Mar Noturno - Parte IV - Descobertas em Um Novo Mundo

Naquele momento, só havia uma coisa a fazer para resolvermos essa situação crítica. Ir ao porto mais próximo e perguntar a algum marinheiro onde estamos.

O debate foi acalorado. Vareen foi contra a ideia de descer do barco lembrando-se das palavras do barqueiro, mas Caleb disse furiosamente que tudo isso perdeu o sentido pelo fato de deixarmos o Mar Noturno.

Ficou decidido então que William, Caleb e eu sairíamos em busca de informações enquanto Vareen e Nikolai ficariam no barco até terem seus poderes de volta.

O baroviano, no entanto, bateu o pé e quis ir conosco de qualquer jeito argumentando que agora poderia agir a vontade como um humano comum.

Achei pertinente a ideia de Nikolai. Embora ele não tenha mais o poder do olho vermelho, a força dele não poderia ser ignorada sendo bastante útil para ajudar-nos a enfrentar o desconhecido.

Ordenou a seu cão Strahd que ficasse com Vareen e imediatamente nos fomos ao porto mais próximo.

O tempo estava cinzento e uma chuva fina começava a fustigar nossos corpos assim que pisamos em terra firme e logo notei que um homem de uniforme laranja e um chapéu esquisito estava nos observando.

Ele parecia ser o capitão de um dos barcos que estavam ancorados no cais e logo notou meu sotaque dementliano dizendo que eu era um francês vindo de uma cidade chamada Paris ou de outra chamada Montpellier.

Apesar de dizer que vim de Dementlieu, ele quase riu de mim e quis perguntar-me de que parte desse domínio chamado França eu pertencia e se era partidário de um certo duque chamado Francisco de Anjou.

De nada adiantou dizer que eu era “partidário” do lorde Dominic d´Honaire. Achou que eu e meus companheiros éramos um bando de malucos.

Ainda assim, se identificou como Pieter Van Diessen e era originário de um domínio chamado Holanda onde era o local que desembarcamos. Falou que esse domínio que ele o chama de país fazia parte de um grande núcleo chamado de Velho Continente ou Europa.

O ano que estávamos era 1560, época em que o lorde deste local é um certo Guilherme d´Orange que lutava pela independência de seu domínio contra outros domínios como França e Espanha.

Pieter ficou ainda mais espantado com meus companheiros. Achou que William era de um domínio chamado Inglaterra, considerado o mais poderoso de todos, que Caleb era de um império distante chamado Império Otomano e que Nikolai vinha de um império chamado Rússia com leves traços de um romeno da província chamada Transilvânia, considerado por Pieter a terra dos vampiros.

Se bem que o baroviano talvez se sentisse em casa como um conde vampiro de provável mestre lembrando-se de seu velho “amigo” Strahd Von Zarovich.

Assim que entramos no que os locais chamam de taberna, ouvimos relatos confirmando exatamente o que Pieter nos disse a respeito dos vampiros dessa Transilvânia e alguns comensais assustaram-se com o tamanho de Nikolai fugindo e gritando que ele era um vampiro.

E os pobres coitados nem desconfiavam de que estavam certos.

Caleb comprou mapas para nós e em uma estante rústica, vi algo que chamou minha atenção.

Era um antigo livro escrito por um árabe chamado Rashid Al-Zarkawi onde contava as aventuras de um grupo de heróis que tornaram-se lendas de um tempo distante.

Mostrei o livro a Caleb e a William e o paladino sorriu quando leu a respeito do lendário guerreiro Albert Walker e me disse que um dia seria um grande guerreiro como ele.

E até William se emocionou quando leu a respeito de Baltazar.

No entanto, voltamos rapidamente a nossa realidade quando William abriu um dos mapas na mesa para tristemente descobrir o óbvio.

Estávamos na Europa.

E tínhamos de voltar ao Mar Noturno o mais rápido possível.

Só havia uma maneira de resolver esse problema.

Atravessando novamente as brumas.

* * *

Assim que voltamos ao barco, não sem antes quase levar Nikolai de arrasto pelo fato dele estar cortejando uma das empregadas da taberna, este voltou a zarpar e pouco tempo depois ouvimos gritos assustadores dos tripulantes que corriam de um lado para o outro feito baratas tontas.

Perguntamos a Vareen o que aconteceu e ele nos disse que Basil o levou a frente do barco e apontou para os implacáveis icebergs que estavam a nossa frente.

E para nosso azar, o barco estava prestes a se chocar com um deles.

O pessoal estava com medo.

E eu mais ainda.

Perdi o controle e gritei desesperadamente feito uma donzela em perigo.

Porque iriamos morrer.

* * *

Estava tão fora de mim que por pouco não me joguei no mar.

Vareen conseguiu agarrar-me pelos pés e depois fomos jogados ao convés graças a uma onda criada por Janice.

Sobrevivemos a um iceberg, mas minha reputação de pistoleiro sangue-frio foi literalmente por água abaixo.

Ao menos, descobrimos o segredo de Janice.

Ela era uma filha do mar.

* * *

A moral da tripulação havia baixado após esse incidente, mas tivemos boas notícias.

O barco tinha atravessado as brumas e voltado ao Mar Noturno com meus companheiros tendo seus poderes de volta.

Vareen não hesitou em usá-los e descobriu que o tempo melhoraria logo enquanto William examinava o mapa daquele núcleo estranho chamado Europa na gávea.

Já eu fiquei sozinho no lado oposto do barco ainda envergonhado com o comportamento infantil que tive no incidente do iceberg.

Percebi que só pioraria minha situação se ficasse ali e fui procurar Caleb e Nikolai para uma conversa amigável quando ouvi estranhos sussurros vindos do fundo do mar.

Seria um dos monstros marinhos citados nas lendas do Mar Noturno?

Logo teríamos a resposta para essa pergunta.

E certamente não seria nada agradável.

* * *

Uma semana se passou desde que embarcamos nessa viagem ao Mar Noturno e não conseguimos nada de produtivo até agora a não ser aquela visita ao núcleo chamado Europa e eu estava ansioso em pisar novamente em terra firme.

De repente, vi um membro da tripulação passar por mim e se jogar no mar como se estivesse hipnotizado.

Ouvi uma risada feminina e a frase: “jogue-se na água”!!

Sorte nossa que éramos imunes a essas canções graças ás poções do bom doutor Max.

E Nikolai havia expulsado aqueles, ou melhor, aquelas que se atreveram a invadir o barco.

O baroviano explicou-me depois que eram as temidas ninfas do mar, cujas canções podem levar a pessoa a morte por afogamento.

Graças aos seus esforços, a moral da tripulação se elevou e o resto do dia foi bem agradável.

A noite, tivemos um jantar suculento para os padrões do barco. Uma massa com salsicha daquelas de dar água na boca.

Enquanto jantávamos, Caleb ouviu passos estranhos vindos do corredor e um grito terrível de dor.

E ele então viu o espirito de uma mulher gritando pelos filhos.

Nikolai também percebeu isso e resolveu ajudar o paladino na busca.

William, no entanto, nada sentiu, mas ainda assim resolveu ir atrás dos dois por desencargo de consciência.

Vareen e eu ficamos de guarda no barco jogando dados de osso que William havia encontrado pra driblarmos o tedio mortal de só ver água e nada mais.

Foi então que ouvimos um grito e um baque seco como se alguém fosse jogado contra a parede.

Era Caleb.

Tinha visto o espírito da mulher de novo.

E tomado um forte golpe dela.

* * *

Caleb e Nikolai nos avisaram sobre a presença do espírito da mulher no barco e rapidamente nos separamos para vasculha-lo em busca dela que acabou sendo infrutífera.

Depois que Caleb fez seu relato minucioso, William nos chamou a um canto do convés e falou que se existe espíritos no barco, é porque houve um incidente não resolvido no passado.

Uma coisa era certa.

Garvin tinha algo a ver com isso.

Esse mistério estava mais intrincado do que nunca.

Era hora de resolver todas essas questões.

Antes que o Mar Noturno resolva por nós.

MarioGayer
Enviado por MarioGayer em 11/06/2019
Código do texto: T6670506
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