem de poeira que se deslocava em sua direção. Ele da o alerta, e, logo pode ver que se tratava de um bando de índios. Imediatamente da ordem de que todas as carroças fizessem um circulo e estivessem preparados para o ataque. Muito embora os índios Sioux, que habitavam aquelas terras estivessem em paz. Não mais de vinte índios armados com arcos e flechas e algumas armas de fogo começaram o ataque. A caravana resistia com bravura, alguns índios já haviam perecidos pelas armas dos retirantes. O grupo de ataque se retirou e se reuniu a uma grande distância. A caravana permaneceu na formação e todos atentos aos movimentos dos selvagens.

Em alguns instantes eles retornaram ao ataque e desta feita lançaram flechas incendiarias sobre as carroças. Em meio ao ataque pai dos meninos foi atingido por uma flecha ao tentar apagar o fogo que estava queimando a carroça, os meninos escondidos sob a carroção, podiam ver o desenrolar das escaramuças. Um índio desce do cavalo e sobe na carroça. Pega a mãe dos garotos pelos cabelos e retira seu escalpo, e passa a faca na garganta da mulher quase separando a cabeça do corpo. Peter que saíra debaixo da carroça tudo vê e ataca o índio. Que o pega pela cintura e o carrega até o cavalo e sai em disparada levando-o deitado sobre o lombo do cavalo. Michael abandonam a carroça que estava sendo consumida pelo fogo, escapando entre as carroças, é socorrido por uma mulher.

Uma nuvem de poeira surge no horizonte é os índios começas a parar com o ataque e se evadem. A uma distância de mais de cem metros para um grupo de mais de cinqüenta índios sioux. O chefe manda um emissário, que se comunica com o guia. Dizendo que se tratava de um bando de renegados que poderiam seguir em paz que os rebeldes seriam perseguidos e presos. Os índios sioux partiram a procura dos renegados e a caravana se reorganizava para seguiu em frente.

Michael assistiu o enterro de seus pais e seguiu com a caravana levado por um casal amigo.

No final do dia os renegados são presos, pelo chefe Pena Branca. Urso Vermelho o chefe dos renegados entrega Peter ao cacique Pena Branca, dizendo estar arrependido de tê-lo resgatado da caravana, mas que não o poderia criar, na situação que se encontrava, como um índio sem tribo e sem paradeiro e sem esposa.

Pena Branca, reúne os principais membros da tribo e lhes diz:

- Se algum bravo quiser se responsabilizar por sustentar este curumim branco, que foi roubado de uma caravana que passou. Eu lhes darei, mas que seja tratado como um filho, e como um Sioux.

Assim Peter foi adotado por Cavalo Louco, um dos grandes guerreiros da tribo dos Sioux. Ficou sem nome definido, pois é um velho costume índio dar o nome a partir de um evento, que possa corresponder ao nome dado. Um dia quando Peter ganhou uma faca de caça de seu pai adotivo, ele começou a atirá-la contra alvos, com grande incidência de acerto. Certo dia arremessou a faca, que deveria acertar um tronco de carvalho, a faca bateu no tronco e não enterrou o suficiente para ficar aprisionada na madeira. Cavalo Louco foi verificar o que tinha acontecido, a faca tinha a ponta quebrada, pois batera justamente em uma ponta de flecha que estava alojada no tronco, por isso. Peter, recebeu o nome de Faca Quebrada.

Certa vez o pequeno índio branco, estava brincando com outros meninos, e perto deles, brincava um menininho que mal começara a caminhar, as mulheres cozinhavam em fogo de chão. Em certo momento o menino ia se aproximar do fogo. Faca Quebrada, correu e impediu que o indiozinho se queimasse nas brasas. Parecia que todos fizeram que não viram o que ia acontecer. Uma velha índia, pegou Faca Quebrada e puxou-o para o lado e disse:

- Faz parte dos nossos costumes, que quando os curumins começam a engatinhar, ninguém lhes grita— "Aí não!"— afastando-o para longe do vermelho sedutor da chama. "Com a queimadura é que se aprende que com fogo não se brinca." Quando o pequeno puxa a mão, choramingando, seus olhos irados não se dirigiam para qualquer adulto presente, mas para os lindos carvões, causa da sua dor.

Dai para frente, ele ate se arrasta novamente para o lado da chama, porém mais devagar, cauteloso, e não tarda a aprender onde o calor começava a queimar.

Ele começou a entender a lógica dos costumes dos seus benfeitores e a respeitar os hábitos dos índios Sioux.

Causava-lhe espécie que ele não sabia nadar, aos doze anos, e que todos os demais meninos e meninas da aldeia sabiam. E ele perguntou a sua mãe adotiva. Ela começou a dizer que os Sioux tinham costumes muito diferentes dos brancos, que parecem ser um povo cruel, que trata os filhos como inimigos que precisam ser subornados, punidos ou mimados como frágeis brinquedos. Nós acreditamos que as crianças assim tratadas crescerão dependentes e sujeitas a acessos de raiva incontida dentro do círculo familial, e jamais atingirão a maturidade.

Coisa nunca havida entre os índios. Os brancos nada ensinam aos filhos, por exemplo, nossos filhos precisam entrar no rio antes de se esquecer de nadar, disse-lhe a mãe. Por isso todos eles sabem nadar.

Aquela mulher estava convencida de que essa habilidade era concedida igualmente aos filhos de todas as criaturas: ao cachorrinho, ao potro, ao büfalozinho e à criança. Os meninos e as meninas nadam bem já antes de saber andar, não havendo assim perigo de deixá-lo brincar à margem dum rio de águas plácidas.

Certa feita, Faca Quebradas, perguntou a seu pai adotivo, porque ele embora o acompanhasse em todas as suas lidas diárias, nunca lhe ensinava nada do que fazia?

Cavalo Louco, lhe disse, porque você não pergunta nada, por isso não sei em que tem interesse. Se quiser aprender algo que eu não saiba, poderei arrumar-lhe um segundo pai adotivo, que o passa ensinar. Faca Quebrada lhe respondeu, eu tenho interesse em tudo o que meu pai faz, só que não sabia que teria de perguntar.

A partir daí ele o ensinou tudo o que sabia, sobre caça e pesca, ensinou-o a lidar tanto com arma de fogo, como com arma branca e também luta corporal.

Assim ele cresceu sendo um dos melhores em todas as artes da aldeia, não deixava de disputar os campeonatos de lutas. De arremesso de facas, tiro de espingardas e revolves e também em lutas livres.

Quando ele tinha doze anos, um dia se aproximou de um pequeno lago, lá pela primeira vez chegou bem perto de Flor da Manhã, filha do chefe Pena Branca, que devia regular de idade com ele. Eles sempre se olhavam com interesse mutuo. Se aproximou dela e a viu bem de pertinho.

Seus cabelos negros, cobrindo os seus tenros seios que recém começavam a surgir. Uma pena de falcão aflorava em sua nuca, enterrada em seus cabelos. Um largo colar lhe cobria o pescoço fino. Suas vestes brancas, lhe cobriam todo o corpo até os pés, calçados com um mocazin vermelho.

Ele olhou para ela. Ela o olhou para ele e baixou a cabeça, ele disse:

- Nunca a tinha visto de tão perto, você é muito bonita. Aproximou-se, segurou-a pelos braços e disse:

- Flor da Manhã! Quer ser minha mulher quando nos crescermos?

- Sim! É o que mais quero.

Desse dia em diante, Flora da Manhã e Faca Quebrada, sempre que podiam estava juntos.

Aos quinze anos ele, ficou vice-campeão de lutas livres da tribo, na sua categoria, perdeu apenas para Alce Forte, com um ano mais que ele.

Após a luta, Flor da Manhã, se aproximou dele, e pela primeira vez, ele a beijou, um beijo singelo, apenas encostou seus lábios nos dela.

Mas o efeito foi enorme, parecia que ficara com o tato de seus lábios permanentemente nos seus. Daí para frente outros beijos aconteceram, ele costumava a iniciar beijando-lhe o canto da boca, bem devagarzinho, ia avançando para o centro de seus lábios até beijá-la com furor.

Assim aconteceu nos dois anos seguintes. Quando ele tinha 18 anos, pela primeira vez, conseguiu vencer Alce Forte, consagrando-se campeão da tribo dos sioux.

Certo dia Faca Quebrada e Flor da Manhã, procuraram o grande chefe Pena Branca e lhes disseram que queriam se casar.

O chefe, lhes aconselhou a procurarem o curandeiro, que lhes contaria a lenda dos sioux sobre casamento.

No dia seguinte eles estavam na tenda do curandeiro da tribo, que os recebeu, acomodou-os um do lado do outro e se colocou a frente dos dois.

O curandeiro começou dizendo:

-”Conta uma lenda da nossa tribo, que uma vez, Touro Bravo, um jovem guerreiro, e Nuvem Azul, a filha do cacique, chegaram de mãos dadas, até a tenda do velho curandeiro da tribo”...

- Nós nos amamos... e vamos nos casar - disse o jovem. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã... alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos... Que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer?

E, o velho, emocionado, ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansioso por uma palavra, disse:

- Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada...

Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte dessa aldeia, e apenas com uma rede e tuas mãos, deves caçar o falcão mais vigoroso do monte... E trazê-lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia.

E tu, Touro Bravo - continuou o curandeiro - deves escalar a montanha do trono, e lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias, e somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la trazendo-a para mim, viva!

Os jovens abraçaram-se com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada... No dia estabelecido, à frente da tenda do curandeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco.

O velho pediu, que com cuidado as tirassem dos sacos... E viu eram verdadeiramente formosos exemplares...

- E agora o que faremos? - perguntou o jovem

- Agora,disse o curandeiro, apanhem as aves, e amarrem-nas entre si pelas patas com essas fitas de couro... Quando as tiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres...

O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado, e soltaram as aves...

A águia e o falcão, tentaram voar mas apenas conseguiram saltar pelo terreno.

Minutos depois, irritadas pela incapacidade do vôo, as aves arremessavam-se entre si, bicando-se até se machucar.

E o velho disse:

- Jamais esqueçam o que estão vendo... Este é o meu conselho.

Vocês são como a águia e o falcão... Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar-se um ao outro... Se quiserem que o amor entre vocês perdure... Vivam juntos... “Mas jamais amarrados.” *

* (Extraído do livro O Poder da Solução de).

(ROBERTO SHINYASHIKI)

Após receberem os ensinamentos do curandeiro da tribo, o casal de jovens recebeu permissão de Pena Branca para se casarem. E, assim se sucedeu em uma cerimônia que envolveu todos os tribais.

Dois invernos passaram, o casal já tinha uma pequena curumim, chamada de Flor da Madrugada.

Certo dia, quando Faca Quebrada e os demais guerreiros estavam caçando búfalo a mais de um dia de viagem. A aldeia é atacada por um bando de brancos malfeitores. O ataque foi de surpresa, mulheres e crianças, foram massacradas, algumas conseguiram se esconder na relva rala e ou em arbustos. Mais da metade dos que se encontravam na aldeia, foram mortos. Flor da Manhã, foi uma das primeiras vitimas do assalto, pereceu com uma bala na cabeça. O disparo foi a queima roupa, quando ela segurava a filha ente os braças. Um velho índio pega Flor da Madrugada, de perto do corpo da mão e a envolve em um cobertor e saiu com ela em passos lerdos, quando uma bala de fuzil penetrou-lhe nas costas, ele caiu envolvendo o corpo da pequena, que ali permaneceu sem fazer qualquer barulho.

Quando os bravos chegam à aldeia, só restava tristeza e desolação. Já haviam passado dois dias do ataque, não havia como os bravos irem ao encalço dos atacantes.

Os que restaram vivos, já haviam recolhido os mortos e realizado os funerais. As crianças estavam todas reunidas, em uma única tenda.

Faca Quebrada, juntamente com os demais bravos, orientados pelo feiticeiro, partem em busca da Visão que é uma das sete cerimônias sagradas dos Sioux. Na língua Lakota é chamada de Hanblecheyapy: Chorando por uma Visão.

O ritual levara 4 dias, em que os guerreiros permanecerão em uma montanha, em jejum e em silêncio. Este é um tempo para refletir e renascer. Após o período de isolamento e jejum, os que quisessem demonstrar a dor que estavam passando, praticariam O-Kee-Pa, uma tortura especificamente concebida para expressar a dor pela perda de entes queridos.

O feiticeiro chefe retalhava o peito e as costas dos penitentes, com uma faca de serrilha e enfiava depois espetos de madeira através da carne ensangüentada e por detrás dos músculos.

Seis meses depois:

Faca Quebrada entra na tenda do Chefe Pena Branca:

- Eu não posso mais conviver com isto, sinto que irei enlouquecer se permanecer pensando.

- Mas o que é que está acontecendo contigo?

- A falta que me faz Flor da Manhã, a lembrança dela não me deixa viver, passo pensando nela o dia inteiro, a noite tenho pesadelos e vejo o ataque a aldeia a morte de Flor da Manhã.

- Por isso resolvi deixar a aldeia e ir a procura de meu irmão, que deve ter seguido a caravana, quando eu tinha oito anos.

- Mas isso vai passar com o tempo, estais bem aqui entre os teus irmão!.

- Sim estou, mas não posso viver aqui com tais lembranças, aqui tudo me lembra Flor da Manhã. E, além do mais preciso saber o que aconteceu com o meu irmão Michael. Agora sinto que devo procurá-lo. Antes eu tinha Flor da Manhã, que me prendia na aldeia.

- Hoje tens Flor Madrugada!

- Sim, sei disso, mas ela ficará bem o avô dela. Tu cuidaras.

- Se procurá-lo, vai te fazer feliz, eu concordo, que vás.

- Mas com a promessa que antes de dois invernos retornes para tua filha.

- Está certo! Eu prometo que em dois invernos no máximo estarei de volta.

Duas luas depois, ele estava pronto para partir.

O chefe Pena Branca lhe disse:

- Serão longos os dias da tua ausência, passarei cada um deles cuidando de Flor da Madrugada, e estarei certo que em dois invernos estarás de volta para tua filha.

Eles se abraçam e Faca Quebrada diz:

- Somente a morte fará com que eu não cumpra a promessa que te fiz.

Assim ele partiu. Após três dias de cavalgada chegou à cidade de Cheyene. Os alimentos tinham acabado a mais de um dia, apenas tinha água no contentor de couro. Suas veste indígenas, calça, camisa e mocazin sioux , causavam certa admiração aos cidadões. Ele vê de longe uma aglomeração. Ele se aproxima e vê que dois homens lutam, enquanto os espectadores abrem espaço e acompanham os movimentos dos lutadores. O lutador com calça militar do norte e sem camisa, acabara de derrotar o adversário. O vencedor exibia os músculos, enquanto o anunciador lhe erguia o braço e dizia:

-mil dólares para quem vencer o sargento Rivers.

Faca Quebrada, vê a oportunidade de ganhar dinheiro para a sua sobrevivência, mas se manteve passivo a espera do que iria acontecer.

Um cow-boy de apresenta, lhe é solicitado retirar a camisa e se colocar em posição de luta. O anunciante diz:

- Senhores mais um desafiante para o Sargento Rivers, abram espaço para os contendores.

O Sargento Rivers avança contra o adversário e lhe aplica uma braçada no peito fazendo-o cair ao solo. O sargento coloca a canela no pescoço e com a mão esquerda dá um forte tapa no estomago. O anunciador levanta-lhe o braço, estava terminada mais uma luta.

- Vencedor de mais um combate o Sargento Rivers. Algum voluntário quer ganhar mil dólares para derrotá-lo.

Faca Quebrada apresentou-se erguendo o braço e se aproximando. Quando perto do anunciador perguntou?

- Onde devo receber o dinheiro após haver derrotado o sargento?

- O homem fica surpreso, mas mesmo assim dá uma gargalhada e diz:

- Receberas no saloom é uma gentileza da casa.

Faca Quebrada, tira a camisa e se prepara para o combate. Espera o adversário tomar a iniciativa. Este por sua vez avança sobre ele e lhe desfere um soco que alcançaria seu rosto, se eles não se desviasse com a rapidez de um coiote. E logo responde com um cruzado de esquerda de baixo para cima, que atinge o fígado do sargento. Faca Quebrada atira-se ao solo e trama suas pernas nas pernas do adversário que cai ao solo. Faca Quebrada espera ele se erguer. O sargento possesso, pois não estava acostumado a levar a pior ataca ferozmente tentando aplicar um abraço de urso. Faca Quebrada, sai pela esquerda e lhe aplica uma braçada nas espáduas. O sargento sente, vira-se furioso e lança um soco de direita que atinge Faca Quebrada, que assimila o golpe recebido. Pega a mão direita do adversário e o faz girar, aplicando-lhe uma braçada na região do estômago, logo aplica um passa pé, fazendo com que o adversário caia ao solo, logo, aplica-lhe um mata leão, o sargento perde os sentidos. É finda a luta. O anunciador levanta o braço de Faca Quebrada e nada diz.

O sargento se recupera e procura Faca Quebrada e lhe diz:

- Jovem onde aprendeu a lutar?

- Na aldeia dos Sioux onde fui criado.

- Você com algum treinamento poderá ser um campeão. Procure-me no forte, sou o sargento Rivers.

Faca Quebrada recebeu o prêmio, almoçou, comprou roupas de homem branco e encilhas novas para o seu cavalo. No dia seguinte foi procurar o sargento. Após haver contado a sua história ao sargento Rivers, se mostrou interessado em aprender novas técnicas de luta. Assim ele foi treinado nas artes marciais, como luta livre, arremesso de facas, tiros com armas de fogo, saque rápido com revolves e tiros de artilharia pesada. Quando Faca Quebrada ficou pronto, pelo Sargento Rivers, foi lhe dado o pseudônimo de White Eyes, sugerido pelo fato de ele ter a facilidade de tornar os seus olhos brancos, movendo os lóbulos oculares para cima. Com esse nome ele fez mais de cem lutas, sem haver perdido uma se quer. Um dia seu instrutor lhe disse.

- White, você vai conhecer uma pessoa excepcional, quero lhe apresentar o Sr. Bob Winter, agente do governo federal. Este é Faca Quebrada ou White Eyes, ele é o home que o nosso governo está procurando. Bob gostou de White a primeira vista, já sabia de suas qualidades e lhe disse:

- Você será o nosso homem. O homem que limpara o oeste americano. O governo quer criar um personagem, que apareça do nada, extermine o malfeitor irrecuperável e desapareça, voltando a aparecer quando outro malfeitor surgir. Você é o tipo ideal, aparecerá como White Eyes e desaparecerá como Faca Quebrada. Ganhará a recompensa que for atribuída a cabeça do malfeitor. Eu serei o seu contato, sempre que necessário for eu o procurarei na aldeia onde vivera como Faca Quebrada.

Mas para isso terá de fazer um treinamento extensivo na Polícia Federal.

- Prometi a Pena Branca de que retornaria antes de passarem dois invernos, ou seja dois anos.

- E quanto tempo nos resta?

- Um ano exatamente.

- Tempo suficiente, pois vocês está quase pronto, segundo nos disse o Sargento Rivers.

Assim Faca Quebrada, passou um ano de sua vida em treinamento na polícia federal, recebendo aprimoramentos sobre uso de armas das mais diversas, lutas das diversas técnicas, inclusive orientais, aprendeu a ler e escrever corretamente. Ao final Bob lhe disse:

- White, aqui estão às roupas que iras usar com o caçador de recompensa White Eyes. Elas foram preparadas para dar um toque de mistério e causar medo em suas presas.

Ele vestiu as roupas cinza, colocou o cinturão com dois revolves 45, colocou a faca de caça as consta, um punhal de arremesso a distância junto à perna direita, empunhou a winchester.

- A figura ficou impressionante disse Bob. Aqui tem sua primeira tarefa, após cumpri-la, retornaras a aldeia dos sioux onde te espera tua filha, como é o nome dela?

- Flor da Madrugada.

Bom mostrou-lhe um cartaz que dizia:

“Procurado, vivo ou morto, recompensa 5.000 dólares”. Martin Kilton.

- Ele é um assassino frio, assalta bancos e para dificultar a sua perseguição atira em qualquer pessoa que esteja por perto. Todos procuram atender as vitimas e assim ele não é perseguido.

Sua localização, tivemos informações que está indo para Salt Lake City.

O sol bramia, pois era próximo ao meio dia, quando White Eyes entra em Salt Lake City.

Martin Kilton, se encontra no saloom, bebendo e jogando.

White abre a porta do saloom e ao entrar, para frente a porta e tenta localizar Martin, após localizá-lo, vai até o balcão e pede uma cerveja. Toma a cerveja em grandes goles, logo se aproxima de um pilar de madeira, tira do bolso um cartaz e o fixa no pilar. Usa a coronha do revolve para pregar o cartaz com uma taxinha que tirara do cinturão. Retorna ao balcão e pede mais um copo de cerveja.

Martin Kilton, que tudo observava, levantou e foi até o pilar e quando vai arrancar o cartaz, um punhal de arremesso perfura o cartaz e crava no pilar bem perto de sua mão. Ele pega o punhal e se lança contra White, quando perto investe com o punhal, o golpe desferido de baixo para cima iria penetrar no estomago de White, que se esquiva e leva a mão a costa e arranca a faca de caça. Martin, ao ver a faca de caça na mão de White, desembainha a sua faca de caça e se Poe em posição de luta, na mão direita a faca de caça e na esquerda o punhal.

Martin ataca novamente cruzando a faca da direita para a esquerda. White Eyes se esquiva e com grande rapidez e lança um golpe certeiro, a faca de White, penetra debaixo da ultima costela da esquerda e atinge o coração do malfeitor. White retira a faca, o atingido coloca ambas as mãos no peito, o sangue escorre entre seus dedos, as pernas perdem a sustentação e ele tomba de joelhos e logo a pos o corpo cai para frente, o sangue escorre pelo chão.

Nesse momento, entra no salão o xerife. White lhe entrega o cartaz e diz:

- Amanhã irei receber a recompensa em seu escritório.

Uma semana depois White Eyes chega à aldeia dos sioux. Pena Branca e Flor da Madrugada o esperavam como faziam todas as manhãs, desde que partira. Ele desce do cavalo e a abraça demoradamente. Pena Branca lhe da às boas vindas e diz:

- Espero que não tenhas esquecido o jeito do nosso povo. Essas roupas de homem branco, não sei como as pode usar, me parece que elas o estão aprisionado.

- Com o tempo nós nos acostumamos a elas. Mas estou louco para usar as minhas roupas de sioux e ser novamente Faca Quebrada. E, mais. Não agüentava mais a saudades que tinha de Flor da Madrugada.

Ele pega a filha e a ergue no colo e a abraça demoradamente.

- Amanhã lhe contarei a todas as minhas andanças, Pena Branca.

Este lhe faz uma última pergunta.

- Dize-me Faca Quebrada. Encontraste teu irmão branco?

- Não! Infelizmente, o destino me conduziu por outros caminhos e não tive oportunidade de procurá-lo. Amanhã contarei tudo e com todos os detalhes.

No dia seguinte, reunidos todos os chefes da tribo. Faca Quebrada, contou tudo o que tinha lhe acontecido desde que saíra da aldeia há dois anos. E, para concluir sua narrativa disse:

- Assim, de hoje em diante terei dupla identidade, serei White Eyes, um caçador de recompensas e Faca Quebrada, um índio sioux que se dedica à agricultura junto com as mulheres. Mas quanto ao meu irmão, Bob, me prometeu que irá descobrir o seu paradeiro que eu não devo me preocupar com isso, pois fará tudo o que for possível para encontrá-lo.

Apos ouvir tudo com muita atenção, o chefe Pena Branca disse:

- Peço que Faca Quebrada, exponha tudo o que acaba de nos contar ao curandeiro da tribo, ele saberá definir que implicações isso pode trazer para a nossa tribo.

No dia seguinte Faca Quebrada vai visitar o curandeiro, conta-lhe toda a sua história e espera que o curandeiro se pronuncie. O velho índio olhou seu interlocutor demoradamente e ao final diz:

- Espere aqui enquanto eu vou consultar os espíritos.

Ele sai da tenda deixando Faca Quebrada a esperar. Retorna após mais de uma hora. Senta na frente de Faca Quebrada, faz uma pequena meditação e diz:

- A prudência nos diz que seu lado branco o levará a gerar inúmeros inimigos, que certamente o buscarão para se vingarem. Por isso, esse homem jamais deverá chegar perto de nossa tribo, pois seus inimigos poderão massacrar os nossos a procura desse homem branco, por isso ele não será bem-vindo na nossa tribo.

- Mas curandeiro! Se entendi bem, não mais poderei viver na tribo com Faca Quebrada?

- Não! Faca Quebrada sempre será bem-vindo a aldeia, ele é um dos nossos, teve mulher índia e tem filhos sioux. Há um costume Sioux praticado por todas as mães em seus filhos quando pequeninos, nos primeiros dias de vida. Quando o pequenino chora a mãe segura delicadamente o narizinho entre o polegar e o indicador e, com a palma da mão fecha a boca. Com isso, fez parar o choro. Quando a criança começa a debater-se para respirar, a mãe afrouxou um pouco a pressão, mas só um pouco, e ao primeiro indício de mais choro ela tapa de novo a boca e o nariz da criança.

As avós dizem as mães índias para sempre abafarem o primeiro vagido do recém-nascido, e tantas vezes quantas acharem necessário. O intuito disso é ensinar a mais importante lição da velha sabedoria Sioux, a saber, que a ninguém é lícito pôr em perigo a vida do povo; nenhum grito deve guiar até à aldeia um inimigo emboscado ou deitar a perder uma caça que pode ser carne de inverno para toda a tribo.

Da mesma forma como uma criança tem seu choro sufocado, para não

chamar a atenção de um possível inimigo, também não devemos deixar que teu lado branco traga desgraças para a nosso aldeia.

Faca Quebrada, sai pensativo da tenda do curandeiro, entendeu perfeitamente o que ele queria dizer, White Eyes, não poderia entrar no povoado, pois poderia ser perseguido por malfeitores e levá-los a aldeia.

Assim ele resolve partiu a procura de um esconderijo, onde pudesse entrar como White Eyes e sair como Faca Quebrada, ou vice e versa.

Ele sabia que tal local somente poderia ser conhecido por ele, para não por em risco outras pessoas.

Ele resolve procurar o mais sábio dos conselheiros e curandeiro da tribo, para mais um conselho.

- Eu resolvi procura um esconderijo nas montanha, mas antes de partir quero o teu conselho e ver em que pode me ajudar?

O curandeiro, olhou-o demoradamente, como que estivesse pensando de como poderia ajudar aquele homem meio índio e meio branco, como índio tinha apenas uma vida pacata e serena, mas como branco, vivia de braços dado com a morte e a desolação. Como separar as duas faces de uma mesma moeda? E, assim ele falou:

- Wakan Tanka, sorri para você Faca Quebrada. Com este cachimbo alcançará o céu. Todas as coisas vivas, os seres de duas pernas, os de quatro pernas e os de asas, as árvores, as ervas. O cachimbo os mantém todos juntos e lhe ajudarão a procurar um local onde possa separa as duas faces de uma mesma moeda.

Farei um yuwipi, isto é uma vigília solitária no alto das colinas, rezando a Wakan Tanka para que este faça aparecer espíritos que o ajudem a procurar o local onde fará a troca. Mas antes de iniciar o ritual, devo purificá-lo numa tenda de transpiração, uma pequena cúpula formada por troncos de árvores novas, coberta de peles ou de mantas, colocada sobre uma cova com pedras aquecidas. A água que deitarei sobre as pedras formarão vapor, que purificará todo o eu corpo.

Tudo pronto o curandeiro começa por rezar as principais manifestações de Wakan Tanka – Trovão, Sol, Lua, Estrela da Manhã, Águia, Bisonte, Rocha, Animais, Madeira –, segurando um cachimbo sagrado que apresenta a cada ser invisível. Faca Quebrada e coberto com um manto, amarra-o com uma corda e coloca-o no centro da tenda junto às ofertas. A sala fica às escuras enquanto do lado de fora os músicos rufam tambores e entoam cânticos. De súbito, começa a ressoar um som de chocalhos no chão e aparecem faíscas – que os Índios dizem ser os espíritos. Estes dizem que têm fome e retiram carne de uma panela. Enquanto Faca Quebrada se mantém de pé voltado para a parede, os sons parecem mover-se à volta da sala e ele sente um vento e um toque.

A sessão termina com novos sons de chocalhos e faíscas a dançarem freneticamente pela sala, a fim de recolherem as ofertas de tabaco. Quando tudo acalma, o curandeiro pede luz e aparece sentado, sem a corda, ao lado do manto dobrado. As saquinhos de tabaco, os chocalhos e o altar de terra estão em desordem, supostamente provocada pelos espíritos. O fio dos embrulhos de tabaco, agora enrolado, é levado por Faca Quebrada como sinal da ajuda dos espíritos. O ritual termina com uma Festa.

No dia seguinte Caca Quebrada se dirigiu para as montanhas que ficavam a mais de cinqüenta milhas da aldeia. Após mais de trinta dias de procura, finalmente ele encontra um vale, cercado de montanhas. Para acessá-lo era possível por uma caverna que cruzava uma das montanhas, sua entrada era coberta por vegetações, não sendo visível por quem passasse em suas cercanias. No vale escondido havia água abundante, fornecida por um córrego permanente, o pasto era viçoso, capaz de manter vários cavalos. Faca Quebrada deu o nome de Vale das Sombras, local onde entraria como um personagem e sairia como outro. Quando saísse com Faca Quebrada deixaria o cavalo de White Eyes no vale, juntamente com todas as suas vestes. Dessa forma preservaria a identidade de Faca Quebrada e protegeria a aldeias dos sioux.

Seis meses depois:

Na aldeia Sioux um cavaleiro solitário se aproxima. Os curumins rodeiam o homem que entrara na aldeia, chegam na tenda do chefe Pena Branca, um dos curumins adentra e chama o chefe dos Sioux, que sai da tenda, e, quando vê o forasteiro diz:

- Seja bem-vindo cara pálida Bob. O que o traz a minha aldeia?

- Que Manitu proteja o grande chefe Pena Branca! Estou à procura de Faca Quebrada.

- Faca Quebrada mal chegou, já o estão chamando para um novo trabalho?

- Onde o posso encontrar?

- Está trabalhando na roça com as mulheres, coisa de homem branco.

O recém chegado, se dirige ao cercado nos fundos da aldeia, lá estava Faca Quebrada, lavrando a terra com auxílio de uma parelha de cavalos. Diversas mulheres o ajudavam nas suas tarefas, nenhum índio varão participava dos trabalhos na roça.

Bob para seu cavalo junto ao cercado e assovia. Faca Quebrada para os cavalos e se dirige ao encontro dele.

- Como vai Sr. Bob? Não o esperava tão cedo. Tem alguma noticia do paradeiro de meu irmão?

- Não, mas estamos investigando o seu paradeiro, levara mais um tempo. Porem no momento o que me traz aqui é um novo trabalho que temos para você. A um mês atraz os Irmãos Funari tiveram a cabeça a premio, por 5000 dólares cada um. Imagine que eles mataram um juiz federal e um delegado, além de terem assaltado a ferrovia por mais de três vezes. O governo quer que você vá ao encalço deles como White Eyes.

- Mas por onde posso começar a procurá-los?

- As ultimas noticias que tivemos deles, se dirigiam para Passo Dobre. Acho que é por ai que deve iniciar a sua procura.

- Dentro de uma semana eu deixarei a aldeia e os procurarei como White Eyes.

Uma semana depois Faca Quebrada, se dirige ao seu esconderijo nas montanhas. Chega lá montado em seu cavalo malhado, substitui as roupas sioux, que estava usando pelas roupas de White Eyes. Encilha o seu cavalo negro com uma única mancha branca na testa. E montado em seu cavalo, cruza a caverna que o leva para fora do vale oculto e ruma para Passo Dobre.

CAPÍTULO III

EM UMA CIDADE DO MEXICO

Os irmãos Funari são procurados vivos ou mortos, um deles, o mais velho, conhecido por Diablo Blanco, apelido que recebeu por seus cabelos brancos caídos sobre os ombros, o outro conhecido por Smiley (Sorriso), por estar sempre exibindo um sorriso. Os dois se encontram com outros dois malfeitores e conversam.

- É isso ai, a solução é nós quatro irmos a Passo Doble, enfrentamos o xerife Stanley e, ai, podemos matar White, que estará sem armas. Será moleza, ele não matara nenhum de nós.

- O plano parece bom. – disse Diablo Blanco, mas terá de ser executado com muita tranqüilidade, devemos chegar à cidade, surpreender o Stanley na delegacia, prendê-lo em uma cela, procuramos o White, que certamente estará desarmado.

Era sete horas da noite quando eles chegam a Passo Doble.

Os dois parceiros ficam do lado de fora, enquanto os irmãos Funari invadem a delegacia. Na delegacia estava apenas o auxiliar do xerife que foi rendido e preso em uma cela. Os três celerados vão ao encontro do xerife, deixando o outro vigiando a delegacia. O Sol já se havia posto no horizonte, quando os três chegam na frente do saloon, disparam as suas armas para o alto, para atraírem o xerife. White que se encontrava dentro do saloon, olha pela janela e vê os três procurados, mas como estava sem armas, resolve sair pela porta dos fundos. Rapidamente o xerife Stanley empunhando sua arma de repetição. A trinta metros do saloon se encontravam os três desafiantes. Stanley se aproxima e diz:

- Deixem suas armas comigo, em Passo Doble não permitimos porte de armas.

- Xerife vai enfrentar-nos todos de uma só vez? – disse sorriso.

- se for necessário o farei, mas no momento apenas os estou convidando para deixarem as armas, nada mais do que isso.

- Nunca abandonamos nossas armas. – disse Diablo Blanco. Estamos à procura de White Eyes. Não queremos nada com você xerife. Portanto saia do nosso caminho.

- Estou avisando não é permitido o uso de armas, terei de prendê-los se insistirem.

- Não seja idiota xerife não terá a mínima chance contra nos três.

Nesse momento se ouve uma voz rouca e forte vinda de suas costas que diz:

- É a mim que querem, pois aqui estou.

Eles se viraram e viram a mais de cem metros a figura inigualável de White Eyes, com o casaco aberto exibindo os dois revolves nos coldres e com a winchester na mão esquerda.

- Agora está tudo igual, dois contra três. – disse White Eyes.

Os três se olham e sorriso diz:

- cada um por si e Deus por todos, vamos fugir um para cada lado.

Assim correram pelas ruas transversais, pegaram os cavalos e se evadiram.

- Como é que você foi aparecer bem na hora em que necessitei?

- Eu os vi quando chegaram, através da janela do saloon, sai pela porta dos fundos e fui para a delegacia pegar as armas, lá encontrei um deles sentado em sua cadeira, bati a porta e quando ele foi atender empurrei a porta contra ele, entrei e o dominei, peguei as armas e fui atraz deles. Eu lhe disse que os irmãos Funari viriam a minha procura.

Ambos chegam à delegacia, o quarto homem havia se evadido.

- White! Tive uma idéia, quer ser meu ajudante, assim poderá andar armado em Passo Doble.

-Aceito, mas apenas pelo tempo em que permanecer aqui.

Enquanto isso, longe dali, os irmãos Funari se reúnem com seus dois amigos e passam a combinar novas ações com o objetivo de eliminar o seu perseguidor White Eyes.

- Vamos ter de tomar outras providências - disse Diablo Blanco.

- Eu tive uma idéia, mas vai nos custar um bom dinheiro. – disse Smiley (Sorriso).

- Fala homem que idéia é essa. – disse Diablo.

- Devemos contratar o maior pistoleiro do Texas, para enfrentá-lo. Ele se chama Killer Moor.

- Para um trabalho desse ele cobrará no mínimo 15.000 dólares. Onde vamos arrumar esse dinheiro?

- Como sempre arrumamos dinheiro, assaltando um banco.

- e no mais se ele perder a parada, não precisamos pagar o restante do contrato.

Uma semana depois no interior de Houston:

- eu disse que seria fácil, rendeu 20.570 dólares, o suficiente para pagarmos o Killer Moor.

O dia estava caindo quando Killer Moor chega a Passo Doble. Cavalo Baio com encilhas com afrescos em prata, vestindo calça e camisa preta, par de botas pretas com esporas de prata, casaco preto, longo cobrindo o dorso dos pés. Chapéu preto , no canto da boca uma cigarrilha mexicana, dois coldres no cinturão preto, com fivela de prata. Ele para o cavalo em frente do hotel da cidade, amarra o cavalo na goleira e entra no estabelecimento.

- Bom dia diz o atendente – posso lhe ser útil?

- Eu desejo uma informação. Encontra-se hospedado no hotel, tal de White Eyes.

O recepcionista verifica no livro de registro e diz:

- Com este nome não há ninguém. Mas por favor como ele é?

- Eu não o conheço, mas tive informação de que é alto, veste roupa quase iguais as minhas mas na cor cinza.

- Sim há o Sr. Com essa descrição.

- Um quarto por favor.

- Como é o nome?

- Killer Moor! A que horas é o desjejum?

A noite tinha coberto de escuridão a pequena cidade de Passo Doble, quando Killer Moor, desarmado entra no saloon. Aproxima-se do balcão e se encosta. Uma cantora solitária acompanhada de um piano, cantava uma canção triste, que contava as façanhas de um xerife que se apaixonara por uma dançarina, e quando ela o abandou, ele se entregou na bebida.

O Barman se aproxima do recém chegado e pergunta:

- O que vai ser?

- Cerveja.

Ele pegou o grande copo e foi sentar em uma mesa. O garçom se aproxima e pergunta:

- O que deseja para o jantar? Temos bistecas fritas, arroz e feijão.

- Tudo e mais uma cerveja.

Killer Moor, já estava comendo quando entrou no saloon, White Eyes, apenas empunhando uma winchester sobre o ombro, olha para todos no saloon. O silêncio foi completo. A cantora calou, o som do piano continuou como musica de fundo, parando quando o pianista vê White Eyes. Ninguém no ambiente tinha duvida quanto à autoridade do recém chegado, não pela insígnia de auxiliar do xerife, e sim, pelo que ele próprio representava. Killer Moor não esboçou nenhuma reação à entrada de White, continuou a comer e beber. White se aproxima da mesa onde Moor e diz:

- É novato por aqui?

- Sim! Respondeu o interpelado – cheguei a alguma horas, há algum mal nisso?

- Não, mas como se chama?

- Killer Moor, isso lhe diz alguma coisa?

- Não, eu apenas me interesso por homens procurados pela lei, e esse nome não consta na minha lista de procurados, além do mais está desarmado, portanto, seja bem-vindo a Passo Doble.

- A propósito eu apenas pernoitarei em Passo Doble, estou indo para Passo Raso, encontrar com uns amigos, os irmãos Funari. Eles tem um trabalho para mim.

- Foi bom saber onde estão os irmãos Funari.

No dia seguinte Killer Moor, deixa o hotel e ruma para Passo Raso

Logo cedo da manhã:

- Bom dia xerife! Estou de partida e deixando o cargo de auxiliar de xerife. Vou caçar os irmãos Funari na Passo Raso.

- Entendo sua posição, mas se ao terminar seu serviço quiser voltar o seu posto o estará esperando.

Ao cair da noite White Eyes, chega ao seu destino à procura dos irmãos Funari. Lá o esperava Killer Moor, o pistoleiro mais rápido do Arizona.

White Eyes, se dirige ao saloon, no meio da Rua Killer Moor, o esperava.

- Mundo pequeno este , não sabia que vinha para Passo Raso, senão poderíamos viajar juntos.

- Você disse que vinha encontra-se com os Irmãos Funari.

- Sim, eles tem um contrato para mim.

- Pode-se saber que contrato é esse?

- Eliminar você White Eyes.

- E como ira fazer isso?

- Enfrentando-o num duelo.

- Você acha que paga a pena morrer, por dois bandidos como os irmãos Funari?

- Sua cabeça vale 15.000 dólares, dos quais já recebi 7.500, como sinal do contrato.

- Não sabia que valia tanto assim. Se não eu mesmo me enfrentaria em um duelo. Mas quando pretende me enfrentar?

- Já é noite, não vale apenas nós nos enfrentarmos agora, quem sabe a manhã antes do meio dia.

- Para mim está bem, eu não estou querendo enfrentá-lo, isso não me trará qualquer vantagem econômica. Mas o considero uma barreia a ser afastada antes de matar os irmãos Funari.

- Aceita jantar comigo White?

- Por que não. Afinal o duelo será apenas um negócio. Não somos inimigos.

Eles adentram no saloon, tomam cervejas e jantam calmamente, para os habitues do lugar pareciam bons amigos. Todos os olhavam com respeito, pois suas famas os precediam no lugar.

No dia seguinte Killer Moor, após o desjejum, vai ao barbeiro da cidade para cortar a barba. White Eyes após sair do hotel foi a estrebaria para ver como estava o seu cavalo. E, em seguida rumou para a rua principal. Lá já o estava esperando Killer Moor.

White vai se aproximando lentamente, com os olhos fixos no adversário. Os dois começam a se aproximar um do outro, os transeuntes se aglomeram nas laterais da rua.

Killer Moor, pega com a mão esquerda, uma moeda que pendia no pescoço, presa a uma corrente. A medalha brilha sob a luz do sol.

White, sai para o lado esquerdo, ao mesmo tempo em que sacava e disparava a arma. Killer Moor, ao mesmo tempo, saca e atira. Moor leva a mão ao peito, o sangue verte entre seus dedos, e ele tomba ao solo. White recebe a bala de raspão no braço direito. Coloca a arma no coldre e se aproxima do seu oponente, que se achava estendido no solo. A medalha no peito de Killer Moor, brilhava sob os raios de sol. White se ajoelha junto ao corpo de Moor, pega a moeda e compara com a sua.

- São iguais, vira a moeda e lê Michael. Ele é meu irmão! Eu matei o meu próprio irmão. White abraça-se ao corpo de Moor, e duas lagrimas correm de seus olhos. Suas lembranças o levam ao momento em que seu avô paterno lhes dera as moedas, com os nomes que tinham quando eram meninos, que não correspondiam aos nomes que tinham atualmente. Sem duvida ele acabara de matar o seu próprio irmão.

A noticia do duelo correu rapidamente, e chegou aos ouvidos dos irmão Funari, levando-os a saírem de seu esconderijo, num celeiro ali perto, a procura de Killer Moor, que certamente teria levado vantagem no duelo.

White Eyes, os encontra na saída da cidade. Eles param os cavalos quando vêem White saindo para o meio da rua. Eles resolvem tocaiá-lo de longa distância com armas de longo alcance. Os irmãos se escondem um em cada esquina, um em cada lado da rua, e começam a atirar. White Eyes, se protege atraz de uma carroça, as trocas de tiros inquietam os cavalos, que forçam as amarras até elas soltarem e saem em disparada. White Eyes se agarra à parte posterior da carroça, e quando chega à esquina ele se solta e atira e acerta ambos os bandidos, que caem ao solo. Ele pega os corpos, coloca na carroça e os leva ao xerife para receber as recompensas.

Tudo findara, mas Michael estava morto e ele o tinha assassinado, Isso o perseguiria para o resto da vida.

Antes de retornar para a tribo dos Sioux ele procura Bob e lhe conta o sucedido.

Bob, lhe diz que necessitava de algumas informações que o levasse a pista de Michael, White Eyes lhe diz:

- O que me lembro é apenas de que meu irmão se chamava Michael Wayne, assim como eu me chamava Peter Wayne.

Bob pergunta:

- Sabe o nome de alguma família amiga dos seus pais?

- O casal Smit, Sr. Martins Smit e Bárbara Smit.

- Isso é o suficiente para iniciarmos a as buscas. Vamos começar pelo Arizona.

Três dias depois do fatídico, Faca Quebrada chega à aldeia dos Sioux, acabrunhado, com o coração despedaçado. Conta a Pena Branca o que acontecera, dizendo ao final.

- E assim terminei matando o meu próprio irmão, a quem buscava a tão longo tempo. Isso me destruiu, serei condenado a lembrar isso todos os dias da minha vida.

Pena Branca lhe diz:

- Foi uma obra do destino fazer que encontrasses teu irmão em tal circunstância. Posso te afirmar que ele próprio, o destino, fará com que tuas feridas cicatrizem. Mas aconselho-te a procurares o curandeiro de nossa tribo, ele te dará esperança e alento para a tua dor.

Alguns dias se passaram, Faca Quebrada, mal saia da tenda, e quando o fazia, saia cabisbaixo.

círculo ou tem forma de círculo. O Poder do Mundo trabalha sempre de forma circular e tudo tende a ter a perfeição do círculo. O céu é redondo e a terra também, bem como as estrelas. O vento rodopia e os pássaros constroem seus ninhos de forma circular; as leis deles são semelhantes às nossas. Até mesmos as estações seguem uma grande roda nas suas mudanças, voltando sempre ao ponto de partida. A vida do homem é um círculo: de uma infância à outra. E assim é em tudo onde o poder se movimenta.

No princípio de todas as coisas, Tirawa, o Criador, deu a sabedoria e conhecimento aos animais. Ele enviou certos animais para contar aos homens os mistérios das estrelas, do sol e da lua. Para Tirawa todas as coisas no mundo são duais. Em nossas mentes nós somos dois, bom e mal. Com nossos olhos nós vemos duas coisas, coisas que são bonitas e coisas que são feias. Nós temos a mão direita que golpeia e faz o mal, e nós temos a mão esquerda cheia de generosidade, e que sempre está mais próxima ao coração. Um pé pode nos conduzir pelo mau caminho, o outro pé pode nos conduzir ao bom. Assim são todas as coisas.

Tudo na terra tem um propósito, cada doença uma erva para curar , cada pessoa uma missão a cumprir. Esta é a concepção dos índios sobre a existência.

Você deve viver sua vida do início até o fim, pois ninguém mais pode fazer isto por você.

De Wakan Tanka, o Grande Mistério, vem todo o poder. Por causa de Wakan Tanka é que o homem sagrado tem sabedoria e poder para curar e fazer feitiços sagrados. O homem sabe que todas as plantas que curam são dadas por Wakan Tanka; por isso elas são sagradas. Assim também o búfalo é sagrado, porque é um presente de Wakan Tanka. O Grande Mistério deu aos homens todas as coisas para comer, vestir e o bem-estar. E ao homem ele deu o conhecimento de como usar essas dádivas, como encontrar as plantas sagradas que curam, como caçar e cercar o búfalo, como conhecer a sabedoria. Pois tudo provém de Wakan Tanka, tudo. Ao Homem Sagrado é dado na juventude o conhecimento de que ele será sagrado. O Grande Mistério o faz saber disso. Por vezes, são os Espíritos que lhes falam. Os Espíritos não aparecem apenas em sonhos, mas também quando o homem está desperto. Quando um Espírito chega, pareceria como se um homem estivesse lá, mas quando este "homem" acabou de falar e se põe a andar de novo, ninguém pode ver onde ele vai. Assim são os Espíritos. Com os Espíritos, o Homem Sagrado pode dialogar intimamente e lhe ensinar coisas sagradas. O Homem Sagrado vai para uma tenda solitária e jejua e ora. Ou vai para a solidão das montanhas. Quando retorna aos homens, ele lhes conta e ensina o que o Grande Mistério lhe mandou falar. Ele aconselha, cura e faz feitiços sagrados para proteger as pessoas de todo mal. Grande é o seu poder e muito ele é reverenciado; seu lugar na tenda é de honra.

A preparação para a cura requer um período especial de jejum, oração, renúncia, agradecimentos, sacrifício, exercícios devocionais. O propósito é resolver as dúvidas e fortalecer o espírito. A abstinência e o rigor físico limpam o corpo e a concentração mental purifica a mente, alinhando assim a matéria e o espírito. Desta forma a mente individual pode entrar em contato com o poder de cura do Grande Espírito.

Todos os homens e mulheres tem um futuro, mas poucos têm um destino.

Tudo na terra tem um propósito, cada doença uma erva para curar , cada pessoa uma missão a cumprir. “Esta é a concepção dos índios sobre a existência.”

“Digo-te estas coisas para que as saibas”. Quando te sentires triste e sem forças, escuta o Tambor do Sonho dentro de ti que é o teu próprio coração, ali dentro se faz sua verdadeira visão. Não temas o fim da viagem, é somente o princípio de algo que é novo, de uma verdadeira e grande aventura! Wakan Tanka está no todo e no fim não há morte, somente uma troca de mundo.

Há três motivos pelos quais não deves te culpar da morte de teu irmão de sangue. O primeiro é que não fostes tu quem o procurastes com o propósito de matá-lo. E, sim ele que o procurou para matá-lo. O segundo é que tu es Faca Quebrada, e quem matou o suposto irmão foi um homem branco, que foi treinado para ser um vingador, homem que não deve e não poderá entrar em nossa aldeia. O terceiro é que não sabes se quem foi morto era realmente o teu irmão.

Na terceira lua, nos devemos fazer uma peregrinação pelo vale dos mortos, lá onde repousam nossas antepassados. Sairás carregando um fardo muito pesado, e sem qualquer ajuda deverás levá-lo até lá, de uma só pegada, após levantá-lo do chã não mais poderás descansá-lo, a não ser no ponto de chegada. O vale das sombras. E, quando lá chegares, o enterraras profundamente. Nesse fardo estarão todo o teu remorso. Eu ao mesmo tempo estarei invocando os espíritos para que me revelem se tivestes alguma culpa na morte de teu irmão.

Faca Quebrada, pegou o fardo, o qual teria de levar com seu próprio esforço até o vale das sombras, que distava a mais de cinco mil metros da aldeia. O feiticeiro partiu no mesmo momento, porem cavalgando o seu velho cavalo.

O fardo além de pesado era incomodo de transportar, consistia em um saco, de couro cru, cheio de pedras irregulares e devia pesar cerca de cinqüenta quilos.

A peregrinação, impôs-lhe um desgaste físico sem igual, além de lesões nos pés, nas mãos e nos ombros. Seus pés descalços, continham bolhas e feridas que sangravam. Suas mão, inchadas de sustentarem o enorme peso, que com a distância parecia ter sido duplicado.

Quando ele chegou ao destino, lá já o esperava o velho curandeiro, sentado dentro de sua tenda, que acabara de montar, um altar fora improvisado, contendo uma ossada de cabeça de bisão, rolos de fumos, tiras de couros de búfalos e ele começava a fumar o cachimbo sagrado.

Faca Quebrada chegou perto do velho feiticeiro, que parou quando ele chegou, examinou-o, primeiro suas mãos dilaceradas, logo a seguir os pés, e finalmente os ombros. E lhe disse, sua tarefa foi cumprida a contento. Os espíritos estavam olhando por ti todo o tempo.

Agora, cava um poço profundo e lança nele a tua carga e cobre tudo com terra. E, após vem encontrar-me na tenda.

Passado uma hora, Faca Quebrada, adentra na tenda, a atmosfera estava cerrada de fumaça, que mal se podia respirar.

O velho feiticeiro da tribo dos Sioux, lá estava imerso em uma grande nuvem de fumaça produzida pelo cachimbo sagrado. Faca Quebrada, sentou-se a frente do curandeiro, cruzou as pernas. O Sábio índio, lhe ofereceu e cachimbo, ele pegou e puxou uma baforada e largou a fumaça no espaço. A fumaça formou um circulo e subiu para o alto da tenda. O velho pega o cachimbo da mão de Faca Quebrada, puxa uma baforada. A fumaça forma um circulo que contorna ambos e se dissipa quando deles se afastava. Nisso ele falou:

- Os espíritos me revelaram que tu não mataste o teu irmão de sangue, mas que o teu irmão está morto. Vai e não leva mais contigo a culpa de algo que não fizeste. Teu sacrifício e penitencias, abriram a comunicação com os espíritos que me fizeram esta revelação.

Faca Quebrada sugou mais uma vez o cachimbo sagrado, referenciou e se afastou. Deixando o curandeiro fazendo preces aos espíritos.

Ao sair da tenda sentia-se muito bem, apesar das feridas e o cansaço do corpo, seu espírito estava leve e sem culpa.

EPILAGO

MICHAEL

Após o ataque dos índios renegados, A caravana, enterrou os mortos em um culto rápido realizado por um dos retirantes, procuraram o irmão de Michael incessantemente, e como, não o encontraram a caravana continuou a sua marcha. Michael, amparado por uma senhora e consolado.

A caravana chega a Sioux City, alguns ali buscaram residir, outros continuaram a jornada. A família que amparara Michael, composta do patriarca, sua esposa e três filhos rumaram para o Arizona, onde adquiriram um sítio e fixaram residência. Michael com dezoito anos, deixou os seus pais adotivos e rumou para o interior do Arizona a procura de trabalho. Exerceu as atividades de vaqueiro de uma grande fazenda por dois anos. Onde aprendeu a manejar armas de fogo. Logo conheceu a filha do delegado Nike Landau. Quando casou com a filha do delegado, assumiu o posto de auxiliar do xerife. Dois anos depois o delegado morreu de morte natural e Michael o substituiu. Assim ele se tornou o delegado Michael, temido pelos bandidos do Arizona.

Certo dia entrou na cidade um pistoleiro chamado Killer Moor, para encontrar-se com os Irmãos Funari, que iriam assaltar o banco.

- Killer! Queremos que você impeça o xerife de nos perseguir após o assalto. Para esse trabalho lhe daremos uma terceira parte do produto.

- Sim, mas eu não mato xerifes, senão serei perseguido pela lei.

- Não queremos que o enfrentes em um duelo, poderás matá-lo como bem entenderes.

O assalto foi realizado, os bandidos se evadiram e rumaram para as montanhas.

O xerife Michael, organizou uma patrulha de auxiliares em número de cinco homens. Os irmãos Funari lavavam uma vantagem de três horas, que foi o tempo que o xerife levou para organizar a patrulha. Os rastros deixados diziam que os dois fugitivos haviam rumado para as montanhas. O guia índio que fazia arte da patrulha, examinando os rastros deixados, chegou a conclusão de que eles, para obterem água, teriam de atravessa a cadeia de montanhas, e procurarem um poço de água que havia no deserto.

Killer Moor, os encontrou nas montanhas e disse que dali a patrulha não passaria, que ele iria tocaiá-los do alto de uma montanha.

A tocaia foi realizada a bala entrou no ombro de Michael e ele tombou do cavalo. Outra bala atingiu o rastreador índio na cabeça e ele teve morte quase que instantânea. Os outros três componentes da patrulha, desceram de seus cavalos e se protegeram entre as pedras e começaram a revidar os tiros. Passado mais de uma hora, de tiros restava o tocaiador e um tocaiado, Nesse interregno de tempo, Michael sem qualquer atendimento, perde sangue e entra em óbito. E finalmente o ultimo tocaiado tomba atingido por uma bala de Killer Moor. Que desce do alto da montanha onde estava tocaiando e faz o saque dos valores que tinham todos os corpos dos mortos.

Ao ver a medalha pendente no pescoço de Michael, ele a pega e passa a usá-la. Os corpos ficam expostos ao alcance dos abutres que já voavam ao longe pressentindo que teriam comida em abundância por alguns dias.

Um não depois:

Bob, chega ao acampamento dos índios Sioux.

Como de costume os curumins o cercam e o conduzem à tenda do chefe Pena Branca. Após os cumprimentos costumeiros, ele se dirige a tenda de Faca Quebrada, que nesse momento se encontrava contando estórias para Flor da Madrugada, já com cinco anos.

- Assim, o príncipe Paris com uma flecha acertou o calcanhar de Aquiles, único ponto em que ele não era vulnerável.

- Dá licença? Disse Bob, abrindo parte da pele que servia de porta para a tenda.

- Entre Sr. Bob. Quanto tempo não o vejo!

Eles se abraçam, logo a seguir Bob, pega Flora da Madrugada no colo.

- Sete Sr. Bob.

Bob senta no piso com as pernas cruzadas defronte Faca Quebrada, que também sentou na mesma posição.

- Sr. Bob, eu sei que não matei o meu irmão, mas que ele está morto.

- Como sabe disso? Se eu ainda nada disse?

- Os espíritos me disseram. Então Sr. Bob, o que descobriu sobre o meu irmão.

- Apenas descobri que ele, era xerife em uma cidade do Arizona e que após um assalto ao banco da cidade, ele organizou uma patrulha composto de cinco homens.

Os esqueletos foram encontrados cinco dias depois. O corpo de seu irmão foi reconhecido pela insígnia de xerife, mas não foi encontrada a medalha que você falou. Possivelmente quem o matou levou consigo a medalha.

- Isso quer dizer que no final eu matei Killer Moor, o assassino de meu irmão.

- Sim isso é muito provável, como não houve sobreviventes para contar como ocorreu a tocaia, não podemos ter certeza disso.

- Eu já estava aliviado da culpa que eu próprio me tinha imposto, quando o curandeiro da minha tribo fez um trabalho com os espíritos. Mas agora eu tenho certeza de que não matei meu irmão.

- Mas mudando de assunto. Também me traz aqui o fato de que o governo tem outra missão para você. Isto é Para White Eyes.

Trata-se de um bando que se organizou na fronteira com o México, O grupo é composto de 8 homens, todos Americanos. Eles costumam, a praticar assaltos e assassinatos e fogem para o México. Lá a polícia Norte Americana, não pode atuar. Sua missão caso queira aceitar, será de infiltrar-se no meio deles para antecipar as suas ações, e levá-los a prisão.

Será que White Eyes, vai topar essa parada? Conseguirá ele infiltrar-se no bando?

A sim! Essa é outra estória. Ate Breve.

rocado
Enviado por rocado em 30/10/2018
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