MESA DE DAR

Certa vez entrei em um bar, e como não bebo bebidas alcoólicas pedi um suco, o balconista disse que ali não se servia esse tipo de bebidas, e se eu gostaria de beber outra coisa. Então lhe pedi que me trouxesse um refrigerante.

Eu não tinha o que fazer em casa, a não ser assistir televisão, na verdade eu já estava cansado daquela rotina.

Por isso resolvi ficar por ali bem mais tempo do que pretendia.

Quando cheguei o lugar estava vazio. Aos poucos foi chegando gente.

Observando os clientes, pude ver que se tratava de um bar familiar.

Vez ou outra entrava e saía um sujeito diferente. E por sua aparência ou vestimenta deixava os demais assustados.

Como falei, eu nada tinha o que fazer ao sair dali, então resolvi pedir outra bebida. E fiquei prestando atenção em todos e ouvindo o que falavam. Para mim aquela foi uma experiência nova, a de tentar entender o comportamento de pessoas que não eram amigos meus e que nada tinham a ver com o meu dia a dia.

Logo fiz amizade com o dono do estabelecimento e ficamos trocando ideias.

De repente mais pessoas foram chegando. Porém dois desses clientes me chamou a atenção, um deles estava em um canto mais ao fundo. Ele bebia sozinho. Ao pé da mesa já se acumulavam várias garrafas de cerveja. Se tratava de um sujeito forte e mal encarado. Poucos tinham coragem de olhar em sua direção.

O outro era de estatura mediana, e também havia consumido uma boa quantidade de cerveja, e entre uma gargalhada e outra, pedia ao garçom que lhe trouxesse outros tipos bebidas para ele e seus amigos. Não sei porque. Mas foram esses dois que me despertou o interesse de ficar por ali, sem mencionar o fato de estar desocupado naquela noite.

O relógio marcava mais ou menos vinte duas horas quando três sujeitos entrou no bar e anunciou um assalto. Em seguida um dos rapazes a quem eu passei um tempo observando se levanta e se junta aos assaltantes.

E para minha surpresa o que se levantou foi justamente o rapaz alegre e brincalhão. Logo percebemos que tudo foi pensado e armado por ele.

Se tivéssemos que imaginar quem seria o cúmplice dos meliantes iríamos pensar que seria o cara mal encarado. Esse seria o pensamento mais plausível, isso porque a mente humana funciona assim. Temos o costume de julgar o outro por sua aparência.

O assalto durou pouco tempo, logo os assaltantes foram embora. Mais antes de sair, um deles não sei porque, resolve fazer um disparo e corre em direção a rua.

Após ter ouvido o estampido...ouvi também gritos de alguém pedindo para que chamassem uma ambulância. Logo percebi que o tiro não tinha um alvo especifico, a não ser para assustar e impedir que alguém os seguissem, e para facilitar a fuga deles. Porém alguém foi atingido. E foi justamente um dos rapazes a quem eu também observava.

Mais tarde, pude entender que, o bandido atirou em direção à uma moça que estava com uma criança no seu colo e que o rapaz percebendo que ela poderia se ferir, e também a criança, ele se coloca na mira do revolver do bandido, e assim perde sua vida.

Moral da história.

As vezes julgamos as pessoas por sua aparência. Confesso que até mesmo eu fiz mal julgamento do rapaz mal encarado. No entanto, ele não merecia isso de mim, e também dos demais que o olhava com olhar de descriminação. Pois ele praticamente pois em jogo sua própria vida em troca de outras como fez ao ficar na mira daquele revolver.

Enquanto que aquele de que ninguém desconfiou, tinha batendo em seu peito um coração sem amor.

Igor Rodrigues Santos

Poeta Igor Rodrigues Santos
Enviado por Poeta Igor Rodrigues Santos em 02/11/2021
Reeditado em 02/11/2021
Código do texto: T7376908
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