A Raposa Arco-Íris

Era uma vez, em um lugar além das Florestas de uma ilha desconhecida, um vilarejo chamado Paranques. O lugar, relativamente pequeno, uma população pouco mais de 300 mil pessoas, era cheia de casinhas de madeira bem rígidas, o estilo japonês. Além disso, as pessoas viviam felizes, mesmo em dias como hoje, um calor insuportável, mas nada abalará a alegria contagiante do povo de Paranques. Por mais quente que fosse o dia, a vila sempre terá seu ar fresco vinda da floresta, o qual deixava o pequeno vilarejo em seu centro. O calor não é raro por aqui, tendo em vista o ambiente onde é localizado Paranques, mas fazia mais do que o normal. Porém, o clima é uma abstração sem precedentes, sempre fará frio em lugares quente e viceversa. E, claro, o clima mais abstrato, sem dúvida, é o tropical, característica da vila.

Aqui vive Joel e sua mãe, logo no início do vilarejo, o que vem a calhar pela acessibilidade de lugares costumeiros às compras. Joel perderá o pai ainda muito cedo, lembrava vagamente de seu pai, seria capaz apenas de projetar breves silhuetas; mas o belo rapazinho teve sua mãe sempre forte e alegre, suprindo a presença paterna. A casa o qual ambos viviam não possuía nada de magnífico, mas sempre fora aconchegante e sua opulência estava na simplicidade de cada objeto ali exposto. Como era um hábito, quase um ritual de Paranques, a casa também foi erguida por madeiras rígidas, que eram bem difíceis de serem derrubadas, mas não havia necessidade de construir algo mais sofisticado, a ilha como um todo não possuía catástrofes naturais e o seu povo sempre será Pacífico. E nesse lugar, tão pequeno à visão de Deus, quase um ponto invisível, era os motivos das alegrias de Joel, por onde ele sempre perambulava em buscas de aventuras imaginárias, como qualquer criança.

Em uma tarde, com poucas nuvens no céu, os quais ora ou outra criavam sombras colossais, a mãe de Joel sentia a falta de algumas coisas domésticas – nada anormal em casas preenchidas. Então ela chama seu filho, o mesmo surge com muita velocidade – pois possuía um enorme carinho pela mãe—, ele poderia imaginar sobre o que se tratava. Sua mãe, afagando os cabelos do filho, pede para que o mesmo vá comprar algumas coisas para prepararem o almoço, Joel limitou-se a balançar a cabeça em sentido de concordância. Logo sua mãe lhe mostra a lista:

6 ovos;

Cenouras;

Batatas;

Repolho;

4 peixes;

Macarrão e

Tomates.

O Jovenzinho pega o papel com as tarefas, despedi-se da mãe, e ruma às compras.

Joel possui uma imaginação fértil, algo admirável nas crianças, ele é capaz de fazer uma simples ida ao mercado em uma grande aventura digna das obras dos contos de fadas.

Nosso aventureiro segue caminhando — as poucas nuvens no céu estavam quase extintas, deixando as rajadas de Sol penetrar na pele macia e frágil do pequeno rapaz. Seus cabelos em formato cogumelo, um corte bem comum na vila, balançava contra o vento refrescante; seus olhos azuis rivalizavam com o céu, o qual agora não possuía mais nuvens para velá-lo. Distribuía seus “boa tarde” a todos que encontrava por seu caminho, era retribuído rapidamente. Ao olhar à esquerda, onde havia a floresta mais densa, acaba por ser seduzido, algo estranho estava perto de uma árvore da floresta, algumas coisa viva! Seria um animal? Ele não sabe. O que sabia, com certeza, é que estava observando um arco-íris ambulante. Aquela coisa se movia descontraída, até perceber a aproximação de nosso aventureiro e dispara floresta adentro. Joel acaba seguindo aquilo, possivelmente um animal.

Correrá e correrá cada vez mais, mas perderá aquela coisinha linda de vista. Poxa! Contudo, avistará um homem de rosto rabugento, queixo entre os peitos, como que se quisesse esconder-se do frio, só que não fazia frio. Ele estava trotando em cima de um burro, outro que não parecia muito alegre com aquela viagem. O homem resmungava – Burro lento! Não é capaz de me levar ao próximo vilarejo. Vamos mais depressa!— exclamava o homem com indignação. Nesse momento, cansado das ofensas, o pobre animal arremessa o homem para longe. Joel rir de toda aquela situação. O burro percebe a presença do jovem rapaz e fica envergonhado, então Joel se aproxima e faz um carinho no animal. O homem revoltado se levanta, sussurrando alguns nomes feios, proibidos de serem pronunciados por crianças, ao menos deveria. Ele olha para Joel e pergunta:

-- Ei! Está perdido, garotinho? Como se chama?

--Sou o Joel. Acho que estou perdido, acabei adentrando mais do que devia à floresta atrás do

animal estranho.

-- Animal? Mas, que animal?

--O que parecia um arco-íris ambulante. Tive ate a sensação dele pronunciar algumas palavras.

-- Um animal falante como uma coloração sofisticada... hum...

O homem, que muito mal educado não retribui o nome a Joel, encontra-se em devaneios por

alguns segundos, depois parece ter concluído algo:

-- A Raposa arco-íris! Só há uma dela nesse mundo. Dizem que ela aparece onde quiser e se

hospeda por alguns anos. Pode valer uma fortuna!

Depois dessa breve conversa, o homem se apresenta como Ricardo, um bardo falido. Ele pede ajuda de Joel para acharem a raposa, pois poderiam levá-la para um lugar confortante. O burro, ali próximo, solta um som abafado, estava irritado com homem, pois sabia que este jamais pensará em ajudar um animal, mas, naquele momento, no dinheiro. Então ambos se separam, a aventura era encontrar a raposa arco-íris.

Depois de algumas buscas e caminhadas, Joel encontrara o animal! Muito veloz, o animal se enfia dentro de um buraco. Coincidentemente, o buraco cabia o corpo franzino de Joel que passa por ele sem muito esforço. Logo ele dá de cara com uma caverna subterrânea, o lugar estava bastante iluminado, mas Joel não via de onde virá àqueles feixes de luz. Então ele olha á sua direita e percebe algumas coisas se movimentando, eram pequenas e soltavam toda aquela luz, a qual banhava a caverna majestosamente. Aquilo eram filhotes. Seriam da raposa? Joel fica encantado.

Em seguida a Raposa, a qual levara Joel floresta adentro, surge entre os filhotes. Eles trocam

olhares por alguns segundos. A raposa fita Joel com os olhos vermelhos — incomuns para sua

espécie, mas estamos falando de uma Raposa Arco-Íris— e, depois, diz:

--- O atraí até esse minúsculo buraco, pois acredito que seja puro de coração e jamais nos faria mal algum. Porém, aquele homem, o qual trotava em seu burro e teve uma breve conversa contigo, pensa na opulência que terá através da recompensa pela minha captura.

Joel não entende muito a situação, mas pôde captar algumas coisas, como, por exemplo, a ideia ruim de entregar a raposa ao homem, Ricardo. O jovem garotinho fica mais encantado por estar ouvindo um animal, o qual ouvirá antes, mas achasse que fosse coisa de sua cabeça.

--- UAU! Então você realmente fala! Mas não sei como ajudar você do homem mau...

Lá fora era possível ouvir os pássaros cantando, como que avisassem aos demais colegas sobre a previsão do tempo ou, quem sabe, algum caçador na espreita, esperando uma brecha para devorá-los; talvez estivessem apenas cantarolando o que já era rotineiro. Ao mesmo tempo,que se ouviam os suspiros da Floresta, a Raposa prosseguia:

--- Minha esposa fora levada por homens gananciosos e morta, não pretendo ser capturado por essa ganância desenfreada dos homens. Não posso sair desse buraco, pois meus filhotes ainda estão pequenos para se transportarem pelo arco-íris. E...

Nesse momento, nossos personagens, escutam um barulho lá fora, uma crepitação de gravetos. Havia alguém ali acima. Logo ouviram uma voz:

--- Sei que está ai, Raposinha! Sei também que pode me entender. Saia!

--- Ele está lá fora! E ele não quer me ajudar, como bem disse antes para você. Digo isso, pois ouvi, escondido entre as arvores, a conversa. Posso sentir quando os humanos mentem, e esse homem quer apenas a recompensa. – Nesse ínterim, o homem começa a dá várias pesadas em cima do buraco onde Joel, a Raposa e os filhotes estavam. Ricardo ameaçava enterrá-los ali mesmo. Logo Joel sai do buraco, então o homem diz:

--- Ora. O garotinho achou o esconderijo da raposinha antes de mim, perfeito! Agora entre lá e traga para mim aquela raposa, assim a levaremos para um lugar me...

--- Não! Você é mau e quer o dinheiro que lhe darão por ela!

O homem fica atônito com a exclamação do jovem Joel, mas não se intimida e reprimi o garoto:

--- Se não pegar por bem, irá pegar por mal, ou terei que machucá-lo...

Nesse momento a raposa aparece, pedindo clemência pela vida de Joel e para que não o machucasse, ela também temia por seus filhotes, preferiria entregar a sua vida.

O nosso avarento Ricardo, todo cheio de ambição, parte para cima da raposa, seus olhos, de forma abrupta, se tornam sombrios e distantes, pareciam enxergar algo por detrás de toda aquela situação — talvez sua possível riqueza. No entanto, Ricardo fica cego, verá um nevoeiro e uma dor absurda o deixou surdo por alguns segundos, além, claro, de arremessá-lo para bem longe. Era o burro que aparecera no momento ideal e deu um coice no homem.

Por um breve momento tudo pareceu ter acabado, mas o homem não se abalou com o coice. Ao se levantar, e concomitantemente, as nuvens no céu, repentinamente, enfurecem-se e mostram seu lado sombrio e hediondo, era uma tempestade que estava por vir. O vento forte surgiu, cortando as peles de nossos personagens. Os raios e relâmpagos deixavam Ricardo mais assustador, o qual, em um salto repentino, retira seu facão da cintura, e apunhala o burro que cai no mesmo instante. Agora, perdendo, por um breve momento, o desejo pelo dinheiro, e sentindo apenas ódio, parte para cima da raposa e Joel. Seus olhos eram de um assassino pronto para matar.

Logo a raposa, prevendo o pouco tempo, diz para Joel:

--- O único jeito de determos o homem é você me matando... É nossa única solução.

Essas palavras soaram impossíveis para Joel, não poderia matar a raposa. Será que era suicídio pela situação sem saída Mas a Raposa diz brevemente:

--- A morte pelas mãos de pessoas de coração puro, transformam as raposas arco-íris naquilo que é mais necessário na situação vigente.

Joel não entendeu muito bem aquela chuva de informações em um momento como aquele, só via perigo e medo em sua mente. Mas com muita resistência, e pelo pouco tempo, enfia um galho afiado e grosso no peito da raposa, que magicamente, em um brilho muito forte, vira uma espada demasiadamente brilhante, reluzia inúmeras cores e parecia possuir vida. A espada vira no ar e fica horizontalmente apontada para Ricardo, ainda flutuando no ar, desse modo dispara e atravessa o peito do nosso vilão, pondo fim naquele momento de angústia.

De repente a espada brilha novamente e surge uma raposa filhote. Joel conseguiu entender, a Raposa virará filhote, como uma fênix que renasce das cinzas, a Raposa renasceu... bom, ela estava ali, era o que importava. A chuva dá a sua trégua dando espaço para o céu já avermelhado pelo sol poente, Joel notará que passará o dia todo na floresta. Um arco-íris surge com uma forma mais densa e forte, mas aos poucos desaparecia junto com o sol. O Burro parecia bem, precisava de alguns tratamentos, os quais foram feitos na vila, onde Joel contou sua aventura e todos passaram a respeitar as raposas Arco-Íris. Logo a Raposa que salvará a vida de Joel e dos filhotes cresceu, assim como Joel. Os dois se tornaram grandes amigos e a Raposa mostrou um pote de ouro a Joel, no fim do arco-íris. O jovem aventureiro trouxe grande riqueza à vila e foi proclamado uma espécie de rei dali, por ter trazido tantas riquezas.

Todos viveram felizes!